A Via Costeira está envolta numa situação complexa, pois sobre ela existem ingerências federais, estaduais e municipais, uma por cima da outra, além de legislações ambientais, que se confundem num carnaval de disputas que só traz prejuízo para a área e, claro, para a cidade. De tão complicado, e de tanto acumular lambanças ao longo do tempo, formou-se um verdadeiro nó cego cujo desate – se ocorrer em breve tempo - será obra de muita força de vontade e capacidade resolutiva dos nossos gestores, algo que nos falta, e muito!, atualmente.

De toda forma, pelo menos agora há um facho de luz em cima da Via Costeira. O cidadão de todas as regiões de Natal quer entender a razão pela qual uma área que é tão bela e cheia de potencial não está acessível para ele nos seus momentos de lazer. É hora de mudar isso!

PODCAST #4 - É preciso devolver a Via Costeira para o cidadão de Natal

Nos primórdios, Natal era só Ribeira e Cidade Alta. Nesse pouco pedaço de terra situado às margens do Rio Potengi jazia uma capital. Jazia, sim, pois por 300 anos não passou disso. De tão antigos, esses bairros desenvolveram características próprias, muito em razão da dificuldade de acesso entre um e outro, que se dava através de um tronco colocado em cima do riacho por onde corriam as águas da maré cheia. A Ribeira abrigava pescadores, estivadores e gente de menor poder aquisitivo. A Cidade Alta era sede dos prédios públicos e das residências dos abastados. A diferença socioeconômica era representada pelo tipo de peixe que os moradores de cada bairro consumiam. Na Ribeira, o cangulo, peixe mais barato; na Cidade Alta, o xaréu, que vinha de Ponta Negra e Areia Preta. Disso vem que os moradores da Ribeira eram chamados de canguleiros, e os da Cidade Alta de xarias. Esse contexto fez nascer uma rivalidade que chegava à violência física. 

Mas tudo isso acabou na década de 1920, quando o então prefeito de Natal, Omar O’Grady, após lutar contra a força das águas e da lama, conectou os dois bairros com a pavimentação da Av. Junqueira Aires, hoje chamada de Av. Câmara Cascudo, que fica na subida do Colégio Salesiano para a Praça 7 de Setembro, onde estão a Prefeitura de Natal, o Tribunal de Justiça e a Assembleia Legislativa.

Quem conta essa história é o mestre Câmara Cascudo: “O calçamento da avenida Junqueira Aires levou esse elemento a ponto de fusão. Misturaram-se, confundiram-se, uniformizaram-se. Xarias e canguleiros morreram. Ficou o Natalense”. É, portanto, a partir desse fato aparentemente simplório que Natal, unificada após resolver um antigo problema de mobilidade entre bairros, começa sua expansão para outras regiões.

Atualmente, Natal vive algo que, se não é igual, nos leva à semelhante reflexão. A Zona Norte, região que mais cresceu nos últimos anos, ainda não se sente totalmente integrada à cidade. Tanto que, num passado não muito distante, houve quem sugerisse a emancipação da região e a criação de um novo município. Apesar disso, não há uma rivalidade violenta como a dos antigos xarias e canguleiros, mas é preciso fortalecer o sentimento de pertencimento dos moradores da Zona Norte ao município de Natal. Para tanto, a primeira coisa a fazer é dar tratamento igual ao de outras regiões da cidade em termos de investimentos e manutenção de infraestrutura. Além disso, deve-se principalmente facilitar o trânsito entre as pessoas de ambos os lados do Rio Potengi. Hoje, a depender do horário, esse trajeto é desconfortável, perigoso, demorado e caro. Gasta energia e tempo dos cidadãos que precisam todos os dias cruzar o rio para trabalhar, fazer negócios ou a lazer. Não há integração verdadeira quando o transporte não é facilitado, pois um deslocamento nessas condições é desestimulante e antipatiza com o distante e demorado local de destino. A cidade perde. As pessoas também.

Precisamos pensar em como viabilizar algo arrojado, definitivo e que priorize o transporte coletivo, único capaz de atender de forma sustentável à demanda dessa população por mobilidade. Já temos uma linha de trem urbano em operação, por que não expandir, integrar, modernizar, popularizar e dotá-la de estações seguras, confortáveis e conectadas com outros meios de transporte? Ou um BRT (Bus Rapid Transit). Por que não? Mesmo que seja difícil e enfrente resistências geográficas, políticas e econômicas, como encontrou e venceu aquele grande prefeito Omar O’Grady em sua luta para pavimentar uma simples ladeira. Pois ele enfrentou e venceu, e com isso fez nascer uma nova cidade, unida e pronta para alçar o voo do desenvolvimento e da inclusão.

PODCAST #14 - A Zona Norte é Natal e precisamos melhorar o transporte

Notícia muito preocupante para Natal, e que deve nos fazer pensar na cidade que teremos no futuro. Um estudo elaborado pela consultoria Urban Systems, em parceria com a Revista Exame, mapeou as 100 melhores cidades brasileiras para se fazer negócios. O estudo levou em consideração itens como desenvolvimento econômico, desenvolvimento social, infraestrutura e capital humano. Após a análise desses quatro aspectos, Natal ficou fora desse ranking das 100 cidades brasileiras que se abrem para o mundo dos negócios. Isso é uma tragédia para uma capital com quase um milhão de habitantes! Mas não é só isso.

A Urban Systems vem fazendo esse mesmo estudo ano a ano, desde 2014, acompanhando a evolução das cidades analisadas. Na primeira versão do ranking, Natal ocupava a posição 54 entre as 100 melhores cidades para fazer negócio.

Em 2015, caímos para a posição 86.
Em 2016, caímos para a posição 96.
Em 2017 subimos para a posição 48.
Em 2018 voltamos a cair, chegando na posição 86.
E agora, nessa edição de 2019, ficamos pela primeira vez fora desse ranking.

É um retrato que apenas confirma o péssimo momento que Natal vive. Uma cidade com ambiente hostil e proibitivo aos negócios e à inovação, que afugenta investidores e inteligências para se fechar na mediocridade e na hostilidade ao desenvolvimento. E todo mundo perde com isso, independente da classe social a que pertença. Saliente-se que o estudo leva em consideração inclusive indicadores sociais da saúde, educação e transporte, itens básicos para o funcionamento de qualquer cidade e para a qualidade de vida de seus cidadãos.

PODCAST #17 - Natal fora do ranking das 100 melhores cidades para fazer negócios

No podcast #23, bati um papo com o arquiteto Gustavo Rocha, Superintendente de Infraestrutura do Porto Digital, em Recife. Ele esteve em Natal para participar do Seminário Internacional Agora Natal, promovido pelo Grupo AgoraRN e o escritório de arquitetura Pypa Urbanismo. Neste bate papo, Gustavo falou sobre o que originou o Porto Digital como estratégia de desenvolvimento econômico e requalificação urbana, as ações que levaram ao sucesso do projeto e a importância de avançar para viabilizar moradia no bairro histórico onde está localizado esse fantástico polo de tecnologia e inovação do Brasil.

PODCAST #23 - Porto Digital: tecnologia e revitalização do Centro Histórico

Neste podcast #24, bati um papo com Lucas Vieira, advogado especialista em Direito para Startups e Tecnologias, sobre a polêmica em torno do decreto municipal nº. 11.903/2020, que trazia pesadas obrigações para os aplicativos de transporte individual e, na prática, inviabilizava a operação de muitas dessas plataformas em Natal. 

Depois de muita pressão o decreto foi revogado pelo prefeito, mas a discussão e a vigilância continuam.

PODCAST #24 - Saiba tudo sobre o decreto municipal que inviabilizava o UBER em Natal

Senado começa a analisar depois do Carnaval a proposta do Novo Marco Regulatório do Saneamento Básico. O texto, aprovado pela Câmara dos Deputados no final de dezembro, pretende unificar as regras do setor sob o guarda-chuva da Agência Nacional de Águas (ANA). O principal objetivo do projeto é abrir o mercado para a iniciativa privada, de modo a garantir recursos para a universalização do abastecimento de água e da coleta e tratamento do esgoto. Essa abertura de mercado é justamente o que tem travado as negociações que começaram em 2018.

Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), na média brasileira, 83,5% da população é servida por rede de água e apenas 52,4% tem o esgoto coletado, dos quais apenas somente 46% são tratados, conforme os dados mais recentes do divulgados em fevereiro. Esses percentuais pouco subiram nos últimos anos, ligando o alerta para a impossibilidade de se cumprir as metas de universalização até 2033, conforme o Plano Nacional de Abastecimento (PlanSab), de 2013.

Parlamentares de oposição temem que a mudança na regra prejudique os municípios mais pobres, uma vez que eles não atrairiam os investimentos do setor privado. 

Mas para viabilizar economicamente a prestação para cidades menores, mais isoladas ou mais pobres, o projeto determina que os estados componham blocos de municípios, que contratarão os serviços de forma coletiva. Municípios de um mesmo bloco não precisam ser vizinhos e a adesão ao grupo é voluntária.

É, portanto, uma discussão da maior importância, pois saneamento básico significa saúde e dignidade para a população brasileira.

COLUNA - ARTHUR DUTRA - AGORA FM - Concorrência e mais investimentos para o Saneamento Básico

Comentário para o programa Manhã Agora, da 97FM (AgoraFM), sobre a qualidade do transporte coletivo de Natal e a dificuldade de se ter uma boa mobilidade numa cidade espalhada.

Data: 03/03/2020

COLUNA - ARTHUR DUTRA - AGORA FM -  Transporte caro e ruim

Natal está carente de opções de lazer ao ar livre.

Comentário para o programa Manhã Agora, da 97FM, do dia 10/03/2020

COLUNA - ARTHUR DUTRA - AGORA FM - Natal está carente de opções de lazer ao ar livre

Mais novidades para a orla de Natal na revisão do Plano Diretor. Um novo modelo de negócio, na linha da economia compartilhada, que dinamizará o nosso turismo, em especial a Via Costeira.

Comentário gravado para o Programa Manhã Agora, da 97FM de Natal/RN.
Data: 17/03/2020

COLUNA - ARTHUR DUTRA - AGORA FM - Novo modelo de negócio para dinamizar o turismo e a orla de Natal

O coronavírus já é uma triste realidade na vida brasileira. Além da questão humanitária, que é a principal causadora da comoção que se forma em torno dessa crise, temos ainda imensos impactos econômicos que também deixarão danos para a nossa sociedade. Vários países do mundo já estão adotando providências para atender às pessoas mais vulneráveis economicamente e elaborando planos de recuperação para serem aplicados quando a crise passar. O Brasil também já anunciou medidas nesta linha. Não se pode perder tempo, e Natal tem também que tomar suas providências, não só para ter condições de atender à imensa demanda na estrutura de saúde local e evitar mortes dos nossos conterrâneos, mas também para resguardar a nossa principal atividade econômica: o turismo. 

O turismo, aliás, talvez seja a atividade econômica que sofrerá o maior impacto em razão das recomendações de redução de circulação e aglomeração de pessoas. As famílias, claro, estão cancelando suas viagens, o que reduzirá drasticamente o fluxo de turistas para Natal nos próximos meses. Perdendo o turismo, perde o município, que reduz sua arrecadação; perdem os natalenses que tem nele o seu emprego e ganha pão; perdem os empreendedores que amargarão prejuízos que dificultarão a retomada de investimentos no futuro; perde, enfim, a cidade como um todo. Desta forma, é preciso adotar salvaguardas econômicas específicas para este segmento, sob pena dele não ser capaz de se levantar quando essa crise passar. 

E para já!

COLUNA - ARTHUR DUTRA - AGORA FM - O grave impacto econômico do coronavírus no Turismo de Natal

Iniciativas solidárias e criativas para ajudar no combate aos danos decorrentes da pandemia do coronavírus.

Comentário gravado para o programa Manhã Agora, da 97FM de Natal/RN.
Data: 24/03/2020

COLUNA - ARTHUR DUTRA - AGORA FM - Tecnologia e solidariedade contra o coronavírus

A discussão pública das medidas que devem ser tomadas no combate ao coronavírus ganharam uma dicotomia que, ao meu ver, é equivocada e não nos ajuda no enfrentamento dessa grave crise humanitária. Refiro-me à discussão entre o cuidado com saúde coletiva e das vidas humanas e a preservação do ambiente econômico. Mas essas duas coisas devem andar juntas! Não dá para separá-las!

É, preciso, claro, ouvir o que dizem os cientistas e profissionais da saúde, os infectologistas, que podem dizer qual a melhor estratégia para conter o avanço rápido desse novo vírus enquanto não se chega a um tratamento eficaz para os que foram infectados. 

Mas também é preciso que os governos adotem, DESDE JÁ!, medidas que venham a amenizar os danos econômicos que já estão aí, e que atingiram principalmente as pessoas que estão no mundo da informalidade. Essas pessoas já estão amargando prejuízos e estão com sua subsistência ameaçada e, portanto, precisam de uma renda para sobreviverem até que essa crise passe. Além disso, é preciso que haja dinheiro circulando na economia e ele precisa estar na mão do povo. As três esferas de governo possuem cadastros das pessoas vulneráveis que estão na ponta da sociedade, e é preciso chegar até elas com esse auxílio de renda temporária imediatamente.

Da mesma forma, as pequenas e médias empresas precisam de um suporte econômico neste momento inesperado para que possam não só manter os empregos que geram, como continuarem existindo para que retomem suas atividades de maneira  sustentável no futuro.

Repito: ambas as estratégias devem andar juntas. Precisamos preservar a vida humana, que é inegociável e prioritária sempre, mas também não deixar um cenário de catástrofe econômica e social que pode cobrar um preço alto à nossa sociedade no futuro próximo.

Comentário gravado para o Jornal Agora, da 97FM de Natal/RN.
Data: 26/03/2020

COLUNA - ARTHUR DUTRA - AGORA FM -  Não deve existir dicotomia entre saúde e economia

Podcast gravado em fevereiro/2020 em São Paulo/SP.

PODCAST #24 - Qualidade De Vida Para O Desenvolvimento

Arthur Dutra é natalense. Bacharel em Direito pela UFRN. Advogado. Assessor Jurídico na Assembleia Legislativa do RN. Coordenador Nacional de Urbanismo e Mobilidade Urbana do LIVRES. 

Apresentador do programa Dê o Play, da 89,9 FM – Jovem Pan Natal, e comentarista na 98 FM. Ex-vice presidente da Comissão Especial da OAB/RN para a revisão do Plano Diretor de Natal. Foi Conselheiro do CONPLAM – Conselho Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente de Natal. Delegado eleito na revisão do Plano Diretor de Natal. 

Criador do podcast Natal do Futuro. Formado pelo RenovaBR, sendo o primeiro potiguar a ser selecionado pelo maior programa de formação de lideranças do Brasil.  Escreveu e publicou dezenas de artigos de opinião em veículos de comunicação locais e nacionais.

Natal do Futuro, por Arthur Dutra

Popular tracks