Name: Assentamento (M.Vivas) by COMBINANDO A MALANDRAGEM
Duration: 4 min 3 s
Description: (incidental ponto de umbanda "Naquela estrada")

QUEM SABE ENGANAR
(Letra e música Mario Vivas)

Saiba que o pedaço de mar que lhe coube
É de lágrimas minhas que houve
Logo após nossa separação
Leva cada palmo desse mar de terra,
Era um amor de bandeira e brasão
Onde a mentira desfila com tal perfeição

Quem sabe enganar também diz a verdade
Pois não é fiel nem mesmo a falsidade
E quem sabe cantar, com toda a razão
Traz a velha união com o samba.
  


PARA NELSON CAVAQUINHO
(M.Vivas / Mariel Reis)

Todo mundo chorou em Mangueira
Ninguém acreditou na história verdadeira
A viola já não fala mais
E o verso poeta não traz
Um silêncio profundo
É ouvido em cada esquina do mundo
Dizendo volta,        a casa ainda é sua
Dizendo volta,        a casa ainda é sua
Dizendo volta,        a casa ainda é sua
Todo mundo chorou em Mangueira
Todo mundo chorou em Mangueira...

06 Quem sabe enganar & Para Nelson Cavaquinho

NAS ÁGUAS CALMAS DE OXUM
Letra e música M.Vivas

Oxum
É dia de Nossa Senhora Aparecida
Aieieu Oxum
Aieieu Oxum

Oxum
Conduz quem habita meu peito além da vida
Aieieu Oxum
Aieieu Oxum

Hoje vem e partirá
Em águas calmas Oxum o amor levar
Até o regresso feliz
Ao querer de Oxalá

05 Nas águas calmas de Oxum

COMBINANDO A MALANDRAGEM
(M.Vivas)

Pois não me cabe expor aqui vicissitudes
Abro espaço p’ras virtudes dessa dama que foi meu grande amor
Nos conhecemos quando ela foi ao banco
Em que fui escriturário, ora caixa temporário
Foi pagar um crediário de um carro coreano
Rasgou o cheque, apurou a assinatura,
Fez com tanta formosura e piscou para este pobre diabo
Que num agrado, cantada tola suburbana, não deu em conta sua grana
E se viu paralisado no decote ensolarado vindo de Copacabana
Seu CPF irregular não se fez óbice na trama...

Mais tarde fomos a um café na Olegário
Má idéia deste otário, pois na Barra da Tijuca uma média qualquer,
Custa os olhos esbugalhados do mané, que prescinde do adoçante,
Por andar desconfiado do efeito indesejável no organismo do aspartame
Valeu a pena, no entanto impressionar com meu gosto singular
A doutoranda em língua inglesa, de erudita realeza,
Filha de um grande colecionador de arte, estudiosa de Descartes
E eu percebi que o meu ápice era entender o extrato do surrado Mastercard
Daí que eu soube anatocismo nada tem com Roland Barthes

Armei um plano infalível,
Elevando nosso nível de conversa para além do elevador
Combinando a malandragem de Aniceto do Império
Com a ingenuidade boa-praça de Rousseau
Dei um agudo em Nessun Dorma
Que sequer no auge da forma
Pavarotti performou
Puccini até ficou bolado, fato psicografado num boteco da Ouvidor...

Imitei o Sancho Pança, descrevi uma avalancha, táticas na meia cancha de um time vencedor
Falei das regras do basquete, como encordoar raquetes, e do russo Fiodor
Ignorando a Guerra fria, expliquei o futebol americano com refino
E o neo-realismo do Luchino, falei do livro do Capote,
E que o inglês, pinta de lorde, na verdade, é argentino.
Azul é a bola pr’o Gagarin, fafafalei dodo Noel, gegênio dedesde menino...

Fui estudar arquitetura
E entender a criatura do artista centenário e sua obra inigualável,
Nem para todos palatável, mas valeu pelo francês,
Agora sei o que é de fato e de que trata um rendez-vous
De Bauhaus e Art Deco, dei uma idéia p’ra um adega p’ra guardar os seus Bordeaux
Lhe dei revistas femininas que prometem o orgasmo, ou um espasmo de valor
E estilistas reafirmam nessa moda pós-moderna há influência de Coco
Depois de tudo isso, pasme, se ela não se apaixonasse
Onde fica o corredor...
Que me conduz ao cadafalso, pois o cheque da princesa vagabunda é voador.
Ouvi dizer que fez biscate lá nos fundos do alfaiate, que assinou sem fiador...

Perdi o emprego, e como li Lima Barreto, fui jogar confete na formação do jetset...
Aí ganhei dinheiro, minha secretária é boa, meu contador é um nerd...
E hoje a bandida limpa o ralo, é vulnerável no buraco, vende churrasco de drumete.

04 Combinando a malandragem

DEU NA IMPRENSA
(Letra  e música M.Vivas)

Deu na imprensa, sou muito mais homem do que você pensa
Dá licença, quem anda contigo não tem recompensa

‘Amor’ é uma ova, me chame do primeiro nome e usando respeito
Você continua descrente com a fama que a comunidade lhe deu por direito
Eu sei que você bem queria brincar na Mangueira gorando a Portela
Mas nem o feijão da Surica, minha tia, iguala a tua prima feita à cabidela

refrão

A cobra não leva perigo a quem se prepara pra toda maldade
Maior sexta-feira tá aí que acredito, eu tenho pelada e você faculdade
O banco não paga seu cheque, e o carro só falta implorar gasolina
O teu inquilino não paga o que deve, e até a farmácia te põe na justiça

refrão

Eu sei que fui homem decente quem conhece a gente não nega o ditado
Se o homem é bom a mulher se ressente de quem dê o pão que amassou o diabo
Mas faça um favor não disponha do meu telefone nem passe na rua
Mulher que despreza sujeito de honra, São Jorge lhe nega a beleza da lua.

Deu na imprensa, sou muito mais homem do que você pensa
Dá licença, quem anda contigo não tem recompensa

Você no meu time não faz diferença...  P’ra ver o teu fim eu não peço licença...
Deixou no pendura uma Brahma na loja de conveniência...
Meu advogado pediu p’ro juiz decretar sua falência...
Seu filho é noviço e você já lhe chama de ‘Sua Eminência’...
Levei sua irmã p’ra sambar no Cacique com certa freqüência...
O seu rebolado não tem concorrência...
E fomos à praia onde o seu topless é uma afronta à ciência...
Mas não evitou o boletim de ocorrência...

03 Deu na imprensa

BOTECO LENDÁRIO
(Letra e música M.Vivas)

Minha mulher me pediu
Para eu parar de beber
Mas no boteco lendário
De Oswaldo Cruz tem p’ra vender

Cerveja gelada, espeto na brasa, bolinho de aipim,
Um galetinho no almoço e o histórico bife de panela
Tem escondinho da Nilza fervendo e repleto de catupiry
E o feijão preto tem paio e costela da festa da Portela

O garfo na tulipa é o som que dá fino ao cavaquinho
No balcão as frigideiras assombram o galo da manhã
Iniciando os trabalhos a cana de Minas famosa da casa
E todo o encanto da Graça, milagre de Deus e desenho do Lan

02 Boteco lendário

ARRUDA E GUINÉ
(Letra e musica M.Vivas)

É arruda e guiné, É arruda e guiné,
Contra o maldito mal de mal olhado
Tá dado o recado, arruda e guiné

Nicinha descia o morro falava bem pouco, dizia no olhar
As coisas do nosso cafôfo p’ro resto do povo poder opinar
Tem sempre aqueles que ajudam dizendo, ‘menina, não deixe seu lar’
E aqueles filhotes de Judas, deixando recado no seu celular.

Botei minha nêga no braço fugindo do laço e da perseguição
Do pessoal do pagode e de tudo o que pode gorar a união
Nicinha é da mãe natureza, menina guerreira de Oiá, Iansã,
Hoje briga mas assume e perdoa o ciúme amanhã de manhã.

01 Arruda e guiné

QUERO VER AMAR ASSIM EM MADUREIRA
QUERO VER  AMAR ASSIM EM MADUREIRA
Letra e música Mario Vivas

Participam
Stefania Blink (voz)
Lucas Lima (Cavaquinho)


Você tão gentil, importante / Foi à França num pret a Porter 
Tô no metrô, e eu lembro a todo instante,
Da sua foto no Champs Elyseé

Hummm, essa saudade não engana / Do meu amor ai no Rio 
Mas de verdade eu queria toda noite / seu abraço nesse frio

Amor, vou te ligar / da mesa do bistrô / 
Pedir um fois gras / e um vinho de Bordeaux

Filé, eu te retorno entre 9 e 10 e tal
Às 6h ainda estou na plataforma da Central

Você devia estar aqui p’ra gente ver
Coisa linda essa cidade amanhecer

Eu quero ver você subir no Parador,
Descer em Marechal, partir p’ra Senador Camará... camará, camará...


Eu quero ver você amar assim morando em Madureira
Vivendo de aluguel em Piedade, sol a tarde inteira
Penando na rotina da Baixada à Praça da Bandeira
Fechando a sexta-feira num barzinho amigo na Ribeira

Eu quero ver você amar assim morando na favela
Trocando o camarão pelo feijão na quadra da Portela
Ouvindo a batucada social do fundo da panela
Pegando um fim de tarde um temporal na linha amarela (quero ver)


Você decidiu se casar com um sujeito barra limpa
Mas que levanta para trabalhar às 3:25h da matina

Nada é tão complicado Que o amor não vá mudar
A gente pode ir embora da cidade Se tem jeito, a gente dá

Quem sabe você vem, Paris é bem legal
Mandei numa mensagem o endereço atual

Você trocou as milhas do cartão para eu voar
Não tenho passaporte, nem sei como tirar...

Entendo mais você Do que tudo o que me diz
Vem fazer sua menina Mais feliz, feliz, feliz... 


Eu quero ver você amar assim morando em Madureira
Vivendo de aluguel em Piedade, sol a tarde inteira 
Penando na rotina da Baixada à Praça da Bandeira 
Fechando a sexta-feira num barzinho amigo na Ribeira

Eu quero ver você amar assim morando na favela 
Trocando o camarão pelo feijão na quadra da Portela 
Ouvindo a batucada social do fundo da panela
Pegando um fim de tarde um temporal na linha amarela (quero ver) 


Eu quero ver você me amar assim morando em Madureira
Ralando p’ra pagar a prestação da minha geladeira
Lutando p’ra encontrar um novo Ronaldinho na peneira
Rifando o violão para pagar pensão
E a lipoaspiração da ex-mulher, aquela pistoleira...

Quero Ver Amar Assim Em Madureira

(incidental ponto de umbanda "Naquela estrada")

Assentamento (M.Vivas)

Homenagem ao anjo da guarda e à falange de pais velhos.

Pai Benedito (M.Vivas)

Compositor, arranjador, escritor
bert.rome@gmail.com

Assentamento (M.Vivas)

COMBINANDO A MALANDRAGEM

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