A segunda edição da obra Visagens e Assombrações de Belém, do escritor e jornalista Walcyr Monteiro, foi adaptada para livro áudio. O livro também já foi utilizado como base para produção de roteiro de longa-metragem e curta-metragem. 

No primeiro ano do curso de História da Univille, em 2018, os alunos Osmarcy André e Lucas Borba tinham um trabalho para entregar. Era a disciplina de História, Educação e Tecnologias Digitais. A princípio, a ideia era um podcast de inclusão social, Osmarcy melhorou o projeto para um livro áudio. 

A gravação do livro, editado em 2000, começa com a frase de Machado de Assis, recitado por Osmarcy, logo após o título:

“As lendas são a poesia do povo; elas correm de tribo em tribo, de lar em lar, como a história doméstica das idéias e dos fatos; como o pão bento da instrução familiar. 
…mas o povo crê, e não convém destruir as fábulas do povo
Este cultivo dos mitos, não é, talvez, o aguardar laborioso das verdades eternas?”

Em seguida vem a parte ‘Bate-papo com o leitor’, narrada por Lucas Borba, em que Walcyr Monteiro agradece a receptividade de leitores, pede opiniões e sugestões para os próximos trabalhos. 

A próxima narração é dos dois, é a parte que se chama ‘Deu no Jornal…!’, uma publicação do jornal Repórter 70, de Belém, em 12 de março de 1987. Em seguida, Lucas começa a narrar o primeiro conto: A Freira da Praia de Marudá. A Freira da Praia de Marudá é uma das lendas de Dona Márcia, que nasceu e viveu em Marudá. É sobre a história de uma religiosa catequista que havia morrido alguns anos antes.

A Iara do Rio Santana, narrada por Osmarcy em seguida, é uma das lendas mais famosas da planície amazônica, mas também fora das suas fronteiras. De diversas maneiras já foi contada a história da bela mulher que vive no fundo dos rios e, quando se agrada de algum rapaz, magnetiza-o com seu maravilhoso canto, levando-o consigo.

O Casamento é, talvez, a história mais triste do livro. É a história de um rapaz chamado Samuel, que era apaixonado pela menina Flora. O casal estava fazendo planos para o casamento, mas o romance terminou em tragédia. Flora adoeceu, estava muito fraca, os médicos não conseguiram cura e ela acabou morta. Passados dois anos, Samuca encontra Violeta e começa um novo romance, mas quem escutar a lenda, narrada por Borba, vai entender que não é uma história de amor.

Osmarcy narra A Velha Belízia a partir dos 23 minutos. É uma bruxa velha que, à noite, se transforma em um pássaro que pousa sobre os muros e telhados das casas, assobiando, e só para de assobiar quando o morador, já enfurecido pelo estridente assobio, promete a ela algo para que pare. Assim, ela para e voa, e no dia seguinte vai até a casa do morador para cobrar o prometido. Caso seja negado, uma desgraça acontece na casa da pessoa perturbada. Osmarcy, como um legítimo narrador, assobiou para interpretar o pássaro.

O último conto é do Curupira, personagem clássico do folclore brasileiro. É um menino das matas, moleque de cabelo comprido, tem os pés virados para trás como característica principal. Sempre com os pés virados e uma grande força, engana caçadores, fazendo-os perder o rumo certo, confundindo-os dentro da floresta, com diversos sinais falsos. A última lenda narrada termina aos 37 minutos e 19 segundos.

A última parte do livro áudio, narrada por Lucas Borba, é sobre o carnaval de Belém. Com cerca de 700 brincantes, a Mocidade Botafoguense, escola de samba do Pará, garantiu o título de vice-campeã com o tema Visagens e Assombrações de Belém no desfile, fazendo homenagem ao escritor Walcyr Monteiro.

Lucas Borba

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