Quando aqueles, por quem você procura, não estão mais por aqui, você se transforma num único ponto de encontro possível, você se torna um lugar. Esta foto desfocada da minha mãe me mobiliza a imaginar um local. Um ponto.

Ponto de encontro

Ponto De Encontro

Para todos que optaram pelo labirinto.
Imaginei esta letra depois de ler o sonho de um amigo, querido J-P Caron. Ele narrava a sensação labiríntica de se caminhar por SP. E o encanto que se manifesta, quando o caminhar se depara, repentinamente, com uma estrutura de muitos níveis, que passa despercebida na maior parte dessa jornada.  

SP labirinto

O olho é um ponto de partida, limitado pelo corpo, que oscila o horizonte, o olho capta uma falha. A matéria torce o signo do outro. Outro espaço configura um real de fundo falso. Pois são ossos, pois são peles, um evento em carcaça. Quando olhado de perto é só um corpo na cama. Um exoesqueleto e mais nada, quando o objeto se cala. Primeiro golpe desperta, vai de objeto a sujeito. Tinta de sangue nas costas. Mancha vermelha na cara.

O olho

Ela estava encostada na parede. Os dois dias sem sono refletidos nas sombras sob seus olhos. Ela estava pronta para chorar há muito tempo. E a tarefa era dar vazão àquilo. Ou então propor um radical retroceder.

Algumas pessoas entram na vida rasgando todas as funções protetoras, montadas durante anos. Então você simplesmente desperta no meio de uma rua escura, à beira de um mar, ou no canto de um parque, e percebe que a existência começou há somente dois ou três dias e tem hora para acabar. No momento exato da separação.

E essas pessoas sujam o seu sofá. Molham de vinho os seus livros preferidos. Quebram um copo. Irritam os seus amigos. São outros, para os que são seus. São invasores. Deslocam tudo. Dentro.
e segue....

No dia seguinte não parei de pensar em você

Persona

A las cinco de la tarde.
Eran las cinco en punto de la tarde.
Un niño trajo la blanca sábana
a las cinco de la tarde.
Una espuerta de cal ya prevenida
a las cinco de la tarde.
Lo demás era muerte y sólo muerte
a las cinco de la tarde.

El viento se llevó los algodones
a las cinco de la tarde.
Y el óxido sembró cristal y níquel
a las cinco de la tarde.
Ya luchan la paloma y el leopardo
a las cinco de la tarde.
Y un muslo con un asta desolada
a las cinco de la tarde.
Comenzaron los sones del bordón
a las cinco de la tarde.
Las campanas de arsénico y el humo
a las cinco de la tarde.
En las esquinas grupos de silencio
a las cinco de la tarde.
¡Y el toro, solo corazón arriba!
a las cinco de la tarde.
Cuando el sudor de nieve fue llegando
a las cinco de la tarde,
cuando la plaza se cubrió de yodo
a las cinco de la tarde,
la muerte puso huevos en la herida
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
A las cinco en punto de la tarde.

Un ataúd con ruedas es la cama
a las cinco de la tarde.
Huesos y flautas suenan en su oído
a las cinco de la tarde.
El toro ya mugía por su frente
a las cinco de la tarde.
El cuarto se irisaba de agonía
a las cinco de la tarde.
A lo lejos ya viene la gangrena
a las cinco de la tarde.
Trompa de lirio por las verdes ingles
a las cinco de la tarde.
Las heridas quemaban como soles
a las cinco de la tarde,
y el gentío rompía las ventanas
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
¡Ay qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!
¡Eran las cinco en sombra de la tarde!

La cogida y la muerte (Lorca)

I Ching
Hexagrama 54
O Casamento da Jovem. Avançar traz infortúnios.
Nenhuma ação ou objetivo é favorável.

Guey Mey

Noites Brancas

Encontro na Vista Chinesa

Altemar Dutra, num lance meio rock, meio Roberto

Sentimental

Minha mãe me dizia pra parar de fumar

Uma música de 2002, ou 2003. Uma música sobrevivente de diversas etapas da vida.

Unidade Tática Móvel

Um maço de Gift e 20 copinhos

Maço de Gift e 20 copinhos

Um bom cachaceiro

Um Bom Cachaceiro

Uma narrativa e interpretação livre de algumas partes da "Arte do Sonhar" de Carlos Castaneda. O sonhador, em algum momento, encontra o Emissário Azul e o seu ponto de montagem é deslocado e fundido com um ser de outra dimensão. Um aviso para quem empreende viagens oníricas. O sonho, às vezes, pode se tornar um claustro.

Incubo se acerca

Um incubo se acerca

Maior quantidade de encostos por metro quadrado na cidade

Terça de Carnaval

Gravamos esta música de noite, tomando vinho ao lado de um rio nas proximidades de Teresópolis. Não tinha eletricidade. Eram velas, uma máquina fotográfica com microfone, um violão desafinado, um caderno, e nossas palavras improvisadas. As palavras mais de Liv. Uma progressão harmônica besta de mim. Mas as coisas, às vezes, funcionam assim mesmo. É simples e é bom. Foi bom. Foi nosso lugar seguro. Ela sacava frases do ar. Ou do seu infinito depósito de ideias reservadas. E eu sigo acreditando em tudo que ela fala.

Trago de algo

Trago De Algo

Quando a letra e o som se encontram pela primeira vez, depois de semanas de cortejo. Mais uma improvisação que deu certo. Mais uma vez em Teresópolis. Mais uma vez rio. Mais uma vez um violão desafinado.

Nau De Loucos (Primeira versão)

Com participação de Flávia Goa na guitarra. Fizemos este improviso em 2020, nos rastros da pandemia, em cima de uma poesia minha. O tema é a diferença do salto de um animal e do pulo de um homem. Esse arquivo ficou perdido por um tempo. Em face de alguns acontecimentos traumáticos no ano passado, ouvir isso abriu algumas feridas em mim. Por outro lado, me reconciliou com outros aspectos do trabalho musical e de algumas parcerias.

Diferença entre saltos e pulos

Um de nós

Mais um merda como nós (One of us)

As luzes nos olhos complicam aquilo que está acordado.
Tudo que deve dormir ainda está acordado.
Forçando as repetições no organismo dopado,
as luzes confirmam com força,
ainda estou acordado.

No topo dos prédios acendem os fogos de todos isqueiros roubados
a alvorada cega.
Os olhos vazios e cegos de sol
pensam estar ancorados.
Os músculos tremem o corpo estimulado.
O olhar, o pensar, os dedos, das pernas, caneta,
se torcem em câimbra.

Coisas do sonho infestam vigília
modificam o traçado das ruas 
transfiguram cidades
abstraem e ampliam.

O quase acordar fixa os mapas
de bairros paralelos
de mil cidades paralelas
visões urbanas particulares.

Rio, Moscou Lisboa, Vigo, Barcelona, Santiago de Compostela, Astana, Berlim.

O processo funciona dessa forma:

Fecha os olhos e deixa a configuração entrar.
Permita o som transitar da testa pra nuca.
Transformando assim as mensagens recebidas em leves arrepios.
E arrepios se transformam em mensagens.

Às seis da manhã descemos eu e ele as escadas para a Lapa.
As ruas já estavam vazias e não tínhamos medo da polícia e os bêbados eram tão bêbados que nada poderia acontecer.

Infelizmente os depósitos de bebidas já estavam fechados e as lojas ainda não haviam aberto. Então precisamos caminhar por muito tempo para encontrar um lugar aberto que pudesse nos vender uma garrafa de rum e um cigarro.

Voltamos para o apartamento uma hora e meia depois e todos já tinham ido dormir, menos você.
E ele queria ir para casa. Queria dormir. Mas você queria ficar e ele não conseguiu fazer nada para evitar isso.

E ele ficou no sofá, falando. E nos ficamos bebendo, conversando.
E se ele não estivesse lá, eu teria arrancado as suas calças de couro. Teria descoberto a sua blusa para encostar a testa no seu umbigo. Teria arrancado o seu sutiã. Teria rasgado alguma coisa sua. Teria sido violentamente magnífico. Teria projetado um discurso, que num projeto de intensão agarraria seus cabelos e tomaria os seus dentes num movimento de contato brusco ainda que fosse tudo previsível.

Você pegava o copo e o cigarro.
Você acendia tudo, gesticulava.
E no fundo do seu movimento
eu conseguia sentir as fontes
de uma ação
perfeita
pautada pela intenção de descontentamento
buscando causas
para provocar um efeito
brusco
em tudo
em sua volta
e nele.

E quando eu conseguia olhar no fundo,
em alguns momentos sem contexto,
eu entendia que todo o movimento não enunciava intenções concretas,
não tinha eu e ele,
nesses momentos,
somente a fúria
em movimentos sem discernimento.

E apesar de muitos e plausíveis poréns,
a coisa toda me contagiava.
E justamente por me saber um invasor
me exaltava e seguia conversando.

Por que a fúria voltada para o outro
é magnífica enquanto acontecimento
ainda mais do ponto de vista
de quem,
em algum momento,
pode se transformar num para-raio
ou outro instrumento.

Quando isso acontece
é fácil de entender
a lógica interna dos contratos
de Sacher-Masoch.

Santiago de Compostela

Por acaso fui parar nesse lugar: https://www.youtube.com/watch?v=Ta0ldRAB7fc&list=LLySzhXTADY1vENq20b3m6qQ&index=16&t=0s

Depois de ler todos os comentários negativos sobre o vídeo, decidi fazer alguma coisa.

Aqui está o que eu fiz.

Say hellow to random russian girl

Um dia ele comentou, de passagem, que ou outro era Nagual. O outro não soube lidar com o fato e fundou um culto. Não é fácil ser Nagual.

George Yurievitch Ribeiro

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