Cruzo-me em corredores contigo, e sempre que os nossos corpos passam perto um do outro as pernas cedem, é um ligeiro ceder de pernas que não afecta o andar, mas faz tremer. Se me tocasses acho que cedia completamente, se me abracasses levantava-me, se me beijasses seria teu.

16. Contos da noite - Corredor

O teu decote é inocente, apesar de deixar vislumbrar parte substancial dos teus seios. Depois dos primeiros copos de vinho o decote passa a arrojado, alguns copos mais tarde é sensual e convidativo, no final da garrafa esse teu decote é puro desejo.

17. Contos da noite - Decote

Sonho em perder-me no teu corpo, descobrir o ínfimo estímulo ao teu prazer e mapear-te, desde lóbulo da orelha ao dedo mais sensível do teu pé. Quero saborear os teus rios de suor, tactear os teus desníveis, explorar o caminho para o teu êxtase e contemplar-te.
Desejo-te.

36. Contos da noite - Mapear-te

Porque me convidas a cozinhar contigo? Porque vens de saia? Porque mexes vagarosamente a comida? Porque me aproximo por trás te ajudar a mexer? Porque me encosto a ti para apoiar a tua mão? Porque te viras e aproximas a tua boca? Porque levantas a perna enquanto me encosto? Porque te sentas no balcão enquanto te percorro o corpo? Porque te viras para te penetrar? Porque é que o prato se parte insensivelmente,? Porque é que se queima a comida? E porque anseio eu um outro jantar contigo?


37. Contos da noite - Jantar

E se te vejo... Beijo-te? Não, esboço um sorriso, sem me aproximar. Não, aceno simpaticamente. Não, aproximo-me e cumprimento-te. Sim, aproximo-me e beijo-te na face. Sim, beijo-te e percorro a minha mão discretamente pelo teu corpo. Sim, beijo-te e sinto o teu corpo. Sim, beijo-te. Se te vejo, beijar-te-ei.

38. Contos da noite - Beijo-te?

Preferia ficar contigo, limpar os pratos que lavas cuidadosamente, agarrar na pá recolhendo o lixo que varres pacientemente, baixar o som televisão que ligas inadvertidamente, ceder o meu ombro à cabeça que pousas vagarosamente, acariciar a tua face que inclinas docemente e juntar os meus lábios aos teus que aproximas ardentemente.

39. Contos da noite - Preferia ficar contigo

Gostava de te ver nua e contemplar todas as tuas imperfeições, os seios um pouco descaídos, a ligeira barriga que se forma, a celulite que aparece, quero ver todas as imperfeições que te fazem única e deliciosa. Quero beijar todas essas ditas imperfeições que te tornam perfeita.

40. Contos da noite - Imperfeições

Olhaste, focaste, respondi, olhando-te e focando-te. Em todos os momentos que percorreste o olhar pela sala, senti que me olhaste e focaste, eu, sempre que percorri a sala olhei-te e foquei-te. Depois do primeiro sorriso o olhar de curiosidade passou para um olhar de contemplação, em que cada olhar contemplou o teu corpo e reteve todos os teus movimentos. Depois, o olhar de prazer, aquele que ultrapassa o momento, aquele que faz imaginar o movimento, o corpo e a curiosidade, juntos.
Focamos-nos?


41. Contos da noite - Focas-te

Posso imaginar-te de saia?
Posso levantá-la um pouco?
Não?
Posso, sem levantá-la, encostar-me a ti por trás?
Posso, encostado a ti, beijar o pescoço?
Posso, beijando o pescoço, percorrer as mãos pelo teu corpo?
Posso, percorrendo as mãos pelo teu corpo, levantar um pouco a saia?
Posso, levantando um pouco a saia, acariciar o interior da tuas coxas?
Posso, acariciando o interior das tuas coxas, ajoelhar-me à tua frente?
Posso ... ir ter contigo?

42. Contos da noite - Posso

O sol aquece, a roupa reduz no seu rigor... Gostava de ver o teu corpo bronzeado. 
Os dia que te vejo com a roupa diária sempre me fizeram imaginar o momento que via uma linha da tua pele clara.
As tardes que te vejo com um decote arrojado consigo sentir as linhas que separam a tua pele bronzeada da tua pele clara. 
As noites que te vejo deitada, sem roupa, fazem deitar-me a teu lado e desenhar os contornos da tua pele clara.

43. Contos da noite - Pele Clara

Hoje
Ainda não te contemplei
Ainda não te beijei
Ainda não te toquei
Ainda não te acariciei
Ainda não te apalpei
Mas
Já te desejei
Já te imaginei
Já te ajudei
Já te elogiei
Já te mostrei
E já te escrevi


44. Contos da noite - Hoje

Lá fora chove...
Eu, de corpo desnudado, sinto falta do teu calor.
O ritmo da chuva, qual música experimental, entra no meu corpo.
Eu, de corpo desnudado, sinto falta do teu,
que ao ritmo da chuva, explorariamo-nos compassadamente.


45. Contos da noite - Chove

Os pequenos momentos de prazer podem ser partilhados por quem os ouve diretamente, mas porque não alargar o prazer ao próximo?..

Contos da noite

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