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Produção Musical - Fê Stok/Estudio da Vila
Mixagem - Jonas Tatit/Estudio Pratapolis

Violões, sanfona e voz - Angelo Mundy
Efeitos - Fe Stok
Guitarra - Jonas Tatit
Bateria - Sergio Reze
Percussão - Ed Encarnação



Dois, Um
(Angelo Mundy)

Um só teto
Nosso espaço
Dois corpos
No mesmo abraço

Os nossos livros
A mesma estante
Todos os discos
Um só falante

O mesmo colchão
Pra dois cansaços
Maria e Lampião
Nosso cangaço

E os barrancos,
os tombos,
E os baratos,
os sonhos
lado a lado

O nosso chão
Os dois descalços
Os mesmos donos
De um só pedaço

A nossa sopa
No mesmo prato
Preto e branca
Nosso retrato

História sem fim
Um só enredo
Riobaldo, Diadorim
Nosso segredo

E os limites,
as dores
E as ideias,
as flores
lado a lado


01 - Dois, Um

ENGASGADO
(Gustavo Angimahtz/Henrique Gomide/Nicolas Brandão/Angelo Mundy)

Por que eu ando engasgando tan-?
Será que é casti-? 
Alguém botou quebran-?

Será que a garganta 
não aguenta mais o tranco do meu canto
e quer descanso,
quer se apose-,
ou quer dar um te-

É uma sensação um tanto quan-
Inconvenien-, é tão desconcertan-

Toda vez a voz
vai soar solta, fazer frase
vem a pausa,
paralisa
cai num impa-
e acaba no qua-

Já consultei um mé-
e usei vários remé-
Eu já tentei até o silêncio comple-
mas nada deu ce-

Passei um tempo fo-
Guardei minha vio-
Eu já tentei até fazer greve de fo-
mas nada reso-

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Produzida e mixada por Jonas Tatit no Estúdio Pratápolis

Voz, guitarras, baixo e vocais: Angelo Mundy
Bateria: Sergio Reze
Flauta: Nicolas Brandão

Montagem: Marina Pappa

09 - Engasgado

Eu Mal Te Conheço
(Angelo Mundy)

Puxa, que coisa, eu mal te conheço
E de tanto pensar em você
Já perdi o sono...
E se eu durmo um pouquinho
Adivinha com quem eu sonho?

Pois é, é loucura, eu também tô surpreso
E acho provável que aumente
E ganhe mais peso
Afinal, apesar de tão forte
Isso é só o começo

É só esperar um pouquinho pra ver
Amanhã eu nem saio da cama

Não quero TV, não quero CD
Nem festa no fim de semana

E depois já nem falo, nem canto, nem grito
Não quero mais conversa

Não brigo por nada
Não ligo pra nada
Que nada mais interessa

Realmente é tão brusco, verdade, eu confesso
Passaram-se só alguns dias
E eu nem me reconheço
Eu tava tranquilo e agora tô inteiro do avesso

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Produzida por Fê Stok no Estudio Da Vila
Mixada por Jonas Tatit no Estúdio Pratápolis

Voz, violão de nylon, solo de guitarra: Angelo Mundy
Guitarras e baixo: Fê Stok
Bateria: Sergio Reze
Clarinete: Eva Figueiredo

Fotografia: Theo Craveiro

08 - Eu Mal Te Conheço

Amor Nômade
(Angelo Mundy e Wem)

Se em Paris te encontras-
-se te encontrar em Madri, 
Se em Pequim te encontras-
Se te encontrar no Havaí

Se te encontrasse agora
Se te encontrasse aqui

Em Tóquio, cantaria pra você
Tomando caipirinha de saquê
Tom Jobim no Karaokê

Em Londres,  underground,  pra chegar
O Big Ben comprovando eu estar
Atrasado um minuto pro chá 

Se pra Moscou você fos-
-se você for pra Xangai
Se pra Istambul você fos- 
Se você for pro Uruguai

Não importava aonde
Não importava nada, only you e moi

Rio, Fevereiro, carnaval 
Um baita frio de quarenta e dois graus
Eu, vocênsacional 

Quem sabe, um encontro em Havana
Buena Vista ou buena Salsa Cubana
Revolución, se disseres que me ama

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Produzida por Fê Stok no Estúdio da Vila
Mixada por Jonas Tatit no Estúdio Pratápolis

Voz, violão de aço, violão de nylon e guitalelê: Angelo Mundy
Voz e vocais: Wem
Violão de aço, baixo, vocais: Fê Stok
Bateria e gongos: Sergio Reze
Sanfona: Gabriel Levy
Colherim: Estêvão Marques

Desenho: João Vaz

10 - Amor Nômade

Bob Fala, Ouvido Ouve
(Angelo Mundy)

Bob fala ouvido ouve
“love the life you live, 
live the life you love”

Minha língua me devolve
“A vida que você vive
é a vida que você promove”

E antes que você arquive
E antes que você comprove
Que contrate um detetive
Que faça a prova dos nove

Try maybe to perceive
That god is not unreachably above
What you get is what you give
Believing can be enough

A vida que lhe motive
Pra encontrar o que lhe move
E quando não for positive
As vibrations que se renovem
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Produzida por Fê Stok no Estúdio da Vila
Mixada por Jonas Tatit no Estúdio Pratápolis

Voz, violão e guitarra: Angelo Mundy
Guitarra e teclado: Fê Stok
Bateria: Sergio Reze
Voz e arranjo vocal: Lenna Bahule
Voz: Flora Poppovic, Marina Pittier e Fê Stok

Fotomontagem: Luciana Bertarelli

11 - Bob Fala, Ouvido Ouve

Taquicardia 
(Angelo Mundy)

Terremoto, trovoada
Explosão de granada

Elefante em disparada
Tempestade, tromba d’água

Tiroteio na quebrada
Britadeira furando calçada

Sino alucinando badalada
Bombardeio, rodeio, tourada

o peito estronda 
Atabaque, batucada
E dispara o desespero 
Contra o silêncio da madrugada

Avalanche, enxurrada
Panelaço, chibatada

Janela levando pedrada
Desabamento, derrubada

Engavetamento na estrada
Percussão na arquibancada

Pisoteio de manada
Rugido, rojão, rajada,

o peito estronda 
Atabaque, batucada
E dispara o desespero 
Contra o silêncio da madrugada

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Produzida e mixada por Jonas Tatit no Estúdio Pratápolis

Voz, Violão, Guitarra e Baixo: Angelo Mundy 
Guitarra e efeitos: Fê Stok
Guitarra e programação: Jonas Tatit
Bateria e gongos: Sergio Reze
Percussão: Maurício Badé

Pintura / caneta sobre papel: Alice Matuck

03 - Taquicardia

O Zé e a Cidade
(Angelo Mundy)

O Zé não conhece muito bem o caminho
Mas ele se vira assim mesmo, mesmo assim sozinho

Tropeça, se perde, cai de-repente
Se dói ele chora o suficiente
Levanta, respira... e bola pra frente

Não pôs o relógio pra não se apressar 
Seu tempo agora é só o ritmo do andar

Um prédio, uma estátua, uma ponte, uma praça
Ele vai caminhando, a cidade que passa
O Zé é sua própria casa

Ele e a cidade, nas noites sem lua
Se confundem nas ruas, e ele para de andar
Pois foi essa cidade
Nessas horas de sono
Com esses olhos sem dono
Que ele veio encontrar

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Produzida e mixada por Jonas Tatit no Estúdio Pratápolis

Voz e Violão de nylon: Angelo Mundy
Violão nylon e violão de 7 cordas: Jonas Tatit
Bateria: Sergio Reze
Clarinete: Eva Figueiredo
Flauta: Nicolas Brandão

Nankim sobre papel: Vicente Goes

02 - O Zé E A Cidade

Atadura, oração
(Angelo Mundy)

Armadura no chão
Caminho me procura

Corpo sem proteção
Pele mole, alma pura

Caminho, proteção

Pra fratura, lesão
Angústia, amargura

Sempre tem oração
Ou então atadura

Atadura, oração

Pra saber se era são
visitei a loucura

Baque no coração
Batuque cura

Curou meu coração

Sem temer o trovão
Ou a noite escura

Não me perco mais não
Raiz na terra dura

Noite vira clarão

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Produzida e mixada por Jonas Tatit no Estúdio Pratápolis

Voz e Violão de nylon: Angelo Mundy 
Voz e arranjo vocal: Lenna Bahule 
Violão de nylon, violão de aço, violão 7 cordas, baixo: Jonas Tatit
Bateria e gongos: Sergio Reze
Percussão: Maurício Badé

Modelagem de papel e alfinetes: Manoella Rotelli

04 - Atadura, Oração

Angelo Mundy 
2016

A melodia surgiu espontaneamente na cabeça num começo de noite. Corri pra registrar num gravador. Depois, um fio de letra: “onde eu nasci tinha uma mata tão bonita”, que me puxou pela mata da madrugada adentro.
Ela fala um pouco da minha história. Apesar de ter sido nascido e criado na cidade, sempre tive gosto pelo verde. Na infância, procurava a grama pra rolar, o barranco pra escorregar, a árvore pra trepar, os campos abertos pra correr. Gostava de cuidar de plantas, de me esconder pelas folhagens. Acho que a melodia fala a língua dessa alegria, desse contato com a leveza da infância.
O violão quis ficar parecido com as violas que a gente ouve pulsar desde o dentro de dentro do coração do Brasil. Quando toquei para os amigos, eles disseram que era mais uma dessas músicas que se encontram na fronteira entre o universo infantil e o universo adulto.
Ora pois, embarcando na recordação da infância, me dei conta do contraste com a vida que levamos, adultos, atualmente. A música também fala desse choque, de me sentir cortado desse contato. “Mataram a mata”. Semelhanças não serão meras coincidências, em nossa história como coletividade...
Mas, por trás da tristeza, a alegria continuava ali. Ela não perece, basta a gente parar pra olhar de novo. Talvez por isso mesmo a historia da música termine trazendo a gente pro presente: “hoje já vovô”. Parece-me que apenas no presente é possível estabelecer um compromisso com o cuidado e o retorno daquilo que tanto nos deu, que tanto nos dá, que tanto nos dará.
“Ela vai voltar”.


A Mata - Angelo Mundy

Músico e compositor paulistano
Brazilian musician and songwriter

Angelo Mundy

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