Track 2


Imerso eu penso,

Imenso eu verso,

Inverso eu venço

meu íntimo tímido

diante de tudo

desnudo.



Atravesso a mim mesmo,

como quem reconhece

a palavra mentida em

cada palavra lavrada,

em tudo a mesma cilada:

eu mesmo, lavrador de palavras.



Escrevo de fora pra dentro,

pequeno como me meço me leio.

Dentro desse mundo perplexo,

o reflexo permeia de areia o castelo

que é também um castigo. 



Motor Complexo da Palavra

Amor: ilusão dos instintos,
Dos futuros animais extintos,
Pela ilusão do amor...

Extinto Instinto

Alguma coisa mudou em mim,
meus poemas nunca foram bons,
mas gora ficaram ruins.
(nem ligo: lálálá)

Foram Bons

- Desculpe, transeunte,
esse riso no meu semblante...
Trago a felicidade do mundo
no meu caminhar elegante...

- Leva daqui o teu mundo de pressa,
não te aborreças com a contramão!

- Sê tolerante com minha ilusão!
Esqueça a minha falta de modéstia,

- Não seja tão pouco urbano!
(Meu passo está leve, meu coração vai cigano...)

Doutra feita te ensino o segredo.
Saiba, por hora, isso que sei:
- Esta lenta desfaçatez
delirante
vale mais que a rigidez ofegante
da tua busca agitada:

Se meu passo não movimenta a economia,
ao menos não fere a calçada...

Trombada no passeio

Se é que sou sexo,
sem nexo, se é que sou.

Complexo nexo desse sexo,
sem nexo se é que sou.

Complexo sexo desse nexo,
sem sexo se é que sou.

Culpa de Sálmacis?

Se quedan las horas y me pasa

inadvertida la vida,

tambien asi cambie mi mundo que no era mi mundo,

se queda la vida y me pasan inadvertidas las horas

tambien asi cambie mi tiempo que no era mi tiempo

y tengo placer en todo que esta vivo

y en todo que existe para ser cambiado...

Mi mundo era otro, pero yo, el mismo.

El Mismo

Chove em São Paulo,
as gotas caem sobre os arranha-céus,
danças se formam sobre o cinza do asfalto,
gira mais lento o nosso carrossel...

Chove em São Paulo, chove em São Paulo.

Chove em São Paulo,
marquises perfeitas para se abrigar e
sob os toldos das bancas de jornais
ler mais um recorde para as marginais...

Chove em São Paulo, chove em São Paulo.

Chove em São Paulo,
os guarda-chuvas negros pelo ar,
os trilhos param, sem sobressalto,
uma desculpa a mais para se atrasar...

Chove em São Paulo,
ruas e rios agora viram mar,
a cidade agora é uma grande nau,
todos prontos para naufragar?

Espero o sol se abrir como uma claraboia.

Chove em São Paulo,
um homem olha pra cidade no chão,
vê mais beleza nela vista daqui,
sente o convite vindo do sexto andar.

Chove em São Paulo, chove em São Paulo.

Chove em São Paulo

Morrer tem um nome,

é um verbo enorme,

nos ocupa.

Tomie tem um nome,

nenhuma obra de Tomie tem um nome.

Tomie

O amor é uma coisa pequenina,
dança fora, dança dentro,
do corpo da formiga.

é o sonho da menina 
que não sai do pensamento,
é flor de manjericão
sorrindo leve contra o vento.

e a saudade é a lembraça
na ponta dos meus dedos
entrelaçando seus cabelos.


deixa eu ver brotar o tempo 
no canto dos encantos dos teus olhos
e aprender a amar
a juventude envelhecendo...

Brahma Tucci

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