1- Tá Na Mesa!

Deixe viver, 
Sou um córrego sem destino. 
Vou sem voltar, 
A lua guia fria o caminho. 
E, se sua luz calar, 
É só deixar passar a nuvem fugidia. 
Tempo de mudar. 
O vento é bom e calmo, o mar. 
É hora de se despedir. 
Deixe esquecer, 
Passos somem sem deixar vestígios. 
Perder para encontrar, 
Que se encontra, encontra-se perdido. 
E, quando amanhecer e a sombra se esconder, 
Será apenas outro dia. 
Tempo de mudar. 
O vento é bom e calmo, o mar. 
É hora. 
Não importa o que será 
Ou se o que será já foi. 
É apenas a partida.

2- Partida

Ai de mim! 
A minha sina não é pouca. 
Eu vivo a noite feito louca 
A desejar sem fim... 
Olhos à mercê da lua cheia 
À procura de um Martini 
ou qualquer coisa assim. 
Perceba, meu bem, 
Não fico a toa, o passo é solto, 
Feito vulto ou sombra de ninguém... 
Reflexos em espelhos embaçados: 
Só lembranças sem passado algum. 
Mas se a paixão não for vermelha, 
Eu fico blues. 
Ao meu compasso arritmado 
Eu faço jus. 
Não cobro nada à vida 
E o que faço dela... 
Ah, isso é coisa minha. 
É segredo, meu bem. 
La passione é bella! 
Mas tome cuidado com ela! 
Agora escutem só: 
À noite, todo homem é um sedutor. 
Com seu chapéu de lado, compra sua bebida 
E acende seu cigarro. 
Mas na manhã seguinte, 
Quando o sol nasce, 
Aquela figura perde a classe 
E nem o perfume vale a lembrança. 
Deixa pra lá... 
Mas, eu já não me perco 
Nem fico do avesso por coisas assim. 
Eu saio sem rumo e sempre me arrumo. 
Sou dona de mim. 
Mas minha sina não é pouca. 
Eu vivo a noite feito louca 
A desejar sem fim... 
Reflexos em espelhos embaçados: 
Só lembranças sem passado algum. 
La vita é bella! 
Mas tome cuidado com ela! 
Pois se a paixão não for vermelha, 
Eu fico blues. 
Ao meu compasso arritmado 
Eu faço jus. 
Não cobro nada à vida 
E o que faço dela... 
Ah, isso é coisa minha. 
É segredo, meu bem.

3- Gatuna

Sangra o anoitecer, 
Surge carmim. 
Deixa seu âmago 
Fugir enfim. 
Tão leve, tardio, 
O início do fim. 
Do fim. 
Resta pouco e o tempo é você. 
Uma única chance. 
Não vá se esquecer 
Que, entre o céu e a terra, 
Pode haver um primeiro passo. 
Mente aberta e brilho no olhar. 
A vida entregue ao que será. 
De pés descalços, sigo a trilhar 
O caminho. 
Não vá se perder. 
Não vá se perder. 
Mente aberta e brilho no olhar. 
A vida entregue ao que será. 
De pés descalços, sigo a trilhar 
O caminho.

4- Caminho

Orla, suave vai e vem. 
Nevoa, nuvem, serra, 
Corre o rio, córrego frio 
Brilhando da mata até o mar. 
Até o mar! 
Lava, leva até o além. 
Venha, tromba d’água, 
Desvario, onda partindo 
E espuma explodindo no ar. 
Lá no ar! 
Chuva vai chegar. 
Lá dança o sol, 
Dança o sol com a chuva 
Dança a chuva com o sol no céu. 
Lá faz-se o sol, 
Faz-se o sol com a chuva 
Faz-se a chuva com o sol no céu. 
Lá foi-se o sol. 
Olha o tororó.

5- Canção das Águas

Escapando da vida, fugindo da morte: 
Abrindo a ferida, vagando sem sorte. 
Sem chão nem família, e a faca sem corte, 
Ele vai por aí. 
Ele vai por aí. 
Escapando da vida, fugindo da morte: 
Tempo e casa perdida, a vida é um esporte. 
Caiu na bebida e perdeu o norte, 
Ele vai por aí. 
Mas escapando e fugindo, morrendo e vivendo, 
Crescida a tristeza de porte e grandeza. 
Caída a alegria, sem chão nem família, 
Ele vai por aí. 
Mas, escapando da vida, ele encontrou o sonho. 
E, fugindo da morte, ele encontrou a vida. 
Sonhou com castelos e longas folias. 
E moças bonitas e amores e cheiros, 
Sonhou no carinho, tropeçou 
E viveu, nasceu, dormiu. 
Mas escapando da vida e fugindo da morte, 
Aprendeu a cantiga e tocou o acorde. 
Sorriu para a amiga e dançou na noite. 
Encontrou a vida e chegou a morte!

6- Cantiga de João

Desperta, uma voz alerta outra manhã. 
Deserto, ninguém por perto, 
A busca é vã. 
Não sei se vou, se deixo ir... 
Mas fácil seria, seria em chuva eu sumir. 
Em minhas palavras ainda ecoam mil desejos sem cumprir. 
Um sonho em brasa arde sem jamais se extinguir. 
Sedento, em que momento irá cessar? 
Lamento, suspiro lento ao constatar 
Que o tempo torna a faltar 
E sobram ideias, tantas ideias sem lugar. 
Será engano ou, no horizonte, uma esperança ainda reluz? 
No meu outono, mais a primavera me seduz. 
Afetos, quantos trajetos sem razão. 
Inquietos, trazem discretos à visão 
Que é vinda a hora de partir. 
Encerram-se os versos, desponta em canto o porvir. 
No céu incerto a chuva espreita e o peito aperta o coração. 
Mas, segue a vida, e esta é apenas outra estação.

7- Outono.primavera

Eu gosto de cantar o dia cedo, 
Antes cedo do que tarde. 
Tira tudo da cabeça, 
Antes que eu me esqueça. 
Eu gosto de cantar o dia tarde, 
Antes tarde do que nunca. 
Cantar o dia cedo ou tarde, baixinho. 
Cantar o dia sem alarde, baixinho. 
Tente se calar a noite inteira, 
Sem contar nenhum segredo. 
Deixa tudo na cabeça, 
Sem fazer nenhum enredo. 
Cale, se puder, sua angústia, 
Antes que se arrependa. 
E cante o seu dia antes tarde do que nunca. 
Well, I see the rain a-pourin’, 
I ain’t got words to sing my blues. 
Well, I feel the wind a-blowin now, 
I ain’t got words to sing my blues. 
‘Cause I’ve been ramblin’ on so lonely now, 
I ain’t got words to sing my blues. 
There’s a new girl in town, 
They say her name is lady Jane. 
There’s a new girl in town, 
Lord, they say her name is lady Jane. 
Well, you can love or can leave her, 
But she’ll always drive you insane… 
E quando a noite cai, eu calo. 
Agora, eu não canto, eu falo: 
Boa noite, future bom dia. 
Boa noite, derradeira companhia. 
Da solidão não tenhas medo, 
Pois amanhã eu vou cantar o dia cedo.

8- Azul Baião

9- Regional Delta Folk

CORES RARAS é uma paleta de tons e sons: blues, rock, regionalismo, tropicalismo e nuances de erudito e de jazz.


Cores Raras