Autor: João Guarani
João Guarani: vozes e guitarras
Max Albers: baixolão
Manéco Rocha: bateria e bongô
Jorge Cidade: sax tenor
Maria Albers: vozes
Arranjos de base: Alambique do Som
Arranjos saxofones: Jorge Cidade
Produção musical: João Guarani, Jottagá Gomes e Jorge Cidade
Engenheiro de som: Jottagá Gomes

O Verdadeiro Poder - Alambique Do Som e Jorge Cidade

Cotonete é um instrumental que começa num blues psicodélico com slide guitar e desemboca numa jam progressiva com direito à citação da clássica Killing Floor, numa singela homenagem ao bluesman Howlin’ Wolf (1910-1976). O autor da faixa é Max Albers. Ficha técnica: João Guarani (guitarra), Max Albers (baixolão) e Manéco Rocha (bateria). Engenheiro de som: Jottagá Gomes. Estúdio: Fróide Explica. 

Cotonete

Alambique do Som: fusão que transborda
O projeto Alambique do Som faz música autoral sem rótulo. É um quarteto com guitarra, baixo, piano elétrico/órgão e bateria, além de vozes. Seu trabalho passeia por muitas paisagens sonoras, principalmente as criadas pelos negros: blues, psicodelia, samba, reggae, rock, instrumental, balada. As letras tratam de temas como os elementos da natureza – rock evoca o fogo, samba, a água –, o amar pensado de forma metafísica, o lado sombra do ser humano, seus momentos difíceis. Em síntese, os opostos, a dualidade da vida, se encontram no trabalho do Alambique. 
Integrantes
João Guarani (voz, guitarra, violão)
Max Albers (baixolão, voz)
Manéco Rocha (bateria, voz)
Erik Leyen (piano elétrico/órgão)
Participações 
Jorge Cidade (sax tenor)
Maria Albers (performance de dança)
Vinícius Piumato (flauta transversa)
“O verdadeiro poder é o poder de amar”, diz o reggae O Verdadeiro Poder. Participa da faixa Jorge Cidade, da banda Produto Nacional, que ainda coloca seu sax tenor em Blues do Inferno. Já no samba que dá nome ao EP, Eu sou essa água, é criado um clima psicodélico com os sons do didjeridu – instrumento de sopro dos aborígines australianos –, do pau de chuva, da guitarra com efeitos e da caixa do divino maranhense. Mas o mais importante está na mensagem, sobre esse bem maior do nosso planeta que é a água. Na canção, a água se manifesta com voz própria, levando o ouvinte à catarse: “Você é feito de mim, eu sou você, você sou eu”. Dessa forma, inclusive um apelo para a despoluição do Guaíba se faz presente. Nos shows, a bailarina Maria Albers (Açorianos 2011) realiza performance nessa música deixando o corpo liquefazer-se em movimento. 
Outro que marca presença no EP é o rock’n’roll “puro sangue” Canção das Chamas, cuja letra é, na íntegra, o poema de Mario Quintana “Inscrição para uma Lareira”. Essa faixa traz um lado pouco lembrado do poeta que, na visão do Alambique, trazia em sua poesia uma energia que se relaciona com a emergência da cena roqueira gaúcha. Já de cara a canção exalta: “A vida é um incêndio”.      
O EP tem cinco faixas. Cotonete fecha o trabalho, um instrumental que começa num blues psicodélico com slide guitar e desemboca numa jam progressiva com direito à citação da clássica Killing Floor, numa singela homenagem ao bluesman Howlin’ Wolf (1910-1976).   
Mas o trabalho do Alambique do Som não se resume às músicas do EP. Nos shows, a mente do público é transportada à Chapada dos Veadeiros, num reggae de pura alegria e contato com as cachoeiras e o lobo Guará, Chapada de Jorge. A incrível variação de maré de São Luís do Maranhão – a segunda maior do mundo – é o mote da balada funkeada Essa Maré. A canção relaciona poeticamente o fato da maré descer e subir oito metros duas vezes ao dia com a variação do estado de espírito; o coração murcho e “encalhado” – como o barco na maré vazia – e a fluidez das energias, o entusiasmo, o içar as velas quando a maré está subindo. O clímax acontece no transbordamento, quando se antecipa a sensação do tão esperado encontro com a (o) amada (o). 
Já o texas blues Escuridão surgiu de uma letra escrita por Manéco Rocha em 1985. Em 2010 ele arriscou emprestar o original – um rabisco numa folha de caderno, único registro – para João Guarani, que veio colocar a melodia somente em 2013. O toque final – o ritmo e o andamento – o autor da letra que acabou definindo. “Minha paciência se esvai pelo ralo da pia”, desabafa a música logo de início. Outro aspecto que vale ser lembrado é o solo desse blues, feito numa escala de influência flamenco-oriental. 
No final dos shows o Alambique do Som costuma tocar duas versões próprias de canções de Raul Seixas, Canceriano Sem Lar e Sociedade Alternativa. 