Em 2005 gravei alguns excertos de músicas com um teclado emprestado, pedaços curtos que aglomerei numa espécie de peça que viria a dar origem a "Panorama de Uma Vida Normal", o meu primeiro disco de sempre, lançado em 2006 pela netlabel (editora online) Test Tube.

Gravada no sótão da casa da minha família em Cabeção com um microfone da marca Kyoto (que pode ser encontrado no vídeo "Chamas em Mim" dos Uaninauei), essa construção inicial começou a ganhar imensas formas com a adição de sons do dia-a-dia, como a minha mãe a aspirar o chão, o meu pai a arrumar tralha na garagem, a minha irmã a brincar com a nossa cadela Lina, a TV ligada em programas aleatórios, os foguetes do 25 de Abril, basicamente tudo aquilo que conseguia captar com os dois metros de cabo que ia do microfone à placa de som do computador.

Agora, doze anos mais tarde, dou por mim a reavaliar a importância desse disco para tudo o que se seguiu. Foi com ele que a minha música chegou às pessoas, que passou na rádio, que dei os primeiros concertos a solo, e serviu de audição para entrar nos Uaninauei e, eventualmente, nos Bicho do Mato. Foi, acima de tudo, o impulso moral que precisava para me desfazer dos preconceitos pseudo-perfeccionistas e lançar mãos ao trabalho. O som melhorou, a escrita e a composição também, os horizontes alargaram-se, e o amor pela criação apurou como um romance para toda a vida, ou um vinho em cascas de carvalho francês de que se bebe um gole a cada ano, abraçando a noção de que a fonte não é inesgotável.

Cada disco novo que crio é o meu melhor até à altura do seu lançamento, portanto embora saiba que o próximo será muito melhor que este, é com prazer que partilho convosco o meu melhor disco até hoje.

Embora não queira ditar leis sobre como cada um ouve música, este disco foi criado com o intuito de ser ouvido como um todo, sem pausas, e penso ser a melhor forma de o apreciar. Combina bem com viagens de carro.

Um agradecimento especial a Eddie Santos, Sílvia Monteiro e Ana Gomes que participaram com os seus talentos musicais, Joel Figueiredo pela sua ajuda incansável, à minha família mais próxima, António, Eugénia e Cristina Catarino, e a todos os amigos e familiares que me têm ajudado ao longo do percurso.

Músicas, letras, voz e todos os instrumentos por Daniel Catarino.

com
Ana Gomes: voz em "Nesses Dias"
Sílvia Monteiro: voz em "Último Cigarro" e "Samba Manco".
Eddie Santos: guitarra em "Domingo de Chuva e Nevoeiro"

Gravado, produzido e misturado por Daniel Catarino no Estúdio Manta, Évora, entre Junho e Novembro de 2016.
Masterizado por Joel Figueiredo nos Slowdriver Studios.
Grafismo e fotografia por Daniel Catarino.

(C) Daniel Catarino SPA 2017

Uma edição Capote Música e Slowdriver Productions
www.capotemusica.weebly.com
www.slowdriverproductions.com

Nesses Dias

O Anel De Outra Vida

Samba Manco

O Último Cigarro No Alto De São Bento

Banda Sonora Para Um Dia Anormal

Esta é a forma que encontrei de me vingar de vizinhos chatos/incomodativos/desrespeituosos: gravo-lhes as conversas que, posteriormente, insiro em temas que um dia formarão o disco "Cusco". Esta é a primeira música, baseada numa conversa entitulada "Mestre Shifu", protagonizada por meia dúzia de putos que, enquanto eu tentava gravar um tema, fumavam ganzas e bebiam copos às "escondidas"... à porta da minha antiga casa. De facto é de compreender, Évora é uma cidade com poucos jardins, monumentos e outros recantos recônditos.

Mestre Shifu

Entrevista com Daniel Catarino na rádio SBSR sobre isolamento, música feita em isolamento, festival Wash Your Hands Say Yeah e a vida dos artistas neste cenário complicado.

Entrevista Daniel Catarino SBSR - 31 Março 2020

Entrevista Fast Eddie Nelson na rádio SBSR sobre o festival Wash Your Hands Say Yeah

Entrevista Fast Eddie Nelson - Wash Your Hands Say Yeah

Daniel Catarino é um músico com origens numa pequena vila alentejana, Cabeção. Estreia-se nas edições em 2006 com o disco "Panorama de uma Vida Normal", sob o nome Landfill e entre 2007 e 2010 lança vários discos com os pseudónimos Long Desert Cowboy (experimental) e Oceansea (canções folk em inglês, que grava numa sessão acústica para a Antena 3). Alguns dos temas destes projectos são incluídos em bandas sonoras de filmes independentes pelo mundo fora.

2010 vê surgir o álbum de estreia dos Uaninauei, "Lume de Chão, um disco muito bem recebido que figurou em várias listas de melhores álbuns nacionais.

Em 2011 edita como Daniel Catarino o EP "O Rio e o Moleiro", banda sonora para um filme de 1981 sobre o seu avô e posteriormente "Fados de uma Aldeia Sem Jardim", um EP que mistura temas instrumentais com canções ligadas às raízes portuguesas. No mesmo ano forma o projecto folk rock Bicho do Mato e a banda de rock psicadélico O Rijo.

No ano seguinte funda a editora Capote Música, lança o EP de apresentação do Bicho do Mato e escreve letras para o álbum "Extravagante" dos Uxu Kalhus. Já em 2013, edita o EP "Menina Vitória" com os Uaninauei e ainda "Songs From The Attic Window" como Oceansea.

Em 2014 surge o segundo longa-duração dos Uaninauei, "Dona Vitória", com alguns temas a entrarem para as playlists de rádios nacionais. Nasce também o sétimo trabalho como Long Desert Cowboy, "A Gunslinger's Galaxy" e "Bens Que Vêm Por Mal", o novo EP em nome próprio, marcado por tendências pop na abordagem electrónica às suas canções.

Daniel Catarino

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