"a língua enlaçando a fala
verbo incandescente
pirotecnia delirante

o sol vem descendo o monte
derramando chamas
até se afogar no horizonte

(horizonte estendido
o infinito às cegas)

tenho que ter
caleidoscópica visão
para poder visualizar
dantesca dimensão

lá se vai
a firmeza do chão
minha cabeça gira
movediça emoção

magneto imanente
força motriz
substrato da mente

o que tenciona
a máquina pensante?

volver às origens
em mergulhos profundos
ou em voos rasantes "

Gravador de Voz

(asas da primitiva manhã)poema na voz de Marise Castro

"sei lá!
ousei falar de amor 
com ares de poesia
mas o que eu não sabia
era que o amor já existia

sei lá!
lacei o vento 
abracei o mar
criei asas de sonhos...
misturei o real com a fantasia
 
sei lá!
pensei que o tempo responderia
mas o tempo tem seu tempo
e antes disso 
nada dizia

hoje cultivo o silêncio
e o silêncio é profecia"

(Sei lá!) Poema na voz de Marise Castro

(Linhas Sobrepostas)Poema na voz de Marise Castro

(Uma Cor, Uma Flor, Um Amor)Poema na voz de Marise Castro

(Senhor Absoluto)Poema na voz de Marise Castro

doçura de favo 
secreta manhã

olhando do alto
um campo de estrelas

por outro ângulo
estrelas florindo

no chão, lavanda
alfazema no vaso

flor da lua, na pele
semáforas do desejo

(secreta manhã) Letra - José  Carlos de Souza /Música - Hamilton Hagard

a vida tecida manualmente
dispensa atavios tecnológicos

são tendas 
de sedas e rendas
suspensas no ar

são mantos 
manchados de sombras
querendo voar

são tardes indolentes
traficando memórias
mapeando o que virá

rio despretensioso
arrastando caminhos, perde-se
no silêncio das margens

e com muito vagar
sem grandes arroubos 
a vida paaaaaassa

feito pássaro 
tecendo ninho

(tecelã) - Letra: - José Carlos de Souza / Música e voz: - Hamilton Hagard

depauperada ossatura 
arquitetura dos escombros 
tétrico, calabouço insano 
arcabouço das mazelas
depressivo parque humano

cata-vento de caprichos
no inventário das ruínas
grita, clama, proclama
velho comboio de cordas
que invalida as espécies

o real se decompõe
na quimera dos restos
nos rostos sombrios 

como o sol que se põe
rubros, olhos plurais

olham as estrelas, às cegas
no oceano do tempo

(parque humano) - Letra: José Carlos de Souza / Música e  voz: Hamilton Hagard

"calma!
não me leve a alma
não me tire a paz
leve somente
os últimos poentes
e algumas estrelas cadentes

deixe comigo
os aromas recentes
os sabores antigos
mas seja breve
não me roube o tempo
nem gaste o seu latim

vamos deixar que a paixão depure
e o coração uma razão procure
e o amor nos diga sim ou não
não ou sim "

Não ou sim (Letra: José Carlos de Souza/ Música: Evaristo Filho-Rogério Franco/ Voz: Edu Asaf

Caminhos do coração - Letra: José Carlos de Souza / Música: Vicente Viola

coração do poeta
bate surdo
quando o samba 
se faz mudo

o samba é semente
que brota da imaginação
fecundo raio de luz
que rasga a escuridão
quando a madrugada
recolhe o seu manto
o poeta com voz orvalhada
embriagado de poesia
tira do silêncio o canto
falando de amor
em cadenciada alquimia

na folha da memória
inscreve-se a boemia
colocando o samba
na pauta do dia
e a velha guarda
nos livros de história 

coração do poeta
bate surdo
quando o samba 
se faz mudo

Samba Mudo - Letra: José Carlos de Souza / Música: Wimer Bottura

(Qualquer viagem)- Letra: José Carlos de Souza / Música e voz: Mano Men

sou águas de um outro rio
nascente do infinito ancestral
versos colhidos no alvorecer
alegria de um eterno carnaval

sou pacato
simples sensato
mas bem que eu poderia ser
espalhafatoso
rebelde raivoso

singular e plural
poeta de estética marginal
ator sem teatro
Carlitos numa foto 3x4
pastor de estrelas
num céu de nuvens domadas

nas noites mágicas de amor
sigo o revoar dos silêncios

José Carlos de Souza

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