enquanto os elefantes iam ficando mais velhos, 
e seus passos já não eram mais dados como certos 
caminhando para algo que parecia uma morte torpe 
no fundo do vale eles avistam uma sombra 
a manada que veio atrás deles, 
à sombra de marfim, uma ossada descoberta 
funciona como um abrigo e um alerta 
à manada que vem após deles, 
e todos os elefantes que depois seguirão 
que não importa se é um mito ou realidade 
grandes animais deixam grandes rastros 
para guiar o caminho do que ainda está por vir

Tema Para Os Elefantes

blecaute total 
cinza e preto resiste a cidade 
do alto de um arranha-céu 
a lua reflete nossa vida à margem 

as coisas não precisam ter um nome 
nem de um pacto selado a cumprir 
quem me dera fosse eu a morrer de fome 
ou de sensatez

Nossa Vida À Margem

quarto de ninguém é terra de borda 
é horda de cobra pensando em 
quase nada além do fundo da fossa 
surgem as cordas que prendem em alguém 

não adianta nem eu te contar 
para o que servem as cordas 
porque corda não tem braço pra amarrar 

e a casa é de quem? 
de quem que labora e ergue a memória que os anos tem 
malfadado a ser 
um burro de carga ou trem de passagem sem ninguém 

e não adianta nem eu te lembrar 
quem é que manda na casa 
porque casa não tem perna para andar 

de nada serve apontar 
quem é quem nessa história 
porque porcos tem memória pra lembrar

Terra De Borda

deixa o bando todo para trás 
esse instinto tem hora, tem lugar 
sem temer mesmo o distante, 
cemitério de elefante ou 
morte 

sigo errante 
não transpiro mais 
lembro à sorte 
que somos nós, mortais 
batendo a nossa retirada 
logo uma página virada 
não mais 

você não ouviu 
mais a voz que ficou pra trás 
por horas confesso 

segue o bando até onde dá 
segue a sorte até ela te deixar 
se já erguemos os monumentos 
para os nossos sentimentos 
até onde isso vai? 

você não ouviu 
mais a voz que ficou pra trás 
por horas converso 

deixa o bando todo para trás 
esse instinto não é hora nem lugar

Cemitério De Elefante

noite e dia, vem de longe
branco e preto a trabalhar
e o dono senhor de tudo
sentado, mandando dar
e a gente fazendo conta pro dia que vai chegar

Uma versão de "Aroeira", do Geraldo Vandré, que andei tocando em algumas apresentações no final do set. Gravado em Janeiro, na Glória/RJ. Arte por Carmen Alves.

Aroeira

quem que vai cobrir a oferta de mercado? 
cobra ao corpo, coração 
horizonte inflacionado 
metro quadrado em ascensão 

em suas velhas ruas eu me sinto calo 
em seus dedos, opressão 
na ladeira onde nascem as memórias 
uma promessa é perdida na história 

cidade partida 
quando estou à mercê do meu pior 
cidade partida 
sem rosto, sem voz, sem caos e sem vida 

quem que vai cobrir a falta do estado? 
bíblia, bicho ou canhão? 
zona norte à zona sul 
veem como água cura o sertão 

cidade partida 
quando estou à mercê do meu pior 
cidade partida 
sem rosto, sem voz, sem caos e sem vida

Cidade Partida

quem aporta à nossa costa? 
eu até falo a língua de vocês 
e se o amanhã não me apresentar mais suas cores venais? 

sobrevivo ao perigo 
templos inóspitos demais a se habitar 
e essa noite fui eu a cobrir o véu do luar 
das coisas que eu deixei no rio 

quem atraca à nossa costa? 
eu me apresento como um de vocês 
e quanto sol, 
e quanto mar a mais se precisa ter? 
essa imagem que eu trago 
eu não troco por nada que reluz 
me é vital, 
como foi o sal 
que um dia eu já nadei 

e as coisas que eu deixei no rio 
coisas que eu deixo no rio

Coisas No Rio

fogo na cidade 
e eu já sei por que 
a caravana passa e os cães ladram com você 
uma falsa intensidade, 
um jeito simples de viver 
enquanto você espera o mundo te reconhecer 

portas fechadas já não abrem mais 
e geram momentos de torpor 
enquanto o mundo dava voltas você reclamou demais 
nunca é preciso sentir essa dor 

dispersado o ponto 
eu volto a te ver 
sua vida é um bombril numa antena de tevê 
sobre a sinceridade 
o que é difícil é ter sem ver 
eu entro numa linha expressa, tenho que correr 

jóias quebradas já não valem mais 
e geram momentos de rancor 
enquanto o mundo dava voltas você reclamou demais 
nunca fui vidro de baixo teor 

...e você achou que era o rolo compressor, 
e você julgou sempre ser superior 
pequenos garotos contam pequenas histórias 
quanto tempo passa, bem melhor se vê 
o pouco que eu tenho ainda guardo na memória 
um melhor lado de você

Rolo Compressor

circo de elite 
história pra macho ver 
circule o risco 
de nunca envelhecer 

vi o mato baixo crescer 
e virar selva 
e flutuei sobre o degelo 
de um oceano 

sem ter abrigo 
lugar, morar, viver 
cínico escapismo 
pinto uma tela com você

Circo De Elite

Eu tenho medo da janela 
Alguém pode me empurrar 
Eu vejo tudo através dela 
E todos podem me olhar 

Você não me dá ouvidos 
Diz que o que eu falo 
Não tem sentido 

Elas estão por todos os lados 
Deixando tudo muito claro

Produzido, mixado e masterizado por Paulo Beto. 

Arte da capa por Cassius A.

Juliana R. - Brilho

Very little information is known about him, but what we have available indicates that he was born in the 80s in France, most specifically in the antique city of Aix-En-Provence, birthplace of Cézanne and possibly an extraterrestrial landing site. Not many photographs and data on record, maybe he was born out of your imagination, or of someone else's . Tourist with a permanent visa, has already visited more than 170 countries without ever having had a passport.

@jacquesdefault

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Juliana R. - Brilho

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