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Estudando de forma lúdica e descontraída para o concurso do TJ-RS. Cargo: Oficial de Justiça.

Segue a letra:

FAROESTE JURÍDICO
(Letra de Ilton Ornelas Filho - Adaptação de Faroeste Caboclo, Legião Urbana)

Não tinha medo do João da Cavalhada
Ele não tinha quase nada quando o Oficial prendeu
Tentou passar para o cunhado a sua fazenda
Vender casa, vender barco e o carro que a sua mãe lhe deu

Mas conseguiram penhorar noutra comarca
e foi por termo de penhora pois o terreno esqueceu
Os outros bens foi por cautelar de arresto
com periculum in mora o Oficial apreendeu
Ia pra igreja só para não ser citado
pois em culto religioso o cabra pode se safar

E aproveitava até a morte dos parentes
porque sabia que após tem sete dias prá citar
Ele mantinha os móveis que guarnecem o lar
a geladeira e uma televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
e no Uruguai foi se esconder na solidão

E se pensou em edital e rogatória
já que no outro país desconhecido é o seu lugar
E quinze dias prá publicação é o máximo
depois de afixada e o escrivão certificar
Não entendia como isso funcionava
intimação do advogado por nota prá ter valor
e se preciso intimar o MP
em qualquer caso será feita pessoalmente ao Promotor

E o escrivão foi lá tomar um cafezinho
E encontrou o Delegado com quem foi falar
E o Delegado citou uma passagem
art. 358 é a citação do militar
Dizia ele o CPP é taxativo
por intermédio de seu chefe far-se-á
É diferente no caso do presidiário
se estiver preso pessoalmente será

E o João enjoou dos los hermanos
E um ônibus pegou Rivera prá Pinhal
se utilizando da livre locomoção
inciso quinze, artigo quinto norma constitucional
Meu Deus mas que cidade linda!
No Ano Novo eu começo a trabalhar
pois foi chamado no concurso de escrevente
servidor estatutário às seis e meia ia surfar

Na sexta feira ia pra zona em Porto Alegre
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
e assim não vai passar no estágio probatório
sua vida indecorosa uma censura já levou

E tirou férias fez turismo na Bolívia
E muitas coisas trouxe ele de lá
folha de coca em sua bolsa ele trazia
pois um negócio ele ia começar
E Joao até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava prá família alimentar
E lia sempre às oito e meia no email
Que sempre dizia que o seu salário ia aumentar

Mas ele não queria mais conversa
E decidiu que outra coisa ele teria que inventar
Elaborou mais uma vez seu plano incerto
E sem ser crucificado a produção foi começar
Logo, logo os maluco da cidade
Souberam da novidade
Tem bagulho bom ai!

E o João de Santo Cristo ficou rico
E acabou com todos os traficantes dali
Fez amigos, frequentava a Zona Norte
Ia pra festa no Rose pra se libertar

Mas de repente
Sob uma má influência dos boyzinhos da cidade
Começou a roubar
Já no primeiro roubo ele dançou
E pro presídio ele foi pela primeira vez
desviar grana e bem móvel é peculato
de 2 a 12 é a pena prá você!

Agora o Joaõ da Cavalhada
era bandido destemido no interior e capital
Não tinha nenhum medo de polícia
Capitão ou traficante, playboy ou general
Foi quando ele pensou em sua menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Maria Lúcia era uma menina linda
incapaz relativamente porque tinha dezesseis

Ele dizia que queria se casar
maioridade ela passou a ter
pois é o caso de emancipação legal
E um filho com João ela vai ter

O tempo passa
E um dia vem na cela um senhor de alta classe com
dinheiro na mão
E ele faz uma proposta indecorosa
E diz que espera uma resposta, uma resposta de João
Não boto bomba em banca de jornal
Nem em colégio de criança
Isso eu não faço não
e, terrorismo, tortura e crime hediondo
Não tem graça, anistia e nem fiança não
Porque é igual a tráfico de entorpecentes
Eu sou um presidiário com ascendente escorpião
Mas antes de sair com ódio no olhar
O velho disse
Você perdeu a sua vida, meu irmão!
Você perdeu a sua vida, meu irmão!
Você perdeu a sua vida, meu irmão!
Essas palavras vão entrar no coração
Eu vou sofrer as conseqüências como um cão

E o João da Cavalhada estava certo
Seu futuro era incerto
E ele não tava normal
Se embebedou e no meio da bebedeira
Descobriu que era viciado e também ébrio habitual

Posso ter incapacidade relativa
Posso perder o meu filho e o poder familiar
Pode ocorrera a tal da tutela dativa
pelo juiz concedida vou me ferrar

Mas acontece que um tal de Jeremias
Advogado de renome apareceu por lá
Ficou sabendo dos problemas da família
E decidiu que o João ele ia ajudar

Procuração é o instrumento do mandato
E dá poder para se administrar
E decidir, praticar atos em seu nome
E os interesses de João representar

Jeremias disse tudo pro João
Tem direito ao devido processo legal
A princípio todo mundo é inocente
até prova em contrário, é constitucional
E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E de saudade começou a ficar mal

Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já está em tempo da condicional
Chegando em casa então ele chorou
E do oficial se ocultou pela 3ª vez
uma citação por hora certa ele tomoooou
e a outra audiência já é fim do mês

E o João indignado com a política e os amigos
prá uma manifestação ele chamou
Amanhã, às duas horas lá na Borges
esquina da Rua da Praia e é prá la que eu vou
E você pode ir sem as suas armas
em locais aberto ao público sem autorização
reunir-se mas pacificamente
tá no inciso dezesseis da nossa Constituição

E o João já não sabia o que fazer
Quando viu o repórter da televisão
Que deu notícia do protesto na TV
Dizendo a hora o local e a razão

No sábado, então as duas horas
Todo o povo sem demora
Foi lá só pra assistir
João diz que não fala pelas costas
é vedado o anonimato
E começou a sorrir

Sentindo um nó em sua garganta
João olhou pras bandeirinhas
E o povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro
E pras câmeras e a gente da TV filmava tudo ali

E se lembrou de quando era uma criança
com 12 anos incompletos no Chuí
E pelo ECA adolescente é até 18
Com família substituta, estou aqui

E o tal do ato infracional
É crime ou contravenção que o menor cometeu
João lembrou de sua Winchester 22
A arma que seu primo Pablo lhe deu

Jeremias, se é criança a medida é protetiva
não pode ir para a cadeia não
e adolescente já é socioeducativa
Liberdade assistida,
advertência, Internação

E tem obrigação de reparar o dano
Comunidade um serviço à prestação
inserção regime de semiliberdade
ou até mesmo as medidas de proteção

E o João da Cavalhada batalhou o que podia
STJ na lista de 6
E a alta burguesia da cidade quis Jeremias ministro
por tudo que ele fez

E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília com a lista da OAB
Ele queria era falar com o presidente
Prá nomear o Jeremias prá lhe dar podeeeeeeer...

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