“Tem uma diferença entre o investimento de interesse e o investimento libidinal do desejo. [...] Do ponto de vista do interesse, eu posso dizer que eu fui enganado. 'Pô, me enganaram, eu achava que iria ser melhor para a Alemanha, mas eu percebi que foi pior, deu no Hitler, no holocausto. Então eu fui enganado'. Mas para Deleuze e Guattari não é na ordem do interesse que a gente é capaz de perceber o que moveu aquele desejo. […] Existe um desejo, inclusive, por Hitler, por Bolsonaro, e depois eu posso dizer que eu fui enganado. Então, o que a gente tem que entender é que tudo que aparece no campo social é expressão do desejo e não do interesse. […] E a produção de subjetividade no capitalismo produz desejo. […] Então a gente tem que entender que existe uma produção de desejo, inclusive por golpe. Até em mim mesmo: eu posso dizer que 'pô, no fundo eu estou achando mesmo que é golpe, mas no fundo vai ser melhor para mim...', e depois mais adiante […], se começar a ter desemprego, começar a ter mais violência, etc., o sujeito pode dizer 'pô, fui enganado, a Rede Globo me enganou, a Veja me enganou, me enganaram'. Mas, na verdade, o sujeito desejou isso.”

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Trecho da audioaula “Deleuze & Guattari – Estado e subjetividade capitalística”, em 03/05/16 (a partir de 34m24s), por Amauri Ferreira.

O áudio completo está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=0nzH3gUbhVk&t=0s

Deleuze & Guattari - Investimento de interesse e investimento libidinal de desejo

"O primeiro sistema de imagens, ele é constituído por imagens que a gente não percebe. Elas estão lá, só que elas não são percebidas por nós. A percepção é o que ele chama de segundo sistema de imagens, que já é um recorte daquilo que nos interessa. [...] Nós recortamos, nós percebemos aquilo que nos interessa. Vou dar um exemplo para vocês: se a gente está no deserto, a gente não percebe os grãos de areia que compõem o deserto. Eles estão lá, só que a gente não percebe esses grãos de areia. Então a nossa percepção... é uma percepção sempre simplificada das coisas. [...] Da mesma maneira, a gente olha para um mar e a gente não percebe as moléculas que estão lá. [...] Porque para o Bergson a percepção visa à ação sobre o mundo. [...] Eu não conseguiria agir sobre o objeto se eu tivesse uma percepção molecular daquele objeto, não teria como agir sobre ele. Então cada ser vivo opera um recorte do mundo material, do primeiro sistema de imagens, é essa a afirmação do Bergson. [...] A percepção nos dá a ilusão de algo estável, fixo. É só uma ilusão, na verdade tudo está em movimento". 

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Trecho da audioaula “Bergson – A percepção como seleção de imagens”, em 04/03/16 (a partir de 09m58s), por Amauri Ferreira.

O áudio completo está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Wj6Bz0USA1k&t=0s

Bergson - A percepção é um recorte do que nos interessa

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