Conversar-se  

Das melhores par/tes de amar alguém  
É ter um lugar onde a conversa more.  
E quando o dia enche e te dissolve,  
Se repousa na conversa de quem se ama.  
_De quem se tem.  
Das melhores par/tes de amar alguém  
É ter a certeza que: A palavra "nós" 
Será sempre a palavra mais bonita, e além:  
É a palavra preferida. _Também.  
Ser início e após; nunca um término.  
Das melhores par/tes de ter alguém  
É entender que inferno é saudade.  
E sobre a saudade:  
1: A saudade dói; 2: A saudade passa.  
E que a saudade vive de saudade  
_E morre de saudade.  
Que quanto mais ela se tem:  
Mais ela se mata.  
Saudade não é falta; falta às vezes não faz falta  
Só se auto existe e morre aos poucos  
De si mesma. _E quer nos levar junto.  
E ser sozinho: Não é: não ter ninguém  
É ter outrem que não te converse.  
Das melhores partes de ter alguém  
É o silêncio que implora, que rasteja o cenário;  
É o silêncio do desejo.  
_Aquele do primeiro beijo.  
E ter alguém é _Finalmente ser protagonista 
Contente: do nó plural que nos enlaça  
E nos acorda.  
Esse "nós" mesmo, O sorridente,  
É esse tão rente que a gente chama de  
"A gente".  
 
 
                       Justino;

Conversar-se

Fortes,

Este é um poema para a minha voz, o que é uma pena. 
Ele, embora fale de você, refere-se a mim, à minha desgraça,
A esta minha filosofia de passamentos, de coisas efêmeras.
É tudo um remédio anti-expectativante 
Que tomo para me surpreender com mundo.
E me resmunga dos meus futuros constantes.

Ele nunca fez efeito, de fato, mas seria um absurdo dizer
Que ele não é deveras viciante.

Eu preciso me curar de ter torcida das pessoas.
Eu sei que isso é bondade, mas preciso esconder mais isso.
Sim, você não teve o efeito de moral da história;
Tiveste o efeito reverso na catapulta quebrada 
Que se tornou meu sol e lua, meu maldito librianismo.

——————————————————I’m a fucking.——————————————————————————

E tudo o que rolou neste maldito 2015 foram quases.
Tudo quases, e eu não tinha a obrigação de me abrir,
De ter pressa, de ser cedilha, ou agora tenho, simples,
De te fazer ceder a algo sedente e sedento.
Eu sou um maldito rapaz que não entende de momentos
E se esconde na covardia de dizer que tudo passa,
Que tudo passará, que somos um tempo.
E eu sempre erro o taime.

—————————————————————————e————————————————————————————————

Este também é um poema para teu queixo e teus ombros,
Para meu tato e paladar, dizendo adeus que eu vou embora
-Nossas grandes imentiras sinceras- Constantes, pelo visto.

"Queria te escrever um poema que te fizesse nua.
O que pode parecer redundante, se eu levar em conta 
Que talvez o poema lhe toque, quando o mesmo te ler

De volta.

E que queira se vestir de mim todas as vezes
Em que anseie se despir do mundo.”

Mas eu sou mais um neste lapso de tempo. Menino.
Olhei tua alma e nem reconheci, nem acreditei na vontade
Curiosa que ela teria da minha. E meu anti-expectativante
Funcionou como a médica Vida receitou. “Vai dar merda”.

Eu até hoje rio o tesão de ter-te ouvido dizer que me queria.
Já perdi a conta de quanta vezes eu fui embora das pessoas.
Eu sei que sou um medo soberbo.

Melhor definição.

Pensei que este ano acabaria melhor, mas quase.




Dedicado à minha covardia, 
embora fale da vontade que senti de você.

Dney Justino

*** A ilustração é do Magritte, mas me esqueci o nome dela. ***

Fortes, 2015.

Você não me fode;
Você jamais me foderá. 

Mix de Gymnopedié n 1, do Satie, e You Dont Know Me do Caetano.

You Dont Fuck Me

Teimosa;

Eu queria um beijinho antes de tu ir embora.
Fica pra mais um carinho, pega meu cabelo e mora,
Faz uma casa, estende tua roupa bem lá fora,
Veste minha nudez, diz que foi a chuva, diz que tá frio,
Que eu te abrigo, que eu silêncio.

Foda-se o medo de abrir a porta.
Foda-se o medo.

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Esta composição tem cerca de dois anos e, pelo ou menos até então, é inútil. Ela também precipitou um composição minha chamada "Covardia", fazendo parte de uma época lírica onde eu escrevia sobre coragem, na função poética, de um ponto de vista técnico. 

Embora a letra não me interesse mais, de fato, respeito o momento em que a composição desta fora formulada. Obrigado a quem proporcionara tal sentimento.

Teimosa

Digo que: Sentimentos inquilinos
São raramente bem vindos;
Assim como os esquecidos...
São friamente calculados.

Mas insisto que há os resgatados
Que, devem ter-te; aquecidos!
E os inapagáveis _Se isso existir!
Que algum dia fizeram-te sumir.

Sem ti, ir.
Ou sentir.

Bem tal como centenas
De centenários e arbitrários
Símbolos sem significância
Eles senhores; nós vassalos.

Qualquer pauta é apenas:
Tempo perdido e saudade...
Às vezes relevante,
Mas sempre ingnorante. _Sabe-se: "IGnorante".

Só rir;
Ou sorrir.

E qualquer apenas cheira a solidão.
Uma troca de fonemas _Uma constatação.
Amor é arado sem T de tarado;
Arando calado a plantação.

É de linda ignorância...
Criar a ciência... _Penso...
Para explicar experiências... _Pensas...
De nossas carências?

Eternamente;
Ou é ter na mente.

O sentimento brinca com as palavras;
Seus fonemas, morfemas e sintagmas _E as orações!
O sentir mente, mas admite contente
Que jaz descontente de par de emoções.

"Ouços", ou só distrair-te ouvindo.
Ou vindo de outros lugares sem trair;
Bem-vindo se amares bem avindo.
Completo em levantar e cair.

Dney Fernandes Justino

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