VELOCINO 2 :: letra + música :: cassandra véras
VOZ: Kátia Virgínia - CD Dever de cantar

sua música é
um transe ativo
onde me atiro ao ritmo
dos tambores
- quase apocalíptico -
semi-êxtase total
delírio explícito

seu verso é como um trâmite
ilegal, malha sem lei
seus versos são espécie de céu
que imaginei

sua voz não tem planos nem passado
não tem órbita certa
voa num trem
pelos trilhos, em espiral
como se o tempo imenso
não tivesse pressa

e você diz, desesperado
que compor na noite, no hotel
era tão necessário
quanto o toque mágico
do mágico
na aba do chapéu

Kátia Virgínia

velocino 2

DESCOMPROMISSO :: letra + música :: cassandra véras
VOZ :: Kátia Virgínia - CD Dever de cantar

num cabaré na martinica
num banheiro de motel em teerã
numa briga com a polícia
pelas ruas de manhattan

com a flor do sol na pele
pelas vias marginais
do outro lado da intriga
quem me cerca pode crer...

que eu vou ceder, mas sem compromisso
pulando a cerca de improviso

numa ilha grega, em dallas
num palácio coreano no seul
nas friezas do aconcágua
na república da áfrica do sul

numa fila indiana
no trem expresso pra moscou
nas escadas, nas esquinas
que me espreita pode crer...

que eu vou ceder, mas sem compromisso
pulando a cerca de improviso

descompromisso

letra + música :: cassandra véras
part. esp. :: capilé

estação ferroviária
trem chegando
o trem que chega
bem devagar
trazendo caras cobertas de poeira
trazendo cartas de quem não vai voltar.

e o povo se agita
na plataforma
trocando beijos e abraços cordiais
mas há também
gente que chora
face às partidas incondicionais.

eu carrego duas malas
tão pesadas
numa a esperança
na outra a solidão
subo correndo no trem
quase partindo 
e me dissolvo na fumaça do carvão.

da janela que me coube
fico olhando
essa partida sem ninguém pra em acenar
e na chegada, ninguém me espera
não tenho porque ir 
nem também porque ficar.

* uma das primeiras músicas q compus, nos anos 1980. duda gravou m 1993. brigada, duda!

Estação Ferroviária

IR :: letra  & música :: gera brito + cassandra véras}
VOZ :: Emerson Uray - CD Boas Novas

outra batalha
ganha, perde
quem segue a alma
leve até o fim da escuridão
ô, ô, fim da escuridão
ô, ô, fim da escuridão

raios de sol
que vi
sopro de deus
ali

iluminado vento
iluminado vento
qualquer coisa 
qualquer grito
até friso
(o sentimento de quem despertar)
pra nunca mais
adeus à vida
o filho ateu
a mãe, a ilha

quando mergulho fundo 
na minha memória
harmonizando-me no ventre
dessa aura
se foram os loucos
que sempre fizeram a história
por que mudar minha filosofia
agora?

DESCOMPROMISSO :: letra + música :: cassandra véras
VOZ :: Emerson Uray - CB Boas Novas

num cabaré na martinica
num banheiro de motel em teerã
numa briga com a polícia
pelas ruas de manhattan

com a flor do sol na pele
pelas vias marginais
do outro lado da intriga
quem me cera pode crer...

que eu vou ceder, mas sem compromisso
pulando a cerca de improviso

numa ilha grega, em dallas
num palácio coreano no seul
nas friezas do aconcágua
na república da áfrica do sul

numa fila indiana
no trem expresso pra moscou
nas escadas, nas esquinas
que me espreita pode crer...

que eu vou ceder, mas sem compromisso
pulando a cerca de improviso

ESTAÇÃO IMAGINÁRIA :: letra + música :: cassandra véras
VOZ: fabio viana - CD identidade humana {in memoriam}

esquecer, esquecer
e varrer da memória
com um sopro de vento
e um gosto de vitória

não, não
não vou andar
não vou atrás
não vou brincar de esconder
lugares bran
constelações
não vou nem aparecer

simplesmente estarei
junto a mim
na névoa
desse outono sem folhas
nessa estação imaginária
que é a terra

{entre vênus e marte | amor e guerra}

estação imaginária

O AINDA-MAR :: letra + música :: cassandra véras
VOZ :: renan barbosa

te tirar de mim
agora
arrancar
a própria pele
e num riso
sem destino
parecer alegre

distrair
o corpo e a sede
entregar
o frio à neve
e na dor sem morte ou cura
parecer alegre

há quem custe acreditar
o amor e-terno
sempre o mesmo antigo barco
o ainda-mar sem cais

o ainda-mar

OSSOS :: letra + música :: cassandra véras
VOZ: gabriel caminha | http://palcomp3.com/gabrielcaminha

já me acostumei 
a não ter você por perto
os dias são calmos
às vezes têm seu brilho
a noite são o frio e o calor
sem seu abraço
amores por acaso
e tudo aquilo que há de eterno

já desisti de ter
sua boca na memória
os olhos sem mistério
um passado ainda novo
à noite quando sonho
são meus sonhos tão estranhos
e agora nos meus planos
o futuro é quase outro.

ossos

JOSÉ, JÚLIO, JORGE
[letra+música: cassandra véras, 1980-90]

a noite é imprecisa
navio na corcova
do camelo
o omem se abriga
na tempestade
de si mesmo.

dois
o deus e ele
entre os raios
procurando
os dias no espelho.

a sorte é escondida
enguia em meios às algas
pesadelo
o omem se acredita
náufrago do naufrágio
de si mesmo.

pelas ruínas
-. cego .-
circulares
lendo labirintos
com os dedos.

a morte é esquecida
memória contrária do começo
o omem se multiplica
no mito, no ídolo, no avesso.

e é o tempo
espuma
sobre os mares
-- congelado --
um só segundo
único e espesso.

josé, júlio, jorge

VELOCINO UM
letra+música = cassandra véras

ele é um gênio eterno 
senso de beleza
corre fácil os olhos 
pelas folhas
todas as certezas
faz tanta coisa pra brilhar 
em outras estrelas.

ele canta as vacas
as profanas descobertas
o homem em pé na lua
o menino na rua ouvindo
quase morto 
a tropicália autofalante o porto
de argonautas, celacanto.

canta lindo a fé e os males
da bahia ele fala até 
da seda azul que havia.

vê os trens, a ganância
os normais, uns assim
outros iguais a mim
descobrindo à noite
o negror da pena
do pavão.

homem tambor antena e motor
retina atenta à luz

apreendendo o momento
o movimento aa criação
sempre mágico imprime
ao fim da tarde um tom
de jambo ruge amora
quando canta se enamora
quase cora de emoção.

sete vezes sete mil vezes sete
sob o sol e a lua
a música
doce
e 
nua.

onda de ternura pelos campos
miúra apaixonado
em seu espanto
derrubando as cercas
todas as paisagens úteis
precisamos ser trust
precisamos ter que 
confiar

ah! 

e você ainda aí
dizendo xêt
inconsolável censurando a censura

convencendo o tempo com uma rima
se queixando
as gueixas as princesas se entregando
ao vinho ao vício das paixões
abrindo as portas as janelas labirintos

tecendo o fio íntimo
íntimo entre o silêncio
...
e os sons.

querendo sem querer querendo
a lua de outra língua
o brilho além shymoon
a lua tímida

além dos limites da intriga
gossips, no!
homem comum

e eu nunca mais iria terminar
...

Velocino Um

letra + música = cassandra véras

faz de conta que é de noite
e os fantasmas
traumas
arrastam correntes
pelo corredor de luzes florescentes
a[s]sombra[-]do nosso amor
e pra não morrer de medo
abra a janela acenda 
um pouco a luz do sol
peça ao corpo um movimento
brusco, um grito, um jeito
de se libertar
dance seus rocks diários
pratique a magia de exorcizar
e eu, o meu, o nosso amor
possam talvez assim lhe abandonar.

faz de conta que o espelho
não registra o brilho do olhar final
quando a face parte e deixa
o improvável gesto
preso no cristal
e pra ter certeza, volte
veja que esse beijo
é mesmo irreal
cante em tom de esquecimento
memórias ao vento
que por bem ou mal
hão de ser sempre fantasmas
imagens diárias
falhas do querer
e eu, o meu, o nosso amor
possam talvez assim sobreviver.

A voz do agora

faz de conta

letra + musica = cassandra véras

na vida real
eu sou um blue
um sopro azul
um som neon
vivo no ar.

na verdade eu sou
as duas faces da canção azul
que à (a) noite procurou amar
e rir do amor.

anuncia o edifício (anuncio é difícil)
o tom do meu batom
vôo de boca em boca
quero o mel da flor mais louca
pra compor um doce blue
sweet blue, doce blue.

no palco, em cartaz
o som mais índigo
íntimo blues
e eu quero mais
que o índico, pacífico
atlântico sul
a cor do mar é pouco
quero um tom de azul
mais rouco
pra cantar um doce blue
sweet blue, sex blue.

cassandra veras

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