Dos rapazes que não fazem a barba
e já não pensam nada
você é o melhor

Dos rapazes que afogam e afagam
eu fico com a mágoa que tudo deu um nó no juízo

Prejuízo é ver você ir
e eu ficar por aqui
sem o meu lugar
onde está você
que tinha um lugar pra me oferecer

Dos rapazes que leem poesia
e brincam com o dia você é o melhor

Dos rapazes que despem seus amores
em meio a corredores você foi o melhor

Prejuízo é ver você ir
e eu ficar por aqui
sem o meu lugar
onde está você
que tinha um lugar
pra me oferecer

desenho: Daltro Holanda
arte final da capa: Luandell Lucena

Dos Rapazes

Iracema, quem foi que disse que tu canta pra nós dois?
e dilemas quem foi que disse que te deixei pra depois?

Eu quero o teu corpo
teu sorriso torto 
o teu desgosto
e o mar

pra criar coragem
pra levar vantagem
pra rir à vontade
me dá

E a água salobra
na pouca roupa
a água salobra a rasgar
a ignorância da vida mundana
a vida mundana vai desabar
sobre
Iracema
quem foi que disse que te deixei pra depois?
e dilemas quem foi que disse que tu canta pra nós dois?

desenho: Daltro Holanda
arte final da capa: Luandell Lucena

Iracema

calei
quando dobrei a esquina
minhas opiniões guardadas
pois não falo daquilo que me causa náusea
no tempo
da indiferença

poemas cansados pros teus olhos aflitos
olhos aflitos pra poemas cansados

não sinto nada
não sinto nada 
não

café noir. tempo da indiferença

café noir. ócio

Café Noir toca: Cena (Mallu Magalhães)

Pra quê tanto artifício?
não é difícil de prever
que eu não valho muito
nem tô disposta a amar você

Tu, que bebe tanto
pra compensar o vazio que é ser
ser no mundo, ser no mundo, ser no mundo só 

Não, não vá embora
porque lá fora pode surgir
um contratempo
te pôr em risco
tu imergir demais

E eu que faço planos
e penso tanto em ser feliz?
não, não é possível
que apenas isso
baste a mim
tô no mundo, tô no mundo, tô no mundo só

foto: Renato Coelho
página do Renato: https://www.facebook.com/pages/Vez-OUtra/267468280114359?ref=stream

Café Noir - A Coisa Número Um

Café Noir toca: Magrela Fever (Curumin)

deixo meu coração
respirar de mim
parece que faz tanto tempo
meu olhar vagueia por entre as prateleiras
às vezes sou feliz
às vezes não 
tem fim

tanta paciência pra encarar
tanto desalento
do alto, a paisagem
nesse dia gris
e eu já nem sei se são seis da manhã
ou seis da tarde

guarde os outros tempos pra você
não venha me contar 
memórias manchadas de outros amores
que
não
ela

essas tuas cores eu não conheço
dessas tuas dores eu não mereço provar
e além do mais
se eu me despedir
talvez você esteja onde quer ficar

arte: Leon Silva
https://www.facebook.com/LSLVdesign?fref=ts


Tchau, cabeça

a cidade vai nos engolir
ninguém vai saber
quem fui 
quem era você
me apresente aos sebos
aos bairros boêmios
quero andar a pé
quero andar

cacos de vidro
nos muros modernos
mormaço do asfalto
rente aquele sinal
e os velhos vividos
de olhos serenos
jogando xadrez
na praça central
gravei
tua lomo a cuspir
memórias pacatas de um dia qualquer
quero andar a pé




a cidade

se não fosse tu o que seria de mim
pra não temer 
o amor
se não fosse eu o que seria de ti
pra conversar
decorar
os prédios antigos

uh, uh, uh
arranho qualquer coisa assim
sobre as tuas mãos
quero as tuas mãos em mim

se não fosse tu
o que seria de mim
pra acreditar nos discos mais lindos
se não fosse eu o que seria de ti
pra repousar o coração
na vontade de viver em paz
nunca mais
deixei de ser feliz
depois de você

Andreza Reis

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