Braunation - Prymogênita

BRAUNATION - EP DERRUBA OS MUROS DA CIDADE!

07/ A.MA.SSA

Cadê os tambores do meu povo?
Tambores lacrados a ferro e fogo
Onde estão os tambores da minha gente?
Tambores que cegam a serpente

Se se – se economize pra puder aguentar
Se se – se economize pra sobreviver
Vá vá – viver o jogo sem puder ganhar
Vá vá – jogar a vida sem puder perder

Eu vi – se economize pra puder aguentar
Police – se economize pra sobreviver
Sem mais - viver o jogo sem puder ganhar
Matar – jogar a vida sem puder perder

Eles estão cegos? Estão!
Cegos na multidão
Sem perceber viraram
Máquinas de forma padrão

E a esperança que não sai do meu olhar
E a esperança que não sai do meu olhar

Tira o seu sonho e bota a mão na cabeça
Tira a sua realidade e bota a mão na cabeça
Tira sua liberdade e bota a mão na cabeça
Passa a mão na cabeça
Passa a mão na cabeça
Passa, passa, passa, bota a mão na cabeça

E a esperança que não sai do meu olhar
E a esperança que não sai do meu olhar

BRAUNATION - EP DERRUBA OS MUROS DA CIDADE!

06/ Tambores do Meu Povo

Bonde bonde 
Cola no bonde

Pula catraca 
Pega troco
Pulsando gingado 
Não passa sufoco

Timbala no fundo
Rebola sem culpa
Respeito pro povo
Domingo é cultura

Sem freio nem cura
A 200 por hora
Embola na curva
Mistura na torah

Suando na naveh
Mais de um milhão
Vem sem gravidade
Voando no chão

Vamos partir pro espaço
Parar o relógio
E no tempo ficar

BRAUNATION - EP DERRUBA OS MUROS DA CIDADE!

05/ Bonde

Quando o sol bate
Bilha logo a minha pele negra
Ativa a força da batida
E o pagode canta
Em forma de mantra
Pro povo se jogar

Um movimento envolvente
Ciente e sensual
Levita o corpo que
Derrete em um transe astral
Hipnotizo e giro o mundo em minha saia rodada

Abre logo a roda que eu quero entrar
Pra vadiar pra vadiar
Abre logo a roda que eu quero entrar
Pra vadiar pra vadiar

Tomo o espaço - com salto de aço
todos que se atrevem - no passo eu arraso
sem duplo sentido - eu sou mais direta
abro sua mente - sem abrir as pernas

Machuco machuco
Bato o pé no chão
Rebolo rebolo
Te boto em minha  mão

BRAUNATION - EP DERRUBA OS MUROS DA CIDADE!

04/ Saia Rodada

Entre no transe
Alcance o espaço
Dance não canse
Sinta o om da onda

Come in to trance
Get into the space
Dance not get tire
Feel the om da onda

BRAUNATION - EP DERRUBA OS MUROS DA CIDADE!

03/ Om da onda

Chegamos nas rádios
Dos postes dos guetos
Com sangue nos olhos
Demanda e dendê

Dilui nas cabeças
Vírus programados
Derruba o sistema
Te deixa afetado

Gambiarra ótica
Quebradeira exótica
Pankada caótica
Pagodão é o barril!

Pirata e original
Vanguarda e ancestral
Cyborg e canibal
Eu quero ver agora ficar em pé qualquer muro

Eu sou a alma e a cor da cidade!

Estamos no top 
De vendas piratas
Explodindo nos graves
Dos fundos das barcas

De cabo cruzado
Benzido e fechado
De costas pro tempo
De frente pro espaço

Gambiarra ótica
Quebradeira exótica
Pankada caótica
Pagodão é o barril!

Pirata e original
Vanguarda e ancestral
Cyborg e canibal
Eu quero ver agora ficar em pé qualquer muro

Eu sou a alma e a cor da cidade!

BRAUNATION - EP DERRUBA OS MUROS DA CIDADE!

02/ Prymogênita

Perdida no espaço
Bahia de todos os donos
Feita em pedaços
Choque entre todos os mundos

Na terra de um outro planeta
Que enterra toda nostalgia
Carrega como um cometa
O fim recomeço dos dias

Welcome to Braunation

BRAUNATION - EP DERRUBA OS MUROS DA CIDADE!

01/ Padê Chula 3000

Há aproximadamente três décadas, surgia nos caóticos aglomerados urbanos da cidade de Salvador, o que viria ser o movimento musical mais inflamável e marginalizado da capital Baiana: o Pagode. Herdeiro da rítmica africana e suas transmutações regionais, tornou-se potência criativa unânime e reflexo sonoro amplificado e singular do cotidiano frenético dos guetos da cidade.

Em tempos de avanços e democratização da tecnologia nas periferias de todo o mundo, o Pagode reafirma a Bahia na rota de uma nova revolução da produção musical, fazendo parte da esfera do que se denomina “Global Guetto Tech”: música feita nos guetos, baseada na tecnologia, ligada ao regional, mas pensada mundialmente.

Explorar essas novas dimensões, desconstruir, sintetizar e amplificar a conexão do Pagode feito na Bahia com o restante do mundo, experimentando novos caminhos através da música eletrônica, foram os estímulos que fizeram com que em 2010, o duo de produtores Mahal Pita e Rafa Dias, desenvolvessem o protótipo do que mais tarde se tornaria a Braunation.

Através dos potentes riffs contrastados a mantras melódicos de guitarra e baixo (transfiguração das violeiras), dos frequentes refrões evocados em coro ou das células percussivas convertidas em organismos binários que alimentam o transe de beats progressivos, é composta uma atmosfera essencialmente digital, mas que se configura de maneira umbilical com a ancestralidade e a transcendentalidade soteropolitana.

Sob o signo do Afrofuturismo e da Diáspora hi-fi, a Braunation respira esteticamente o visionismo de uma Bahia potencialmente híbrida, situada adiante, onde o original e o pirata, o ancestral e a vanguarda, o analógico e o digital, coabitam a mesma órbita, ritmando uma dança frenética que também é mental.

Nesse início de trajetória, já algumas conquistas: em 2011 foi convidada a participar de uma seleção nacional, para integrar a coletânea Brazil Music Exchange produzida por uma das revistas mais conceituadas de Worldmusic da atualidade, a londrina Songlines; em 2012, participou do álbum Brazilian Bass Culture & Beyond distribuída em diversos países da Europa, EUA e Canadá e do Encounters 2012 , ambas iniciativas da BM&A (Brasil Música e Artes) e da APEX-Brasil. Nesse mesmo ano, integrou a coletânea “Bahia Music Export” organizada pela SECULT, projeto de promoção da música baiana no exterior que teve sua distribuição no WOMEX 2012 realizado na Grécia.

Em 2013, após dois anos de experimentações transportando a multiplicidade soteropolitana aos estúdios, por fim é chegado o momento de devolver as ruas o primeiro registro físico: o EP Derruba Os Muros Da Cidade. Uma ode a Salvador e uma reivindicação do espaço do Pagode no cenário do Global Guetto Tech, buscando reafirmar mais uma vez, o multiverso de possibilidades sonoras da Bahia, do Nordeste e do Brasil.

Osmar Gomes: Percussão e Efeitos
Nilo Ramox: Vocal
Mahal Pita: Baixo
Rafa Dias: Guitarra
Tito Vinícius: Bases e Sintetizadores

Produção Musical: Mahal Pita / Rafa Dias / Tito Vinicius
Direção Criativa: Diane Lima e Mahal Pita

Braunation

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