(Verso 1)
Sou um passarinho preso no ninho
O tempo passa e finjo não ter pressa
Aqui dentro ainda há cheiro de infância
Lá fora tudo é cobrança 

Me dizem “todo mundo cresce”
Mas Peter Pan é meu melhor amigo
E enquanto o mundo quer que eu vá
Eu só quero ficar no meu abrigo

(Pré-Refrão)
Não sei se vou conseguir
Voar pra esse mundo sem fim
Se o céu é tão grande assim
Eu só quero existir

(Refrão)
Eu não quero crescer
Não quero responsabilidade
A vida lá fora é só ansiedade
Eu não quero crescer
Não quero sofrer
Prefiro ficar onde ninguém me cobra nada

(Verso 2)
Lá fora todo mundo corre
Ninguém tem tempo pra sonhar
Virar adulto parece prisão
E eu aprendi a me culpar

Wendy voltou pra casa chorando
Disseram que era isso, “faz parte da vida”
Mas ninguém avisou que crescer
É perder a alma e chamar de rotina

(Pré-Refrão)
Não sei se vou conseguir
Voar pra esse mundo sem fim
Se o céu é tão grande assim
Eu só quero existir

(Refrão)
Eu não quero crescer
Não quero responsabilidade
A vida lá fora é 
Se crescer é esquecer quem eu sou
Então que eu fique aqui
E o mundo que voe sem mim

Terra do Nunca

Jimi incendiou a guitarra, mas queimou por dentro
Janis cantou alto pra esconder o silêncio
Jim Morrison abriu a porta do além
E Kurt jurava que só queria viver bem

Amy bebia amor em copo quebrado
Brian Jones se afogou no próprio fardo
Peep desenhou estrelas em comprimidos
Mas o céu pesa pra quem já nasceu ferido

Todo gênio deixa um eco que não envelhece
Mas por trás dos discos, tem alguém que sempre adoece

Bem-vindo ao Clube dos 27
A arte é eterna, mas o corpo não resiste
Viram mito antes de virar velhos
Pagaram caro pra viver nos discos

Bem-vindo ao Clube dos 27
Onde a juventude sangra em segredo
E quem aplaude nunca sabe o preço

Eles sorriam no palco, morriam no quarto
Brilhavam pra todos, mas caíam no vácuo
A fama é faca com lâmina dupla
Quem vê ídolo, não vê a dor que ocupa

Janis queria só alguém pra segurar a mão
Kurt só desejava paz, não revolução
Amy só precisava de carinho, não de plateia
Mas o mundo ama demais quem não consegue se amar
Vira lenda, vira pôster, vira poesia
Mas ninguém pergunta: Como você realmente se sentia?

Bem-vindo ao Clube dos 27
A arte é eterna, mas o corpo não resiste
Viram mito antes de virar velhos
Pagaram caro pra viver nos discos

Carregar um coração pesado
E um sorriso ensaiado, sempre pronto para os aplausos
Ter o mundo inteiro ouvindo sua voz
Mas ninguém realmente ouvindo você
Ser remédio de quem te consome
Enquanto o seu próprio remédio te destrói
Confundir amor com aplauso
E casa com camarim

Morrer aos 27
Para viver para sempre no que você fez
E nunca no que você foi
Não pedir para entrar
Só cair
E o mundo chamar de destino

Bem-vindo ao Clube dos 27
Que ninguém mais precise entrar
Que a arte não custe a vida
Que a vida também saiba brilhar

Clube dos 27

Verso 1
Eu corro pelas minhas paredes,
Desenho buracos na própria mente.
Risos e lágrimas se confundem,
E eu grito sozinha, ninguém sente.

O mundo me chama de instável,
Mas eu só tento ser inteira.
Entre o amor e o desespero,
Eu danço na beira da ribanceira.

Pré-Refrão
Cada palavra que me corta
É um espelho que me reflete.
Cada abraço que me salva
Se desfaz antes da sorte.

Refrão
Sou a Bordergirl,
Entre o caos e o céu.
Entre o amor e o abismo,
Entre você e eu.
Sou a Bordergirl,
Que vive rápido demais,
Que ama sem pedir licença,
E se perde nos sinais.

Verso 2
Promessas quebradas são minha rotina,
Amor que chega e some como bruma.
Entre o tudo e o nada, eu flutuo,
Entre risos e lágrimas, me consumo.

As pessoas querem etiquetas,
Mas eu não caibo em nenhuma.
Sou tempestade e silêncio,
Sou fuga e sou alguma.

Ponte (spoken word / bridge)
Não sou fraca, só sou intensa.
Não é drama, é sobrevivência.
Aprendi a cair e levantar,
Aprendi que o limite é meu lugar.

Refrão Final
Sou a Bordergirl,
Entre o caos e o céu.
Entre o amor e o abismo,
Entre você e eu.
Sou a Bordergirl,
Que vive rápido demais,
Que ama sem pedir licença,
E se perde nos sinais.

Bordergirl

Falo de amor como quem lê um manual,
tentando achar instruções em meio ao caos.
Meu corpo sente antes que eu entenda,
minha mente nega, mas o peito emenda.

Tenho o dom de racionalizar o abismo,
transformo dor em silogismo.
E quando algo me atravessa,
eu finjo que é só vento passando depressa.

Sou metades que não se escutam,
ecoando uma à outra em línguas mortas.
Se choro, é por dentro — discreta, lógica —
como quem resolve uma equação torta.

Sou razão demais pra sentir,
emoção demais pra fingir.
Sou linha e curva,
faca e ferida,
metade viva, metade saída.

Sou o nó entre o sim e o não —
a eterna contradição que respira em mim:
dicotomia.

Abracei o silêncio como defesa,
mas ele virou morada.
E aprendi que a calma que invejam
é só anestesia disfarçada.

Procuro sentido nas pausas,
mas só encontro ruído.
Entre o que penso e o que calo,
sempre perco o equilíbrio.

Talvez eu nunca sinta certo,
talvez sentir não tenha método.
Talvez viver seja isso mesmo —
um erro que aprendeu a ter ritmo.

Sou razão demais pra cair,
emoção demais pra sumir.
Sou linha e curva,
faca e ferida,
metade fuga, metade guarita.

Sou o nó entre o sim e o não —
a eterna contradição que respira em mim:
dicotomia.

Se eu te disser que não sinto,
é só porque ainda não sei dar nome.

Dicotomia

Anotei no espelho o que restou de mim,
frases curtas, em letra pequena.
“não sentir tudo de uma vez”,
“lembrar que o vazio também é cena”.

Tentei medir o peso da ausência,
mas ela muda toda vez que respiro.
Fiz da calma um exercício,
e da dor, um ritual silencioso e preciso.

Se o coração for tempestade,
que a mente seja abrigo.
Mas às vezes o abrigo
é o próprio perigo.

E eu sigo o manual que inventei —
passo um: não lembrar demais,
passo dois: fingir que tudo é fase,
passo três: respirar quando doer.
Ninguém me ensinou a sentir devagar,
então escrevi meu manual de sobrevivência
pra não desabar.

Tem dias em que o corpo vai sozinho,
a alma fica pra trás, observando.
Aprendi a sorrir no automático,
enquanto dentro tudo vai queimando.

Anoto promessas que não cumpro,
regras que não sigo,
mas escrever é o que resta
quando o amor vira castigo.

Se o coração for naufrágio,
que o peito seja cais.
Mas eu me perco
toda vez que volto atrás.

E eu sigo o manual que inventei —
passo um: não lembrar demais,
passo dois: fingir que tudo é fase,
passo três: respirar quando doer.
Ninguém me ensinou a sentir devagar,
então escrevi meu manual de sobrevivência
pra não desabar.

Talvez o segredo seja falhar bonito,
chorar sem plateia,
seguir sem saber pra onde,
mas seguir.

E eu sigo o manual que inventei —
passo um: lembrar que fui inteira,
passo dois: perdoar o que perdi,
passo três: deixar o vento guiar.
Porque viver não é vencer,
é reaprender a existir
sem manual nenhum.

Manual de Sobrevivência

(verso 1)
Ou te amo até doer,
ou finjo que nunca existiu.
Sou sempre o fim ou o começo,
nunca o meio sutil.

Quando é pra sentir, eu mergulho,
sem medo, sem boia, sem chão.
Mas quando afundo, aprendo
que o fundo também é prisão.

(pré-refrão)
Dizem que o equilíbrio é sabedoria,
mas pra mim, parece ausência.
Ou eu transbordo,
ou viro silêncio.

(refrão)
Sou 8 ou 80,
nunca fui morna,
me queimo ou congelo,
mas nunca sou norma.
Sou tudo ou nada,
nunca sou metade,
vivo entre extremos
disfarçados de verdade.

(verso 2)
Te amo como quem corre no escuro,
achando que o fogo é farol.
Mas o que me guia é o impulso,
mesmo quando me cega o sol.

Eu não sei dosar a entrega,
nem racionar o sentir.
Sou erro em loop,
mas é o erro que me faz existir.

(pré-refrão)
Dizem que é medo disfarçado,
eu chamo de intensidade.
Prefiro o caos vivo
à calma falsidade.

(refrão)
Sou 8 ou 80,
nunca fui morna,
me queimo ou congelo,
mas nunca sou norma.
Sou tudo ou nada,
nunca sou metade,
vivo entre extremos
disfarçados de verdade.

(ponte)
Talvez eu só queira ser lembrada,
mesmo que pelo excesso.
Ser chama, ser sombra,
mas nunca só resto.

(refrão final)
Sou 8 ou 80,
e no meio me perco.
O amor, em mim,
nunca foi verbo neutro.
Sou 8 ou 80 —
metade cura, metade veneno.
E tudo o que toco
vira extremo.

8 ou 80

(verso 1)
Entre o sim e o talvez,
aprendi a me esconder.
Nem toda cura é calma,
nem todo amor é pra vencer.

Pintei de cinza o que doía,
pra disfarçar o excesso de cor.
E percebi que o equilíbrio
às vezes é só falta de ardor.

(pré-refrão)
Sou o quase, o meio, o intervalo,
a pausa entre o antes e o depois.
Nem tudo o que acaba morre,
nem tudo o que fica é nós dois.

(refrão)
Vivo em meio-tom,
onde o certo é relativo.
Nem luz demais, nem escuridão —
só um reflexo indeciso.
Vivo em meio-tom,
entre o grito e o abrigo.
Se o amor for tudo ou nada,
então eu fico no meio comigo.

(verso 2)
Aprendi que sentir não tem medida,
mas o medo insiste em calcular.
Metade de mim quer ir,
a outra só sabe ficar.

Não é indecisão, é defesa —
não é calma, é contenção.
Às vezes a paz que eu mostro
é só freio pra emoção.

(pré-refrão)
Sou o quase, o meio, o intervalo,
a sombra clara que ninguém vê.
Nem toda escolha é escolha,
às vezes é só o que dá pra ser.

(refrão)
Vivo em meio-tom,
onde o certo é relativo.
Nem luz demais, nem escuridão —
só um reflexo indeciso.
Vivo em meio-tom,
entre o grito e o abrigo.
Se o amor for tudo ou nada,
então eu fico no meio comigo.

(ponte)
Talvez o meio seja o meu inteiro,
meu jeito de não ruir.
Entre o branco e o preto,
eu aprendi a existir.

(refrão final)
Vivo em meio-tom,
sem cor definida.
Nem fuga, nem volta —
só vida contida.
Se o amor for 8 ou 80,
eu fico na contramão.
Sou calma e tempestade,
em mesma canção.

meio-tom

dando vida as minhas composições, apenas por diversão ♡

Manual de Sobrevivência

Rafaela Rodrigues