Cumpre a quarentena com a mulher, e descobre novas formas de se relacionar com o mundo. Aos 62 anos, Arnaldo Ribeiro, sublinha os valores de Abril e os riscos das redes, e conta como levou José Afonso e Otelo Saraiva de Carvalho a Viana do Castelo.

Pete Seeger's Greatest Hits [2002]

Levantar os corações de Abril

Descobriu uma gravação do Bonnie Prince Billie a cantar a Grândola e é essa que vai pôr a tocar à janela. Elisabete é professora, tem quase 48 anos, e ressente-se da imobilidade da quarentena – que lhe trouxe sons e silêncios novos.

A falta de caminhar sem saber para onde

Ana Maria Baltazar, professora, desvenda um poema que escreveu sobre o dia em que Abril (lhe) nasceu. E partilha um excerto de Os Memoráveis, de Lídia Jorge. Da sua janela, vê uma bandeira vermelha, de esperança.

Desvendar o poema

Estava em Moçambique em 1974. Esperou horas por um telefonema para Lisboa, difícil e roufenho, onde ouviu a confirmação “do dia que mudou as nossas vidas”.

Aprender a liberdade no silêncio da ditadura

Há dois anos casou-se a 24 de Abril, e cantou a revolução à meia-noite com os amigos. Pedro Albuquerque, 49 anos, jornalista, lembra-se de ver a alegria e os cravos da revolução recém-acabada.

É preciso continuar a aprender e a ensinar o 25 de Abril

Tem 74 anos. A geração de Maria Leonor Duarte foi marcada pela ameaça da Guerra Colonial e do fascismo. Não esquece a janela da Faculdade de Ciências, na Rua da Escola Politécnica, onde estudou e deu aulas de Química, de onde viu polícias a bater em estudantes.

Assistir à barbárie da janela da faculdade

Maria, 9 anos, vê o silêncio da janela. Matilde, de 14, fala com a lua. A mãe, Mafalda, de 42 anos, às vezes não consegue ver nada. Lá em casa são quatro, mais um cão. A mais uma multidão nas prateleiras dos livros. Maria festeja o 25 de Abril a distribuir cravos, para Matilde significa não estar numa gaiola de pássaros. Mafalda gostava de ter vivido aquele tempo, e a memória da mãe ajuda-a na viagem.

Ver o silêncio, falar com a lua e ter uma multidão nas estantes

Tem 12 anos e no 25 de Abril de 2020 foi à janela cantar a Grândola, mas encontrou muitos vizinhos. E nesse dia Miguel escreveu um poema.

Transformando um dia negro num brilhante

Um dia, o pai levou um poster para casa com um menino maltrapilho que punha um cravo num fuzil. Maria Rocha não sabia bem o que era aquilo, porque vivia a ditadura no Brasil. Tinha o 25 de Abril na parede da sala, mas foi numas férias em Portugal que a revolução entrou na sua vida, para nunca mais sair.

Encher os pulmões de Abril

Tem 40 anos, e é profissional das Nações Unidas. Atualmente na Missão de verificação de paz na Colômbia, Joana Barros tem sempre o 25 de Abril na agenda das férias, para estar próximo de Portugal. Exceto esta quarentena.

Uma data importante para não perder, em casa

Tem 23 anos e continua a trabalhar e estudar no bairro de Gracia, em
Barcelona, Espanha, onde vive. Todos os anos celebra a liberdade e a
democracia, comprando cravos, contando aos amigos histórias da revolução, e a importância da liberdade para o país.

Cravos e história(s) em Barcelona

O podcast escutaro25 nasceu durante o estado de emergência motivado pela pandemia covid-19 em Lisboa, numa cidade fechada em casa. Entendemos que a quarentena não era suficiente para deixar passar o 25 de Abril, apesar de não podermos estar nas ruas. Quisemos, assim, criar uma memória do tempo presente, ouvindo os testemunhos da quarentena e também aquilo que o 25 de Abril representa nas nossas vidas. Lançámos o repto, e chegaram as vozes. Mais de três dezenas de depoimentos enviados de várias geografias e sensibilidades. É um pedaço de memória que construímos em conjunto e que se publicou entre 25 de Abril de 2020 e 1 de Maio de 2020. 
A todos os que participaram, e aos que escutaram e escutam, partilham e nos fazem chegar mensagens, o nosso obrigado. Continuamos a receber correspondência em escutaro25@gmail.com

escutaro25

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