Não olha que eu hoje não quero
Talvez mas depois do jantar
Sai! fora daqui!
não és bom pra mim
já volto pra te vir buscar
não foi por mal que te pus na prateleira
já volto pra te vir buscar
um dia hei de vir e quando me servir não vai dar para voltar a usar

inspiração em estado líquido
entre uma ou outra gargalhada
escrevo em Poá e em prosa
de bochecha rosa 
como se estivesse envergonhada

Não olha que eu hoje não quero
Talvez mas depois do jantar
Sai! fora daqui!
não és bom pra mim
já volto pra te vir buscar

elegância não pode fazer mal, bom requinte só me faz corar
e o que é bom e nacional, mas os teus primos lá da França também se sabem apresentar

será que é amor ou e só carinho, não dá pra casar com um copo de vinho



A do Vinho.wav

vou dizer aDeus a quem eu vir e se ele ouvir não vai dar para ele fugir

Não conto com quem sempre insistiu que sempre existiu mas nunca ninguém o viu

Vivemos num esboço atabalhoado e mal acabado que nunca foi realizado retocado

Vou dizer aDeus e fujo a eito que nO aceito, culpem este mail arquitecto

Quem diria que algum dia eu deixasse
Se alguém me bem amasse.
De repente estou doente. Alguém me ajude, alguém me amasse.

Mas quem é que aldrabou as contas? deixaram pontas soltas, isto não dá resto zero. Deixam-me querer sentir tudo, mas por um engano absurdo, nunca sinto o que quero.

Aldrabanço.wav

Depois de tanto esforço e suor, acaba-se a vida em negação.
continua-se a espera seja do que for, mas ninguém veio a celebração.
O pior castigo é a solidão.

Novos que o são estão atarefados
Não há vaga para quem os fez crescer
se se sentirem muito culpados, talvez arranjem uma horinha para os ver.
Sao uma herança à espera de acontecer

Também são filhos
com sábios conselhos
que dão ao espelho (que remédio)
Abracem os velhos

Abracem os Vâlhos.wav

1. Sonha um cão e sua bola rota. 
2. Pede ao cão que a imagine como nova.
3. Diz-lhe que a leve e mostre a toda a gente
4. Que dance enquanto lhe empatas a mente.
Criaste um cão que tem tudo com tudo o que o que lhe podem dar, mas vais roubar-lhe o mundo assim que queiras acordar.

Pára de lhe dar o mundo, o único que ele conheceu. Pára de sonhar tudo.
Que o cão 
sou eu.

8. Cão

Tens de querer saber mais. Pagar mestrados com cristais e aprender dos que os acham banais, mas esses são só sábios mentais.

Trabalha para quem não crês, mas se te pagam talvez umas 3 migalhas por mês, então que acabe o pão de vez.

Dizem que não há ninguém que se case com alguém só pela amizade que têm, mas o amor não me convém.

Que dês à luz outros como tu nascidos de espírito cru, mas nunca é ele que se conduz porque o acaso é falso.

Vivemos mal assim até que a sorte nos separe.
E se a sorte se(pára).

1. Sorte Nos Separe

Vida de gordo que sempre há-de comer tanto quanto gordo possa ser.

Agora que sou magro mereço o que tento ter, não sei o o que faço mas estou sempre a emagrecer.
A minha rua está mais larga com mais gente para falar, talvez alguém me traga algo que me faça voltar.

À minha vida de gordo que sempre há-de comer tanto quanto gordo possa ser. E se lhe falta o que pôr na colher, há sempre alguém a quem roubar o que der.

Não quero cores mais vivas, nem momentos de prazer. Quero um bife da vazia e uma barriga a crescer.
Não quero uma vida cheia com mais tempo para a viver. Quero que volta e meia nem me consiga mexer.

Vida de gordo que sempre há-de comer tanto quanto gordo possa ser. E se lhe falta o que pôr na colher, há sempre alguém a quem roubar o que der.

VIDA DE GORDO!
Oreos com gelado, Nachos panados com pão frito, toucinho de céu

6. Gordo

Em conversas de sexta à noite atiram-se verdades ao balcão por um homem magro e urgente e outro de copo cheio na mão.
-Já! Eu quero tudo já! Que só oiço ponteiros sorrindo de cá para lá, de cá para lá. - magro
- Não, o tempo é para esperar. E aquele que tenho a mais guardo como recordação. - gordo

Ai eu não sei de ninguém que se conheça tão bem.

Um gordo e um magro entram num bar bar e em conversas de ocasião, o magro comprou-lhe o tempo e prometeu-lhe uma canção. 
Já! E ele quis tudo já. E os ponteiros de cá para lá, cá para lá.
Não, o prometido é de vidro, já que quem bebe ficou sem recordações, já não há canções.

Ai  eu não sei de ninguém que se conheça tão bem.
Sem recordações já não há canções.

2. Meio Cheio

Sou Elídia todo o dia, Ana depois do jantar.
Mas quem ele de mim queria já não deve voltar.
Tomou por garantido o que por acaso teve. E agora foi-se embora quem nunca cá esteve.
Quem nunca cá esteve.

Saia a quem saia, mãe Alfa, pai Beta.
Assim que a noite cai sou só AnaAlfaBeta.
E à Elídia sincera, roubaram-lhe o meio termo.
Quem tanto a quisera há-de lembra-la sempre.
Há-de lembra-la,

Pouco importa sinceramente, o que é bom morre sempre.
O que é bom morre sempre.

7. Elídia

Já contei a toda a gente, mesmo que só na minha mente, mas a sorte não me quer ver.

Já mandei tantos sinais, se não chegam compro mais, mas a sorte não me quer ver.

Fiz uma lista do que quero e numa sombra fresca espero, mas a sorte não me quer ver.

Queixei-me com força de mulher, não tenho força que chegue e a sorte não me quer ver.

Deixei o carro desengatado para engatar com mais agrado, mas a sorte não me quer ver.

Comprei roupas caras para olhar que não uso para não estragar e a sorte não me quer ver.

E eu tentei tudo o que não dói, mas o que quero não se constrói porque a sorte não me quer ver.

Listei as coisas que não tinha, p'ra me lembrar não as ter. 
E se há sonhos que queira, espero sentada não os querer.

Porque a sorte ela não me quer ver.

4. Sorte

A meia que não faz falta
A meia que furou
A meia que se parte já alta
A meia que durou
A meia que não serve
A meia que não vende
A meia que compromete
A meia que não sente falta
A meia que não faz falta
que furou
A meia que se parte 
e a que durou

A meia que não serve, não vende, não compromete
Aquele que a compra e no fim repete.

A meia meia preta é a que fica na gaveta e não há ninguém que a mete porque é meia da treta.
Amei a meia preta, a que fica na gaveta e não há ninguém que a mete porque é meia da treta.

Está meia sem par,
Estou meia sem par.

3. Meia

Deixo, em papel de escrever, as conclusões que tirei dos anos que passei sem viver a pensar onde os gastei.
Quem vai andando a pé só foge de onde não está. O que passou é isso que é e o que aí vem é isso que será.

Há poucas notas que tire agora. Desenhos falam melhor e os detalhes que ficam de fora são os que me põem pior.

Escrevi que quem anda ao calhas, encalhado está, e livros desses sem falhas são os calhaus que há.

Não há aqui nada para ver, isto só dá que falar.
E se assim tiver de ser mando os papeis para o ar.
Não há aqui nada para ver, só há coisas para assustar.
E se se fugir sem correr, só se tem a ganhar.

Escrevi que quem anda ao calhas, encalhado está, e livros desses sem falhas são os calhaus que há.

Não há aqui nada para ver, isto só dá que falar.
E se assim tiver de ser mando os papeis para o ar.
Não há aqui nada para ver, só há coisas para assustar.
E se se fugir sem correr, só se tem a ganhar.

Homem Nada

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