O que tudo isso é pra você ?
Essa cores cinzas
Esse leão pra engolir dia após dia
Esse sumidouro que ninguém acredita
Somente a dor de uma tragada maldita
Desate as mãos que te aperta a garganta
Veja o céu
A morte
A criança
Veja como suas idéias são modernas
Como bombas que explodem cabeças
E arrancam pernas
É bom saber que fora da caverna
Tem coisa à beça
Mas às vezes é bem melhor
Viver sem essa

Ignobil

Quando estou com você
Estou com preguiça
Você me acende
Você me atiça
A sua presença
me faz delirar
Seu beijo, Maria
Me faz relaxar
O gosto da sua boca
Me satisfaz
A sua essência
Me deixa em paz
Eu fico confuso
Mesmo te amando
Se estou te prendendo
Ou estou te soltando

Maria Joana
Estou amando
Maria Joana
Estou gostando
Maria Joana
Vou te beijar
Maria Joana
Vou te apertar

Ao te ver com a galera
Fiquei intrigado
E fiquei na minha
Até ser convidado
Pois o seu perfume
Exalava no ar
E eu te notava
Sem te ver passar
Mas ao te conhecer
Fiquei apaixonado
Vou querer para sempre
Te ter ao meu lado

A Bela Canção de Maria Joana

Debaixo da prata lua 
em banho negro 
fez a lua se ofuscar 
Em plena luz da rua 
um mito grego 
que flutua até alunissar 
Ela como cléo 
Cleópatra, pura, casta 
ou caída do céu 
meretriz, iconoclasta 
Sob a lua o cello 
com o vento a lhe ressoar 
embaraçando os negros belos 
cellos quase a retumbar 
Eu só peço a ela por hora 
Ame-me, mas 
só agora 
Envolta na gélida bruma 
a noite errática 
que ela deixou anoitecer 
Sutil feito pluma 
em esclerose estática 
(me deixou) 
do crepúsculo ao alvorecer 
Já que ela é o supra sumo 
Me desvia do rumo 
Com ela pra que prumo ? 
Pra sonhar com ela, eu durmo 
Eu dei a ela meu coração 
mas ela quis minha alma, no ato 
Eu dei minha alma então 
mas ela a vendeu ao diabo 
E mesmo assim eu rezo a ela por hora 
Ame-me, mas 
só agora 
Eu sinto entre seus dentes 
minha carne crua 
precedendo um malogro 
Seus lábios vermelhos quentes 
insinuam 
que essa luz é sol, é fogo 
Já que ela é o supra sumo 
Me desvia do rumo 
Com ela pra que prumo ? 
Pra sonhar com ela, eu durmo 
Eu dei a ela meu coração 
mas ela quis minha alma, no ato 
Eu dei minha alma então 
mas ela a vendeu ao diabo 
E mesmo assim eu prego a ela por hora 
Ame-me, mas 
só agora


Blues da Lua

O centro da minha cabeça não é no centro
Ele fica mais pro lado
Se embala
rumo à livre percepção que resvala na mão que afoga a razão
E encarar
o aparelho ineficaz que não alinha as portas que apontam saídas reais
Inalar
essa dose que cura o veneno cotidiano que vai pr'onde o sangue circula
Ampliar
as colunas distantes que impedem o vislumbre perfeito do deslumbrante horizonte
A janela fechada que impede a passagem
da nuance volátil que seguir
Viagem

"Relativo à sensilbilidade; próprio para transmitir sensações; qualquer senso nervoso sensitivo".

Sensorio

Como pode tanto descontrole
Uma presença que me inunda
Me encharca de seu mar
Há um desmedido entorpecido
Sentimento escondido
que se expõe sem recear
Entôo então uma canção pra ela
Me encasulo nesta cela
Em perpétua devoção
Pinto sua imagem em mil telas
Recombino as aquarelas
Busco sua perfeição

Joana, joaninha ou francesa
A beleza que põe mesa
Inspira os olhos que aqui vê
Um beijo entorpece toda a mente
Língua, suor, saliva, dente
Turvos olhos, nada vê

Entôo então uma canção pra ela
Me encasulo nesta cela
Em perpétua devoção
Pinto sua imagem em mil telas
Recombino as aquarelas
Busco sua perfeição

Como pode tanta perfeição
Joana, tire os olhos dos meus
Anda pela rua sem rumo, então
sem razão

Ciranda de Joana

"Eu te darei luas"
Foi a promessa que me fez a luz do sol
"Toda estarei nua"
Foi o que disse quando estávamos sós

"Te dou minha vida"
"És meu menino"
Depois me larga
Me enxotando feit um cão

Eu te darei a rua
Prometo que irás dormir sob céu
Te tratarei crua
Cuspindo que teu beijo tem gosto de fel

Sai da minha vida
Tu és moleque
Então te largo
Te enxotando feito um cão

Você quer me deixar sozinho
Promessas, depois solidão
Você pra mim é um menininho
Não serve pra mim não

Luas e Ruas

Amor, o amor não vale mais
Let's go to Paradise
Esqueça os demais

O mais puro ar
A água do mar
É tudo belo lindo
Bem legal de ver
A prata, o luar
O ouro solar
E o gostinho
Bom de te ter

Não pode fumar
Não pode trepar
A merda, a paz e a reza
É tudo ruim de crer
O saco de estar
Do lado de lá
Aturando ter que te ter

Tô de saco cheio
Tô sem um puto no bolso
A molecada nova
só me chama de tio ou moço
Os meus aliados
me venderam por seus egos
Devo a todo mundo
mas ainda sim eu nego

Paradise

Canto os altos da sua doce libido
Ápices e descensos dos seus sentidos
Ao sentir sua mão sob meu vestido

Sinto-lhe dedilhar no meu umbigo
Embraveço-me ao sentir-te contido
Ao saber que em mim nada é proibido

Ao te ver me transformo num lumaréu
Subitamente me encontro no céu
Faço festas, feiras, um escarcéu

Sinto um frêmito sempre ao perceber
Que te amo e que tenho você
Esse imane amor não me deixa esquecer

Sinto-lhe dedilhar no meu umbigo
Embraveço-me ao sentir-te contido
Ao saber que em mim nada é proibido

Ao te ver me transformo num lumaréu
Subitamente me encontro no céu
Faço festas, feiras, um escarcéu

Amor Libertino

Vai Juliana cantando
seguindo seu coração
deixa a saudade perdida
buscando outro rumo
pra vida de então

Vai Juliana perdida
deixando seu coração
busca saudade da vida
seguindo o rumo
da outra canção

Adeus casa
Adeus mãe
Adeus santa proteção
Bem vinda às garras
do mundo
que aos poucos desfaz
a sua ilusão

Foi-se a criança inocente
Foram os castelos então
Todos os sonhos ruiram
e os que se construíram
foram em vão

Este mundo se ressente
com sua opinião
Só lhe reserva este breu
e o que pensas que é seu
é só embromação

Adeus casa
Adeus mãe
Adeus santa proteção
Bem vinda às garras
do mundo
que aos poucos desfaz
a sua ilusão

Juliana

Avisei a você
É bom não brincar com isso
Mas você não me escutou
Eu tentei ser seu amigo
Eu tentei te dar conselhos
Eu tentei fazer seus erros
se transformarem em acertos
Beatriz toda vestida de preto
Chegando em casa com olhos vermelhos
Pra dizer que é má
Pra dizer que é revoltada
Indo pro seu quarto
Passando direto pela sala
Ninguém mais acredita em você
Uma garotinha mimada
querendo aparecer
É triste ser como você, Beatriz
Vaidosa, egoísta, estúpida e infeliz
Rodeada de amigos imprestáveis
Que só querem se aproveitar
Do dinheiro que você tem
E só papai e mamãe podem dar
E só papai e mamãe podem dar

Mas quando está acordada
É no meu colo que você vem chorar
Beatriz, cê tá tão perdida
Vagando entre este corpo de mulher
E esta cabecinha de menina
Que tenta fazer de sua bobagens
Uma fina e inteligente ironia
Achando que já é gente
Fazendo um humor sarcástico
Que só você entende

Eu queria salvá-la hoje
Mas você escondeu sua beleza
Atrás dessa alma podre
Que você tem orgulho de cultivar
Só pra ferir, só pra machucar
Por achar que nunca foi amada
Mas já não posso fazer nada
Com você nessa cama de hospital
Numa situação irreal
Com os médicos nesta correria
Sua família a beira da histeria
E você nem liga
Já vai começar a dormir
Cê tava certa, tenho que admitir
Bia, Bia, foi bom você fugir daqui
Foi bom você fugir daqui

Beatriz

Calcada num nomadismo efervescente que vai rolando até o incerto oceano do desemboco, a Baader se constrói e se desmonta permanentemente através das suas composições e melodias intuitivas, com relances naïfs e pinceladas artesanais que resultam em música para o deleite e diversão da própria banda e de quem a ouve. Psicodelias, reflexões, prazeres e diversões são alguns dos ingredientes que incrementam o caldeirão barrocodélico desta banda carioca em infinita gestação com Fernando Flack  no vocal, violão e guitarra, Marcio Cunha na guitarra, Marcos Valois no baixo, Marcus Santos na guitarra e percussão, Fernando Diferente na percussão e Paulo Maurício na bateria.

baader

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