Parceria  com o maninho Luciano Salvador Bahia
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Areal da praia, todo grão se espalhou
Bem mais claro do que era
Se anunciou
Perto da avenida, quase preto quanto foi
Amarelo-luz, no mercúrio que se pôs
Quanto mar tem lá entre antes e depois

Um farol do lado de jesus-salvador
Outro jeito do que era
Cara de outra cor
E a cidade passa seu cinema tropical
Noite de verão pelo céu municipal
Quanto mar tem lá entre o antigo e o atual

Cara de outra cor * canta Marilda Santana

Pulsa no coração da batucada
Belo, o toque certo do pandeiro
Rosa, roda baiana na calçada
Vira o viradouro brasileiro
Graça, passista faz a festa e passa
Raça, só de pirraça segue a trilha
Brilha um joãozinho-brown, na mira
Vira um samba-rock-timbaleiro

Rio de Janeiro, quero ver Salgueiro
Quero ver Mangueira
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Eu quero ver, eu quero ver

Reza a oração apaixonada
Canta a merencória luz da lua
Dança, enquanto a dança continua
Nua, uma canção na madrugada
Rio, peço licença pra tocar
Agora tu és a musa do poema
Bela no mar azul de Ipanema
A garota vai passar

Rio de Janeiro, quero ver Salgueiro
Quero ver Mangueira
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Eu quero ver, eu quero ver

No Rio  * canta Illy Gouveia

Ela dizia:                    
- Meu rapaz, a vida é um mistério.
E repetia:- Tanto faz se eu te levo a sério
E me ganhava como quem perdia alguém
Na calmaria
 
Ela fazia carnavais de lágrima, minério
Depois sorria um algo mais que mais era impropério
E me explicava que a dor era um porém da alegria
 
Aparecia mais além, quando já não viria
E parecia estar tão bem, também quando partia
E logo se afastava assim como que vem
Nascendo o dia
 
Ela dizia então:- Meu bem, a vida continua.
Quem sabe o amor um dia vem
Morar na minha rua?

Ela Dizia * Jarbas Bittencourt

Ainda que eu não chegue perto
Do mais-que-perfeito que você pensou
Ainda que eu só seja imagem no espelho
Parte do retrovisor
Embora nem você, nem eu, nem nós
Nem nossas falas tenham mais a ver
Não vou deixar que a mágoa crie
Um deserto na trilha do que eu quero ser
Ainda que eu não vá, fiquei onde preciso estar
Tudo está certo, no gozo ou na solidão
A gente pode se encontrar
Amanhã pode ser que eu me engane
E volte pro mesmo lugar
Outra pessoa no tempo do bem-querer
No passo de se apaixonar
...
Ainda que eu só seja imagem no espelho
Parte do retrovisor
Ainda que eu não chegue perto
Do mais-que-perfeito que você pensou


No vão das horas * Arnaldo Almeida /João Luís

Cê chega tão perto do meu plexo
Que eu disfarço, desconverso
Desencontro meus sinais
Cê me faz menino e astronauta
Que eu me largo na ciranda que esse seu olhar me traz
Cê me faz pensar que sou poeta
Que eu me pego na palavra como quem planta uma flor
Cê chega tão perto do meu sexo
Que eu me guardo, me revelo
Pra te dar...
E me paralisa, paralisa, você me paralisa
É tudo que você precisa

Tudo que você precisa é bem o que eu quero dar
Eu quero ser o seu pretinho
Seu riso, seu melhor lugar
E quero ser algum destino
Guardado no seu patuá


Plexo

Zeca, Fifa, Begêco, Yeyé e eu...
Zeca convidô : Vamo pra Macau!
Quando eu tô que tô
Eu sento-lhe o pau!
Zabumbeiro, tem
Tem sanfonalá
E o tirlintintin é triangular
Zeca confirmô : Vamo pra Macau!
Quando eu tô que tô
Eu sento-lhe o pau!
Zabumbeiro, tem
Tem sanfonalá
E o tirlintintin é triangular
Queima na fogueira, fogo na madeira
Sartam dois cumpades, assim
Dois em dois, que nem Cosmim
Begêco num tava a fim
Logo na primeira, Fifa deu bobeira
Fiofó esparramado no chão
Zeca confirmô:
- Assim num vai dá...! sarta de bandinha,  orebão...
- Orebão é sua mãe!
- Sarta de bandinha, alesbão...
- Alesbão é sua mãe!
Pipoca na poeira, fogo na canseira
Macau, cumpade, assim de mulé!
Nove, só na canjiqueira
E eu ali que nem um Zé
Admiradêra que eu num cunsiguia
Me desvencilhá da Lelé
Uma banguelinha seca agarrada no meu pé
É na fogueira que a madeira vai queimá, Yeyé
A noite inteira, até o sol raiá.


Admiradêra

A flor não sabe que a abelha faz o mel
Somente ela sabe do que é capaz
Você sorrindo, vira tudo um carrossel
Você não sabe o efeito que me faz
A sua imagem na retina dos meus dias
É um brincante colorindo meu cantar
É bailarina ao redor das Três Marias
É a vontade de te namorar
 
Que é bom te dar a mão e ir pra feira
É bom ficar na rede sem dormir
É como mergulhar na cachoeira
Saudade é ver você partir...


Pra Feira

Muito além do meu pé, eu sou o meu passo
Muito mais do que a fé ainda o cansaço
Mais do que mãos e braços, o abraço
Para quem não quiser andar na calçada
E deixar-se fluir na esquina do nada
Eu não tenho a dizer nadica de nada
Deixei uma pegada na rua por onde passei
Ficou guardado em mim o sal daquele lugar
Na linha do horizonte que trisca até onde pensei
A mira do olhar que me guia há de me revelar

No Passo * Arnaldo Almeida / Camilo Fróes

Por quê será que gosto de você?
Eu não sei
Quem sabe até seja melhor assim?
Deixar acontecer e nunca perguntar demais
É difícil ver além do mar quando não se deixa o cais
Quando se prende um coração assim
Já não importa ser começo ou fim
Desassossego, dor, paixão sem fim
Desilusão, desilusão
 
Mas, pode ser o amor além do cais pra nós dois
Um continente, um barco, um litoral
Amar é muito mais que medo e solidão
É mais
Quem pergunta muito, quase nada faz
Gosto de você
Já não importa ser começo ou fim
Quando se prende um coração assim
Minha ilusão, minha ilusão...


Velas Abertas * Arnaldo Almeida /João Luís

Cê chega tão perto do meu plexo
Que eu disfarço, desconverso
Desencontro meus sinais
Cê me faz menino e astronauta
Que eu me largo na ciranda que esse seu olhar me traz
Cê me faz pensar que sou poeta
Que eu me pego na palavra como quem planta uma flor
Cê chega tão perto do meu sexo
Que eu me guardo, me revelo
Pra te dar o meu amor
E me paralisa, paralisa, paralisa
É tudo que você precisa

Tudo que você precisa é bem o que eu quero dar
Eu quero ser o seu pretinho
Seu riso, seu melhor lugar
E quero ser algum destino
Guardado no seu patuá

Sei que você sabe de mim
Eu acho que já sei de você
E quando você fala assim
É fácil, para mim, entender
A gente se parece demais
Nas coisas de pensar e sentir
E sinto que pra ser algo mais
É só a gente se permitir
 
Noite de luar, onde está você ?
Eu me sinto tão bem agora
Mas se você vem tudo brilha mais, 
Em qualquer lugar (agora)
É só você chegar
 
Sei que você gosta de mim
Eu gosto quando posso te ver
E a gente vai ficando assim
Do jeito mais possível de ser
A gente se parece demais
Nas coisas de sentir e pensar
E penso que pra ser algo mais
É só a gente se revelar
 
Noite de luar, onde está você...


Algo Mais

Flashback na balada, quem te viu assim, tão bela
Não sabia nada do seu calendário
Mas eu vejo além do que você revela
Vejo a multidão na solidão do armário
Vejo que você quando me quer, vacila
Entre abrir a porta e me passar a senha
Só não compreende que eu não tô na fila
E se for assim, meu bem, já foi, nem venha
 
Não, não
Não pense que eu vou ficar
Aqui, sonhando com você
Mas se você fizer daquele jeito casual
May be, pode acontecer
 
Todo mundo que te vê, eu sei que por você suspira
Ser imperador e te levar pra Roma
Mas eu vejo além do que você transpira
Vejo a direção que o seu desejo toma
Vejo que você quando resolve me cercar
Usa mil disfarces, nem parece conduzir
Só não compreende que esse jogo é de empatar
E se for assim, meu bem, já foi, não vai fluir
 Não, não
Não pense que eu vou ficar...


Mil Disfarces

Nem sempre pode ser tudo
Mas pode ser de outro jeito
Se você der uma chance do jeito se revelar
Se você sai da freqüência, reserva um tempo pro nada
Pega um desvio na estrada e vai pra beira do mar
E lá…
O vento sopra na água
A água bate na pedra
A pedra ronca na praia
A praia espalha na areia
A areia toca no muro
E o muro guarda um lugar, pra lá…

Ninguém é dono da história
Todo caminho é incerto
Pra ser feliz, chegue perto
No fim do muro vai dar
Na rua da paciência
Além do passo das horas
Do acaso para o mistério, basta uma esquina virar
É lá…!
Que o muro toca na areia
A areia espalha na praia
A praia pára na pedra
A pedra ronca na água
A água sopra no vento
E o vento vai te levar pra lá…


Pra ser feliz

Tava tudo tão quieto no dia que ocê chegou
Fevereiro num deserto que não tinha flor

Se achegou desavisado, essa menina
Seu cantar de Amaralina
Fez os moço lá da praça se esquecer de conversar
De falar da vida alheia, pra ouvir a melodia
Tava tudo tão quieto, e ocê luzia

Se achegou apaixonado, essa menina
Seu jeito de se chegar
Fez o tempo lá na praça se esquecer de se contar
Se esquecer que era deserto
E deixar a flor brotar
Tava tudo tão quieto pra ocê chegar

Chuva Fina

Essa minha alma-ave, cheia de graça 
Me chama de Maria, bendita e santa 
Mas carrega com gozo e vaidade infinita 
Esse corpo que não cansa (balança)

Balança como Bete balançou Cazuza 
Seduz a minha alma, pura e santa 
E lhe conta segredos tão irreverentes 
Enquanto Florbela me cerca, me amarra e me espanca 
Com seus poemas de amor ardente.

Balança tête à tête com a poesia 
Degusta minha calma na doçura 
E me olha com seus modos de afrodite 
Enquanto Florbela sussurra, me chama e tortura 
E eu desafie qualquer limite


Minha Alma * Arnaldo Almeida & Marta Argolo

Cê chega tão perto do meu plexo
Que eu disfarço, desconverso
Desencontro meus sinais
Cê me faz menino e astronauta
Que eu me largo na ciranda que esse seu olhar me traz
Cê me faz pensar que sou poeta
Que eu me pego na palavra como quem planta uma flor
Cê chega tão perto do meu sexo
Que eu me guardo, me revelo
Pra te dar...
E me paralisa, paralisa, você me paralisa
É tudo que você precisa

Tudo que você precisa é bem o que eu quero dar
Eu quero ser o seu pretinho
Seu riso, seu melhor lugar
E quero ser algum destino
Guardado no seu patuá

Mesmo que depois de tantas as palavras
Fique em nós um gosto assim estranho, incerto
Não duvido dos seus olhos
Eu te quero sempre perto
Agora que, pra nós, o tempo fez presença
Tempo que faz, que desfaz, em tudo esperto
Não duvide dos meus olhos
Eu te amo a céu aberto
Você faz as manhãs azuis, faz mais...
Meu corpo acreditar que é tudo um sonho
Sem ser dèja vu
Você faz as manhãs azuis, faz mais...
Meu corpo acreditar de vez...




Manhãs Azuis  * Arnaldo Almeida & Tito Bahiense

Muito além do meu pé, eu sou o meu passo
Muito mais do que a fé ainda o cansaço
Mais do que mãos e braços, o abraço
Para quem não quiser andar na calçada
E deixar-se fluir na esquina do nada
Eu não tenho a dizer nadica de nada

Deixei uma pegada na rua por onde passei
Ficou guardado em mim o sal daquele lugar
Na linha do horizonte que trisca até onde pensei
A mira do olhar que me guia há de me revelar

No Passo  * Arnaldo Almeida & Camilo Fróes

Velas Abertas * Arnaldo Almeida & João Luís

A flor não sabe que a abelha faz o mel
Somente ela sabe do que é capaz
Você sorrindo, vira tudo um carrossel
Você não sabe o efeito que me faz
A sua imagem na retina dos meus dias
É um brincante colorindo meu cantar
É bailarina ao redor das Três Marias
É a vontade de te namorar
 
Que é bom te dar a mão e ir pra Feira
É bom ficar na rede sem dormir
É como mergulhar na cachoeira
Saudade é ver você partir...


Ela é do centro
Mas não se incomoda com as cores do subúrbio
Sabe estar em todos os lugares, e em nenhum
Ela é de tempo
Ela é de tempo, vive organizada
Sulamericana-inglesa
Transpirando formosura, brilho e precisão
Ela é baiana!
Ela é baiana pós republicana, acontece numa dança
Quando se revela traz um mar de rosas
Brancas rosas no sorrir...
Uma forma graciosa de dizer, ao mesmo tempo
Sim e não
E deixar seu coração-quasar pulsando lá no céu
E deixar meu coração pulsar maravilhado aqui, no chão
Apaixonada, fica encabulada
Faz de conta que nem pensa
Com delicadeza faz aquele tipo desligado
Ela percebe...
Ela percebe muitos movimentos
Mas prefere ser discreta
Quando se permite, faz um vendaval varrer de Humaitá a Itapuã
E é por isso mesmo que ela quer se comportar assim, contida
E deixar seu coração-quasar pulsando lá no céu
E deixar seu coração pulsar bem comportado aqui, no chão
E deixar meu coração-quasar na ilha da interrogação
Perguntando como poderá pulsar ao lado do seu coração


Ela - *canta Illy Gouveia

Não sei o que é que me sustenta
No olho dessa correnteza
Faz tempo que passei dos trinta, e isso pesa
Um peso relativizado por tudo que fiz de concreto
No universo abstrato do meu desejo
Desejo por desejo, é fogo
Por isso eu faço pouco caso
Não quero alimentar a fuga no rio raso
Eu quero um pouco mais de tudo que tenha significado
Se for pra melhorar, eu mudo
Ta combinado

Mas Deus não me pergunte agora
Que eu to falando abertamente
Eu tava meio desligado, indiferente
Mas hoje eu acordei bem cedo
E dei bom dia pra cidade
Olhei pra ela de outro jeito
E vi a rede
Que liga um ser humano ao outro
E o outro ser humano ao mundo
E foi seguindo aquele rastro que eu vi o fundo
Eu vi a rede balançando
E aquilo me deu mais certeza
Que a vida, pra ser mais segura
É correnteza


A Rede

De marré de si, de marré de si
É menina, meu destino
De papel crepom, de batom carmim
É menino, minha sina
Foi a minha mãe que me deu a luz
Foi a luz de Deus, a luz de Deus que me guiou
Pelo lado bom, pelo lado som
Onde a vida sempre teima em duvidar de mim
Qual será o fim?
Vida, por quê não?
Meia volta, volta e meia, outra direção


Teima * Arnaldo Almeida & Ray Gouveia

Beija-flor que baila na janela
Me diz da cor daquela primavera
Se começou quando me sentia feliz
Pra me ver feliz, e recomeçar
Ver as cores da beleza, ser um guardião da paz
Com uma fogueira acesa, um calor que satisfaz
E a sua mão na minha mão, nunca esqueci
Sua mão, nunca esqueci

Doce irmã, meu elemento terra
Manhã jasmim no lado azul da serra
Certeza em mim: a saudade sabe esperar
Pra te ver ali, fruto da canção
Musa da poesia minha, graça da compreensão
Qualquer coisa de alegria seja sua exaltação
Lua na baía, minha
Faz de mim seu ideal
Tudo que você queria refletindo no cristal
Ver as cores da beleza, ser um guardião da paz
Com uma fogueira acesa, um calor que satisfaz
E a sua mão na minha mão, nunca esqueci...


Primavera

O dia quase não era, não era dia
As coisas todas mexidas
Desarrumadas na pia
Meu quarto-e-sala sem gato
Sem rosa, incenso nem blues
Meu dia sem nem eu mesmo
E sem você, sem você aqui
Não vou fingir pra mim que é bom
Sem você, sem você aqui
Não vou fingir pra mim
 
Minha cara, meu espelho
Sua busca, minha espera, nossa hora
Na vidraça da varanda
A cidade toda cinza
O sol caindo agora
 
No mais, profundo silêncio
Eu te perdia
Nas horas desavisadas
Não era dia
E, mesmo assim, você brilha
Estrela, caminho, farol
Na sutileza de fera
É só te ver, só te ver ali
Naquela hora que você sorri
Minha cara, meu espelho


Um Dia

Cantor e compositor. Um dos criadores da banda Confraria da Bazófia. Distanciado há algum tempo das montagens-solo, vinha dedicando tempo à composição e criação/produção de projetos musicais direcionados à difusão de trabalhos autorais de outros artistas, a exemplo das temporadas do De 2 em 2 - Para Intérpretes e Afins, realizado no Teatro Gamboa (2010) e no Espaço Xisto (2012), sendo também um dos criadores, junto com Jarbas Bittencourt, do Encontro de Compositores, que teve três edições no Cabaré dos Novos do Teatro Vila Velha (2011 a 2013).

arnaldoalmeida

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