Faz isso não
(Carlos Bacelar/Chico Alves)

Ontem eu pensei te procurar
Pois sentindo a sua ausência
Me invadiu a fria solidão
Ontem nosso amor tinha cadência
Hoje perdeu a dolência
Não tem mais desenvoltura
Mas nós vamos prosseguir 
Se você me der a mão
Deixe dessa indiferença
Meu amor faz isso, não
Eu te confesso, é o que peço
Em meus versos
A cada manhã
Pra que tanto resistir
Ao desejo de me amar
Se o amor tem estrutura
Nenhum vento vai levar
Solavancos, barrancos e trancos
Ele tudo segura

Faz Isso Não

Tomando dura
(Carlos Bacelar/Manuela Trindade)

Me mandei lá de Bangú
Kombi, trem
Ônibus em pé
Um calor de belzebu
Vai vendo bem, qual é

Uzomi chegaram, me esculacharam
E baixaram o pau
Diz que usaram faro
Pra ver vagabundo e sacar marginal
Mostrei documento
Mas perdi meu tempo
Pois meu RG
Veio comigo bem antes de eu nascer

Juntou gente em volta
Dizendo: “não solta”
“É safado, é ladrão”
Alguém com escolta
Me olhou e me disse:
“Não foi ele não”
Geral foi embora
Fiquei meia hora
Olhando pro mar
Meu crime foi vir pra praia
Sem ser pra trabalhar


-- intérpretes

Voz: Simone Franco
(https://www.facebook.com/cantorasimonefranco/)

Violão: João Bouhid
(https://www.facebook.com/jbouhid/)

Tomando dura

Luar de capital
(Caio Brandão/Carlos Bacelar)

Partiu, tirou meu calcanhar
Você sorriu, viu?
Nas ondas desse mar
Você partiu: frio
Bancou Lisístrata
Você sumiu
Tirando a poeira das canções
Levou dos nossos corações o amor
Em sua carruagem de ilusões
Deixou meu desespero coberto de flor

Luar de capital
Pra quem tem pressa de viver
Não interessa
Coisa pouca, ninguém pode resolver
A guerra se desfaz
E entra na festa
Porque a vida é o que resta
A centelha que se pode devolver

Luar de capital

Modo de existir
(Carlos Bacelar/Yasmin Alves)

Quem traz essa beleza no olhar
Não combina com o mal que fez
Mas foi bom, passei a acreditar
Que já não valia outra vez
Portas e janelas se abrirão
E as velhas sementes vão florir
Coração não cansa de tanta procura
É seu modo de existir

Abro o coração pro sol do amor entrar
Lavando a cicatriz nas águas de outro mar
Se ficou saudade, tenho consciência
Mas sigo mudando com a paciência
Pra encontrar a calma e me libertar
Quem me deixou infeliz
Não posso perdoar

Cavaco e Voz: Yasmin Alves (www.facebook.com/yasminalves65)
No YouTube: https://youtu.be/ywZDf2G146M
No Facebook: https://goo.gl/uK6voH

Modo de existir

Sonho acordado
(Carlos Bacelar/Caio Brandão)

Quero em meu beijo te envolver
Te aquecer com meu calor
Sentir seu cheiro e sussurrar
O quanto é grande meu querer
Não tô falando de amor
Nem quero a sua atenção
Eu quero é mesmo aproveitar
Pra te agradar, posso esquecer

Teu corpo a se redimir
Pelos erros que nos afastaram
Repousa no meu
Que deixou de se iludir
Pois a tempestade se deu
E eu não podia esperar
Que o céu viesse a se abrir
Pois a tempestade se deu
E eu não podia esperar
Que o céu viesse um dia a se abrir

Sonho acordado
Vejo as estrelas
Cortejo o sol
Ao amanhecer
Quero em meu beijo te envolver

Sonho acordado

No cortejo
(Pedro Costa/Carlos Bacelar)

Beijo rubro, furta cor
No cortejo novo amor
De sereia e pescador
É anil minha ilusão

O desejo pelas ruas
Coloriu a fantasia
Ouço a voz, essa alegria
Um calor no coração

Novamente vou te ver
Sem disfarce dessa vez
Sem fingir meu querer
Entre as cinzas dessa quarta
De dois parecemos um só ser

No cortejo

Artimanhas dos reis
(Ronaldo Camargo/Carlos Bacelar)

Me joguei no espaço e voei
Conheci artimanhas dos reis
Pelas noites escuras mantive a candura
Lindos sonhos encontrei
Vou trilhando caminhos pra continuar
Acredito na sorte, ela vai me abraçar
Pra vitória alcançar

Se ando devagar, também já tive pressa
De cantar o meu samba em qualquer lugar
Mergulhando no mar das águas do destino
A verdade eu não sei
Mas eu vou encontrar

Encontrei
Melhor lugar do mundo é aqui e agora
Com vocês vou ficando cantando
E me esqueço das horas

Artimanhas dos reis

Senhor da paz
(Carlos Bacelar)

Aiuê
Aiuê, Lemba Dilê

Lembarenganga
Oxalá e Cassuté
Oxaguiã, meu pai
Tem Piedade

Sempre com a mão estendida
Disposto a perdoar
Cobre a todos que precisam
Com o seu alá

Pembelê
Pembelê, senhor da paz
Oh, Lembá
Traga paz pro meu viver
Pembelê
Pembelê, Gangaiobanda
Malembe
Pra cuidar do meu viver

Senhor Da Paz

Meu samba descamba
(Carlos Bacelar/Tiago Misamply)

Na lama sinto o gosto da verdade
E cravo em poesia na canção
Recolho a melodia na cidade
Andando sempre alegre
Em plena contra mão
O mundo reservando mil surpresas
E o tempo relutando em consentir
Faz cama para minhas incertezas
Meu samba descamba
E não se faz ouvir

Meu samba que foi feito pra se reinventar
É verdade, é coração, vem de um canto popular
Por isso não deixo morrer
Eu vejo a bonança florir
Meu samba descamba
E não se faz ouvir

Meu samba faz sorrir quem quer chorar
É o segredo das manhãs, como o sol a desvendar
Não há força capaz de conter
É o elo que vem nos unir
Meu samba descamba
E não se faz ouvir

Meu samba descamba

Detalhe de valor
(Carlos Bacelar/Hugo César)

Cm
Tá tudo bem
                     Bb
Foi o ponto final quem chegou
                            Ab7
Nossa letra não quer mais sair
                                    G7
Cala o samba que a gente ensaiou 
Cm
Se lhe convém
                            Bb
Calcular que não somos mais um
                        Ab7
É sinal de que subtraiu
                            G7
De quem tanto somou

Bb7                               Eb
Mas perdemos dessa conta
                            Dm5-/7
Um detalhe de valor
            G7            Cm
No carbono da retina
                                A#m
Tá escrito o nosso amor
    D#7                    G#
Refletindo nas calçadas
        Bb7            Eb
Por onde você passar
                        D7                                    Fm
O castanho precioso da menina desse olhar

            Bb7               Eb
Porém tudo tem seu preço
                                    Dm5-/7
Não queira pagar pra ver
        G7                Cm
No cinzento da rotina
                        A#m
A imagem se inverter
           D#7            Ab
Refletindo nas calçadas
            Abm          Gm
Por onde você voltar
            C7                     Fm  Bb7 Eb
Toda a luz que traz um recomeçar


Cm
Tá tudo bem
                                Bb
Como a nuvem de pranto caiu,
                        Ab7
Uma chuva de vento varreu
                                G7
A saudade que em nós se partiu 
Cm
Feitos refém
                    Bb
Resultou na fatal equação
                        Ab7
Onde não se divide uma dor
                        G7
Multiplica por mil

Bb7                               Eb
Mas perdemos dessa conta
                            Dm5-/7
Um detalhe de valor
            G7            Cm
No carbono da retina
                                A#m
Tá escrito o nosso amor
    D#7                    G#
Refletindo nas calçadas
        Bb7            Eb
Por onde você passar
                        D7                                    Fm
O castanho precioso da menina desse olhar

            Bb7               Eb
Porém tudo tem seu preço
                                    Dm5-/7
Não queira pagar pra ver
        G7                Cm
No cinzento da rotina
                        A#m
A imagem se inverter
           D#7            Ab
Refletindo nas calçadas
            Abm          Gm
Por onde você voltar
            C7                     Fm  Bb7 Eb
Toda a luz que traz um recomeçar

Detalhe de valor

Canção pra Lua
(Carlos Bacelar/Mayra Itaborahy)

Deve ser chato morar na Lua
Não ver a Lua e amar a Lua
Não ver seu brilho entre as nuvens
Não ver nuvens
Por que não vem?
 
Lua, lua, luar... por que não vem?
 
Beber na fonte da Lua
Nua e crua a me embebedar
Água de prata que nasce
Quando o sol se põe no mar
 
É tão bonito olhar a Lua
E ver que a Lua sai pela rua
Em labirinto entre as nuvens
Muitas nuvens
Por que não vem?
 
Lua, lua, luar… por que não vem?

-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-

Voz,violão,flauta,arranjo: Mayra Itaborahy (www.facebook.com/mayraitaborahy)

Canção pra Lua

Perdição
(Carlos Bacelar)

Perdi o voo
Perdi a hora
De apagar o fogo
De vencer o jogo
De não ter demora
Perdi o dia
E uma semana
Sou um rei sem sono
Que perdeu o trono
Que caiu da cama
Perdi o troco, perdi a voz
Todos os assuntos
Se perderam dos meus bemóis
Perdi de vista, perdi o chão
Perdi o juízo e procuro a razão
Perdi o medo de andar na pista
Tomei um perdido
Deixei de amar
Quem perde a metade
Metade conquista
Um gol que se perde
Pra trave acertar
Perdi a consulta no meu analista
A barca saiu não fui pra Paquetá

Quem perde aqui
Encontra ali
Não há motivo pra chorar
Quem está perdido
E não perde a esperança
Tenha paciência
Pode se encontrar

Quem perde aqui
Encontra ali
Tem que saber esperar
Quem está perdido
E não perde a esperança
Pode se encontrar

Perdição

Marinha
(Hugo César/Carlos Bacelar)

A moça morena, que pisa na praia,
Ensaia uma pose pra fotografia
Feita pelas mãos que, essa noite, domaram
O longo cabelo, feroz, adestrado,
Que, hoje, serena, ela solta de dia

Será a paisagem de um porta-retrato,
Um cartão postal, uma bússola-guia, 
Ou só um registro qualquer, por acaso,
Lembrança fugaz, um momento, um esbarro,
O mote, somente, de uma poesia?

De certo, apenas, a pista dos passos
Em breve apagados pela maresia.
À frente, talvez, novas cenas, retratos
Derivando olhares, errantes, ilhados:
A prova, na carne, da mitologia

Marinha

Tudo fica pra depois
(Carlos Bacelar)

Se não fosse toda vida
Que a gente tem pra cuidar
Se não fosse a distância
Que insiste em nos separar
Eu perdi até a classe
Pra você me dar bandeira
Pois quem dá bandeira abre o coração
Se não fossem as mentiras sobre mim
As brigas sobre mim não eram verdadeiras
Deu ouvidos a intriga
Da oposição tomei rasteira
Quem toma rasteira perde o chão

Tête-à-tête, corpo a corpo
Lhe agradar de mil maneiras
Sem brincadeira aproveitar
Num gol de craque pinto o sete
Pra curtir você inteira
E o amar humanamente
De Bilac se realizar

Se não houvesse amanhã
Um mundo só pra nós dois
Eu mesmo iria fazer
Pois quando tenho você
Não preciso de nada, não
Tudo fica pra depois
Tudo fica pra depois

Tudo fica pra depois

Alô, poeta
(Marcos Maia/Carlos Bacelar)

Alô, poeta
Encontre as notas
Pra mais linda melodia
Alô, poeta
Declame os versos
Da mais fina poesia
Alô, poeta
Junte tudo numa só canção
Alô, poeta
Amenize as tristezas
Do meu coração

Eu tranquilizo a minha vida
Com muitas sonoridades
Tons, semitons, arpejos, claves
Dissonantes harmonias
Muitas confusas semifusas
Me completam de alegria
Quem vive a música
Desfruta fantasia

Alô, poeta
Distribua em linhas retas
Frases que possam minha dor suavizar
Sem entrelinhas
Muito menos indiretas
Ainda bem
Que eu tenho um poeta
Para me tranquilizar

carlos-bacelar

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