Composition, piano, voice and lyrics: Anne Terrace

Respiração De Vento Em Janela Virada Para Memórias De Mar


Eu fujo dos conceitos que não tenham brisa
Dos que fragilizam dos que têm cinza

Eu fujo dos conceitos que não sejam vento
Fujo do encontro que não seja o beijo

E fico nesta luz que floresce num sonho
Até que a pouco e pouco a paixão desponte

Vem
Encontrar a solidão
O tempo é pouco e é ilusão
E o sentido é um pouco mais

Pudesse eu não criar o tempo
Desta ânsia que nasce agora

Vem
Aproxima-te de mim
Pudesse eu amar-te assim
Nas palavras que me fogem

Pudesse eu encontrar o que desejo 
E ter-te agora junto ao peito

Eu fujo dos conceitos que não tenham brisa
Dos que fragilizam, dos que têm cinza

Eu fujo dos conceitos que não sejam vento
Fujo do encontro que não seja o beijo

E fico nesta luz que floresce num sonho
Até que a pouco e pouco a paixão desponte

Vem

Respiração De Vento Em Janela Virada Para Memórias De Mar

Por um triz violeta

Pudesse eu ser a tinta da caneta
com que escrevo violeta
e perder-me por lá
No lado de lá eu sou feliz
pois se eu gosto do que a tristeza me diz
E se por dentro eu me esquecer?
e se por fora eu morrer?
Num traço triste insiste o entardecer 
assim posso ficar real feliz por mim
Pudesse eu ser a tinta da caneta
com que escrevo violeta
e ficar-me por um triz
Assim eu posso ser feliz
sobre um traço violeta
sobre um traço violeta
posso ficar-me por um triz
E se por dentro eu me esquecer de morrer?
entardecer
por mim posso ficar feliz ao pé de mim
O que é isso da tristeza
a invadir quase sempre a melodia dos meus dias?
e se por dentro eu me esquecer de morrer?
entardecer
por mim posso ficar feliz
Posso morrer por um triz
na tinta da caneta
com que escrevo violeta
e amanhecer por um triz

Anne Terrace

Desenho de Augusto Pinho

Por Um Triz Violeta

Escrever com luz

Pronto, já está! Hoje, hoje vou sentar-me dentro da fotografia!
Várias vezes o faço, entro e saio quando quero, nesse mundo paralelo,
mesmo que não me lembre muito bem do que fiz antes ou depois.
O tio Luís fotografa. A avó, senta-se. Julga que as fotografias paralisam a infância
e diz que se dermos um beijo seremos amigos para sempre.
À minha direita, o meu irmão Pedro. Quer ir andar de bicicleta e descer a rua da igreja, sem mãos.
É fim de tarde.Terá sido?... Pode ser!!!
Estamos na varanda. 
Anos mais tarde, é fim de tarde e desce a rua comigo, sentada no quadro da bicicleta!
Vamos brincar? Pode ser!!!
À minha esquerda, a minha irmã, Paula. Quer ir sentar-se no telhado! 
Não o vês na fotografia, mas se fotografares, agora, podes vê-la, esgueirando-se sorrateiramente para lá!
Chama-me. Diz-me para ir ter com ela: Depressa!, Os avós podem ver! Teresinha, as sardaniscas!
Não!, deve ser a hora solarenga!  Um pé em falso e uma carga de trabalhos! 
As sardaniscas fogem e partimos um pé!?
O vôo cerrado das andorinhas, também não ficou na fotografia deste dia. Mas, se dermos um beijo, 
podemos jurar que ainda lá estão! e condensar a vida num momento! 
Como este em que eu entro.
Na paisagem, nas ruas de terra batida serpenteando a aldeia da nossa infância, se ficar e focar mais um pouco,
eu posso jurar estar a acontecer!
Os corpos de homens e mulheres, sentados, curvam-se sobre o som matinal dos carros de bois e das carroças.
A sirene de uma fábrica próxima, gritando o início das jornadas de trabalho e logo depois o alvoroço
das centenas de bicicletas percorrendo as ruas!
O aroma da nata do leite. Os nossos pés, descalços, sobre a estrada da escola. 
Os ninhos, incontáveis de andorinhas na garagem dos avós.
Inúmeras camadas de realidade sobrepõem-se na fotografia. 
O repouso das pombas nos telhados, ao fim da tarde. 
O avô em cima do telhado a orientar a antena da TV a preto e branco! Assim está bom! 
A mãe, o que brinca, imitando as personagens da radionovela! 
A São, que faz o jantar!
Com batata frita! Hum!!!
E é tudo por hoje, se escrevo com luz!

Anne Terrace

Fotografia: Tio Luís

Beauty

Escrever com luz :)

They call it freedom: to the weight of mirrored words

Sitting here, next to the world
the snow is a echo of a word called matter 
and one ancient felling on the way
like one old ancient anchor
in the earth of a landscape

And I escape from the shape of it all
as the autumn falls
the beginning of all

In a deep space of one eye
or one word, for one felling
in one land, wishful sand
meaning of unspoken
peaceful, quiet, silent, still
blue, true, wind, standstill
in a deep space of one word
full of motion, deep love
blessed grace, face, curse, birthplace

We watch all we ever wanted
and the ruins of all we ever wanted
the blindness of all we ever wanted
the language of all we ever wanted

Embrace my eyes
beauty is in the eye of the beholder
while the matter is being lost in the fire

We watch all we ever wanted
and the ruins of all we ever wanted
the blindness of all we ever wanted
the language of all we ever wanted

Embrace my eyes
with unspoken words
staying alive
one ancient childhood
when we escape from the shape of it all
of it all
As the autumn falls
the beginning of all
while the matter is being lost in the fire

Anne Terrace

Fotografia de Augusto Alvim Pinho®

They call it freedom: to the weight of mirrored words

O Cavaleiro Bizarro

Quem sabe
se desequilibrados, confusos, calados
fintamos, errados, a vida
de forma a que a lua toda
caída no nosso regaço
relativize a distância
o espaço e o tempo, todo, por inteiro
sincero, quem sabe ecoe 
e me devolva teus olhos, tua boca
a euforia
o abalo do peso total da luxúria
exausta, já pele sem ossos
nos devolva, a loucura, e a doçura
prova física, inequívoca
determine, tuas formas, teus gestos
teu ritmo, teu cheiro
meu efeito espelho!

Que eu possa olhar, o teu rosto
breve da vida inteira
se ocorrem, por vezes miragens
nas nossas planícies febris!

E o tom dourado do infinito
quem sabe, se são reacções em cadeia 
que trago no tempo de um fogo lento
quem sabe, quase imóvel 
que acendeu e apagou tantos beijos!

É só o peito, só
são só os beijos, são 
é só vento,
é, é só a brisa que te traz, 
é, é só a brisa que te traz!

A culpa é dos olhos teus
mesmerizando a vida inteira os meus
quem sabe, meu amor, há flores de vento!
quem sabe, meu amor
se o amor, mesmo assim foi altar fora de uso
e agora tudo isto é só o abalo 
do peso inexacto de um dia vulgar
de toneladas de medo
quem sabe, quem sabe se agarram o peso 
ainda do encanto
e a utopia de ti
constante, no fim da história 
e dos meus lábios frios
planícies, febris, desprendam um beijo teu
e dos meus lábios frios
planícies febris desprendam um beijo teu
e dos meus lábios frios 
planícies febris desprendam um beijo teu!

Anne Terrace

Ilustração: Augusto Alvim Pinho

O cavaleiro bizarro (2ª versão)

exile

the grief of real
the prove of real
is real
real
the object, the lover s object
has been fallen from existence

exile
fro the many, many species of our minds
Einstein
for a while I have insomnia
and if dalai lives in a shadow of one smile

in the link between the eyes
in the garbage of our skies
in the grief of Werther
we can dignify our lives
for the price of exile

a link between our lives
in a grief of delirium
Irons is looking for eternity
and in a grief of Werther
we can close our eyes

we can cross our skies
write a book of lovers
we can shape the voids
for a piece of Werther

for a piece of Werther
in the grief of image
for a piece of Werther
in the grief of damage
for a piece of Werther
in the grief of damage
for a piece of Werther
we can face our life
for apiece of Werther 
we can face our life
in the grief of Werther
we can live forever

Anne Terrace

Exile, improviso

conceiving bodies in one land once grace

you have been driving
through the face
or blood
or snow
dear, the snow!

years or days till one bomb explodes
near the slow-motion of fairness
a beautiful woman becomes white
and a beautiful man, oh!, he,he, he is alive!?
dear, the snow!

through the branches of language
the bodies of lines in one frame
trrough the branches
the branches of language
we conceive the desire to stay long!

our fairness, our fairness in grace
through the beauty of this grace
our fairness, our fairness in grace
through the beauty of this place!
dear, the snow!

dear, it's snowing, all over our bodies
of branches of fairness
dear, the snow!
dear, it's snowing, all over our bodies
of branches of fairness
dear, the snow
all over the place!

'cause in the shadow of your grave
I don't have flowers
in any, any possible way!
'cause in the shadow of your grave
I don't have flowers
in any, any possible way!
'cause in the shadow of your grave
I don't have flowers
in any, any possible way!

no, no, no, no, no!
in any, any possible way!

'cause in the shadow of your grave
I don't have flowers
in any, any possible way!

Anne Terrace

conceiving bodies in one land once grace

Beija - flor (como carta que é urgente)

vá diz sim beija - flor
vá diz sim beija - flor

dança comigo a urgência
dança comigo a urgência
na extática beleza
na extática beleza
beija comigo a urgência
beija comigo a urgência
da extática beleza
da extática beleza
como quem beija a loucura
como quem beija a loucura
e recusa toda a cura
e recusa toda a cura
sem mesura sem mesura
sem mesura sem mesura
e depois perde a vida
e depois perde a vida
e respira novamente
e respira novamente
com mesura com mesura
com mesura com mesura
sem futuro e sem presente
sem futuro e sem presente
nesse quase quase imenso
nesse quase quase imenso!
serão beijos movimento?
serão beijos movimento?
tua boca contra o tempo
tua boca contra o tempo
minha boca contra o tempo
minha boca contra o tempo
como beijo de repente
como beijo de repente
abraçar-te fortemente
abraçar-te fortemente
como beijo que é urgente
como beijo que é urgente
como beijo que é urgente
como beijo que é urgente
como beijo que é urgente!?
ah! beija - flor!
ah! beija - flor!
meu amor!
dança comigo a urgência
dança comigo a urgência
na extática beleza
na extática beleza
ah! sim!
beija, beija, beija, beija - flor!
beija, beija, beija, beija - flor!
Ah! dança, dança comigo a urgência!
beija, beija, beija, beija - flor!
beija, beija, beija, beija, meu amor!
ah! ah! meu amor!
sem mesura sem mesura
com mesura com mesura
como quem beija a loucura
como quem beija a loucura
e recusa toda a cura
e recusa toda a cura

beija - flor!

não sei como te dizer

Anne Terrace

Beija - flor (como carta que é urgente)

thunder and brightness (blove)

love, this shape, dear
it's sencirely true
I'am sincerely you
at the end of our faces
the beginning, precisely
left us loving, fears
where love lives

through the real
through the real of suspension
we have been following the seeds
left us loving, years
where love lives

feeding my love
feeding my love

for one gesture, nude
through the sound of melody
my friend named you

how much we need it to be?
how much we need it, to feel?
how much is real to be true?

and this immensely you
feeding my love
feeding my blood
sincerely yours

we fell unconsciousness
for love, in blood, for love

Anne Terrace

thunder and brightness (blove), improviso

Tu

Como palavra inscrita no final da t arde. 
Escrevo,como uma MÁquINA de escreVER... Grave. Como antigamente.
Como qualquer paLAVRA. Grave. 
Como o Canto de AvE! O século. Como canto de ave! 
Escrito, no baque, como beijo que arde no final da tarde!

Há uma estranha sílaba... que arde como se fosse os teus bei j os! 
Ardes. Lábios! Como qualquer palavra grave. 
Como Canto de Ave...inscrito…! 
Inscrita...Eu e Tu...na palavra tarde...
Como Canto de Ave !

|-Escrevo -Escreve -Como uma máquina de escrever -Inteiro|

Como BeiJo.........que arde no final da t arde. 
Com palavras, inteiras! Com palavras...! 
Quaisquer palavras...Escritas... 
Nu|f i n a l da t a r d e|! 
Como qualquer palavra. Grave.
Inscrita no final da tarde.

Como máquina de escrever...E com o baque. Grave.
Como o canto de ave!
Como qualquer palavra. I.nteira. 
Como qualquer palavra. Escrita na tarde. 
A tarde inteira. No final da tarde.

Meus CÂnticos Queridos...!...
Sagrados votos! 
No final da tarde! 
Como beijo que arde. Grave.
Como canto de ave. Escrava!

Como cântico de ave! Escrava....
Como CântiCO. De AvE!!!

Escrava!
Por tudo e por nada. 
Como palavra inscrita em toda e qualquer pausa.
No grafismo da palavra pausa. Escrava.
Passando pela tarde como sílaba exposta na tarde mais bela que eu vi. Pausa!

Ainda agora passei diante de ti passando diante do Hotel Astória. 
Passo sempre diante de ti diante do Hotel Astória! 
Passo sempre diante de mim diante do Hotel Astória!

E. Exposta ao grafismo da palavra...Amor…Diante de ti! Pausa.
Diante de mim!...
Graça! 
Como palavra inscrita em toda e qualquer parte! 
pausa. 
graça ! 
No grafismo da palavra......Graça!...
da tarde mais Bela que eu vi! 
Graça...
Diante de mim...e de ti!

Passando pela tarde como sílba exposta 
na pausa da tarde mais bela que eu vi. Na Graça!
Ao passar por ti, tarde mais bela que eu vi! 
No grafismo da palavra...
Graça!

Passando diante de ti apressada no tempo 
como palavra inscrita em toda e qualquer pausa...
E toque,Exposta ao grafismo diante de ti. 
Na noite mais bela. Escrita. Na Tarde.

Escrita beleza na tarde mais bela que escrevo.

E Paro. Paro.
E paro diante de ti e da pausa! 
Eu paro. paro!

Eu professo os sagrados cânticos!
eu, eu...eu, professo, os sagrados votos e os...
e os sagrados cânticos...
Eternos de mim e de ti!

Eu paro eu paro, eu paro diante da pausa 
como qualquer palavra inteira escrita inteira e plena! 
Como qualquer Palavra escrita na t arde...!

Oh! Eu paro!

Sagrados Cânticos inscritos na tarde!
como qualquer palavra escrita na sílaba 
Diante de ti!

Eu paro eu paro e professo! 
eu paro e professo!...os Sagrados Cânticos…
na noite mais bela...que eu conheci!

Como prece que eu conheci! 
Eu paro e professo a prece 
e júbilo e amor diante de ti!

Na palavra inscrita na tarde mais bela que eu conheci 
na estátua da tarde mais bela que eu conheci!

Oh! Eu Amo-te assim!

como palavra Inscrita no final da tarde! 
como beijo que arde no final da tarde! 
escrito no baque da tarde
da estátua mais bela que eu...conheci!

Oh!Pausa!…

Grave. Passo sempre diante de ti frente ao Hotel Astória!
Grave. 
Como a tarde de sílaba tarde. Grave. Como tarde... a tarde de estátua que eu conheci, na tarde, da estátua mais bela que eu conheci.Tarde...Grave! Grave... 
Tão grave!...Grave...

...Diante de Ti!

Anne Terrace

Uma casa sobre a brisa

Na labiríntica vertigem das imagens, alfabeto:
tu, és, minha casa sobre a brisa
tu, és, meu amor, acesa

na labiríntica vertigem das imagens, alfabeto:
tu, és, meu amor aceso
e em ti adormeço
e arvoram palavras
palavras-crescendos
em amplexos-borboletas
e auréolas de estrelas
vão caindo tão acesas
sobre a noite de um poema
na viagem mais acesa
com que abraço o poema
são meus passos os teus passos
o hiper-espaço com que enlaço
no regaço a vertigem
de uma palavra virgem
radial e ampliada
na espessura da palavra
são palavras, são estátuas
são estátuas-palavras
são palavras, são estátuas
são estátuas-palavras
são palavras
são estátuas
e o céu é nosso magma
e o meu ar é o teu ar
são estátuas-palavras
são palavras, são estátuas
e o céu é nosso magma
e o céu é nosso mar

asa, noite, mar
magma, magma
na espessura do meu mar
na espessura do luar
o meu ar é o teu ar
o meu ar é o teu ar
o teu ar é o meu ar
o teu ar é o meu ar

Anne Terrace

Uma casa sobre a brisa

Lapso de Primavera

Talvez pareça que nas veias lhe corre melancolia, o desejo de se apaixonar outra vez, uma e outra, e outra vez, novamente, por ele, bem como que sente o desejo de um fogo inacabado, aquele que arde no início de tudo, feito de falanges apertadas que agarram o mundo e que ramificam e abalam os dias em convulsões mágicas e revolucionárias, um desejo feito de combinações de espanto, reverberações estonteantes, labirínticas, feito do eco da fruição das impressões nítidas e absolutas, e simples, e reais, ou mesmo que irreais, como ter estado com ele ontem num banco de jardim, sem nunca lá ter estado, e depois tê-lo levado pela mão, dizendo-lhe: lembras-te ainda da Primavera? Lembras-te ainda da valsa das flores? O que foi que nunca existiu, meu amor, o que foi que nunca existiu?
...e é verdade.

Anne Terrace

Anne Terrace

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