o solstício de verão
chegando ao hemisfério sul
o sol atingindo o seu ápice
a natureza exuberando vida e frutos
o dia mais longo do ano
traduzindo tudo isto
o solstício na bahia
é amor no peito, cabeça aos céus
lembrando deste estado, de ser
de querer, de amar
de sentir, de bem viver
e que ronda a natureza da bahia
obrigado, deus sol
obrigado, mãe terra
sol invicto
e que harmonia é perceber
que o divino está em tudo
nas montanhas, nos céus
nos lagos, nos mares
nas pedras, nos ares
e dentro de seu coração
quando você vibra o bem
e dentro brilha o arrebol
e fora é lindo, mãe terra
sol invicto
que volte a festa do sol
nos devolvam a linda festa do sol

por Dom de Oliveira

Sol Invicto

vamos agora ao maranhão
degredos, histórias
vivências que hão
sentir a magia de lar
o terreiro se alumiar
revolto mar da arrebentação
pedindo licença ao entrar
é bem-vindo a louvar
dona da casa
deu a confi rmação
sinta o onça rosnar
o pandeirão bater
a matraca atracar
olha o boi, vai passar
o batalhão guarnecer
toda a terra vibrar
voando alto na embarcação
mares revoltos, mistérios
oh, maranhão
sinta o bater do tambor
de criola, é reino no terreiro
batendo forte o crivador
vira o caboclo
na luz do candeeiro
a noite cai, a lua vem
fogueira acesa
na cidade dos lençóis
cova do morro
o fogo em louvação
dorme a serpente
lá vem dom sebastião

por Dom de Oliveira

Além Maranhão

fechando os olhos num sertão tão deserto
ao longe, entre prados e relvas
montanhas tão sós, serenas e só
no meio da noite já calma
e de olhos fechados
à brisa bem fresca, ao luar
no morno do tempo, eu e aqui
pensando viver com carol
cerrando os lábios num porão tão incerto
já nos seios furtivos de sal
nas ancas, e vós, desatada de nós
em nossos corpos sem vida, em cal
e de lábios cerrados
à lousa de amor, enfi m
no terno eterno, eu em mercê
morrendo viver com carol

por Dom de Oliveira

Fechando os Olhos

rio
meu rio são francisco
tão brasileiro
percorre os sertões de meu brasil
passa, devagar, no coração
de meu amor
sussurra, numa brisa, muito carinho
por ela
e humor
diz que a amo e passeia tranquilo
agua a sede no caminho
dá vida ao sertanejo
e me beija
e nos beija
e nos leva pro mar
o mar é de iemanjá, ó rainha
é de iemanjá
é de dona janaína, ó sereia
ó rainha do mar

por Dom de Oliveira

Samba da Canastra

reluta no peito sp a morrer
pulsa no muro uma cidade a prender
no concreto sem vida
na favela ferida
toda urbe aguerrida
o tom cinza a crescer
no arraigado vazio
do coração paulistano
vitimado de medo
tão carente em bater
toda a vida se esvai
perdida em meio ao tamanho
do indiferente rebanho
da ganância
nasce do ventre um automóvel a correr
dorme ao relento um menino a temer
e quem passa
a sonhar
em sp
se acostuma
a buscar
uma vida
melhor
já sem mágoas
sem as cáries
de todo um país
tão desigual

por Dom de Oliveira

Reluta no Peito SP a Morrer

Em 2014, Dom de Oliveira pari o disco Pequena Odisseia Mística. São 10 canções autorais que, antes, nasceram poesia. Um disco que busca na alegria, na melancolia e nas lembranças de viagens de Dom pelo Brasil, compor uma atmosfera crítico-nostálgica cheia de nuances jazzísticas.

Amor o Mar (Instrumental)

silêncio! eu quero ver o fi rmamento
e miro apenas o tormento da cidade
hoje tão cinza
silêncio! o sussurro desse vento
me refaz do sentimento da metrópole
ranzinza
só me deixando a saudade
dos tempos de outrora
no corpo úmido
vivendo dentro em ti
lembrando a língua
tua saliva em amora
campos em fl or
de tua pele para um colibri
silêncio! que hoje eu vou
lembrar o tempo
bate ao peito sonolento a poesia
que a rima
silêncio! é a caravela, o banimento
volta e meia o sentimento de maré
cidade acima
só me deixando a saudade
dos tempos de outrora
a poesia ainda pulsante
de tua vida aqui
sentindo o gosto
de ontem na aurora
de um vagabundo
caminhando na tarde rubi
àqueles tempos em que eu morava
silenciosamente
dentro de ti

por Dom de Oliveira

Silêncio! Memórias

NO SERTÃO BAIANO
(Dom de Oliveira)

no sertão baiano
por entre toda
a sequidão
e galhos retorcidos
os pássaros cantam
e são tantos
a cantar

enquanto alguns
veem inércia
lá
a natureza
move ciclos
em motocontínuo
e canta
em pássaros
- aos milhares -
sua alegria
ornitófila
de assoviar

escarlates
anis
pretos
açafrões
verdes
verdinhos
e o mundo real:
brilhando
em arco-íris
e prismadas visões
de aviventar

é o sertão
meu grande sertão

é o sertão
nosso grande sertão

e naquelas paragens
baianas e nobres
infindas
eternas
tão ternas e brancas
a seca
não seca
não seca
a resistência (humana!)
de ouvir
de ouvir
e cantar

No Sertão Baiano

cacique tibiriçá, piquerobi
jaguaranho, caiubi
martim afonso, joão ramalho
antônio
rodrigues e anchieta
todas as mulheres daqui
aos erros e acertos
todos começaram a cidade
são paulo ressurge:
viva
doente
milionária
miserável
limpa
imunda
planejada
caótica
cultural e violenta
ruidosa e amável
no córrego demônio, no rio tamanduá
na antiga aldeia / aldeia peixe seco
são paulo transparece
cresce / respira
em esperanças
crenças / furacões
são paulo, são paulo
uma tal vida
a cidade que mais beija
o brasil
que entristece
que orgulha
são paulo de piratininga

por Dom de Oliveira

Salve Piratininga

carolina gostava olhar o céu
o azul bonito era como um véu
que carolina adorava colocar
e com ele brincar e brincar
de menina que sonhava abraçar todo o céu
e carolina cresceu a caminhar
naquele véu de anil de além-mar
o fi rmamento, pois, fl oriu o seu coração
que hoje perfuma a cidade e toda a multidão
que lê suas poesias de menina a sonhar

por Dom de Oliveira

Rimeliques

Silêncio! Memórias

silêncio! eu quero ver o firmamento
e miro apenas o tormento da cidade
hoje tão cinza

silêncio! o sussurro desse vento
me refaz do sentimento da metrópole
ranzinza

só me deixando a saudade
dos tempos de outrora
no corpo úmido
vivendo dentro em ti

lembrando a língua 
tua saliva em amora
campos em flor
de tua pele para um colibri

silêncio! Que hoje eu vou lembrar o tempo
bate ao peito sonolento a poesia
que a rima

silêncio! é a caravela, o banimento,
volta e meia o sentimento de maré
cidade acima

só me deixando a saudade
dos tempos de outrora
a poesia ainda pulsante
de tua vida aqui

sentindo o gosto
de ontem na aurora
de um vagabundo
caminhando na tarde rubi

àqueles tempos em que eu morava
silenciosamente
dentro de ti

(Dom de Oliveira)

DOM DE OLIVEIRA
https://domdeoliveira.wordpress.com/

Bebamos vinho, celebremos Dionísio, ouçamos músicas e gozemos poesias!

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DOM DE OLIVEIRA
Musician, poet and backpacker
www.domdeoliveira.com

Álvares de Azevedo like a inspiration and the brazil's hinterlands like a poetic road. Traveler by love, backpacker by choice and living in Brazil.

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Dom de Oliveira

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