Bach compôs 6 suítes para violoncelo solo, as quais se tornaram as peças mais frequentemente
executadas e reconhecidas para este instrumento. As suítes foram transcritas também para
numerosos instrumentos incluindo violino, viola, piano, alaúde e o violão clássico que por meio de
Andrés Segóvia na primeira metade do século XX, recebeu este precioso trabalho, vindo a se
tornar repertório quase que obrigatório dos concertistas de violão. Recebi a partitura da Bourrée I
e II de meu mestre Luiz Hadê, durante os anos em que estudei com ele em Pelotas / RS. A
partitura era um arranjo de John Duarte na tonalidade de Lá maior que, segundo o Prof. Hadê,
reproduzia com fidelidade e requinte a proposta original de Bach para o violoncelo. Minha
referência foi a gravação da suíte nº 3 feita por John Williams, já que Andrés Segóvia a executava
sob um arranjo próprio na tonalidade de Ré maior com a 6ª corda afinada em ré, tornando a peça
com um grau de dificuldade bem maior. Justamente pela complexidade da partitura, levei
aproximadamente 6 meses estudando-a passo a passo até obter um nível razoável de execução. Sem
dúvida, esta foi seguramente a mais difícil das peças que procurei tocar e apesar de algumas falhas de
execução, considerei uma vitória pessoal interpretá-la na íntegra.

BOUREE CELLO SUITE N3 -J.S.BACH

De posse do caderno contendo as partituras dos 5 Prelúdios, tocar Villa-Lobos se tornou para mim uma
espécie de compulsão. Eu havia me apaixonado pela obra e também pela sua biografia. O prelúdio nº 3, o
qual Villa-Lobos lhe atribuía o subtítulo de “Homenagem a Bach” inicia com uma sequência de
politonalidades que precede uma melodia delicada sugerindo às fugas de J.S. Bach. Foi uma peça que
estudei e absorvi rapidamente seu contexto de interpretação. Minha referência inicial nos prelúdios foram
as gravações de Narciso Yepes, porém algum tempo depois percebi também a grandeza das interpretações
de Turíbio Santos.

PRELUDIO N3 - H.VILLA LOBOS (1887-1959)

IVO MONDINI
Nasci em São Paulo/SP em 01 de julho de 1953, mas ainda criança, vim morar em Porto Alegre/RS. Iniciei meus estudos de violão em 1963 com 10 anos de idade na classe infantil do Instituto Musical Porto Alegre com a Professora Ada Luccaora. Decorridos 2 anos e sob a influência mundial dos Beatles ganhei uma guitarra elétrica e com apenas 12 anos já integrava um conjunto musical formado em sua maioria por alunos do Colégio Rosário em Porto Alegre/RS. Porém, depois de pouco tempo, despertei o interesse pelo estudo do violão clássico. Em 1965 iniciei um ciclo de aproximadamente 10 anos de aulas semanais com o Professor Jessé Silva. Com ele, aprendi teoria, solfejo, leitura e interpretação da partitura para violão, associando a indispensável rotina de estudo de técnica e execução. Retornei aos estudos, após uma paralisação de 5 anos, com o Professor Luiz Hadê em Pelotas/RS, do qual recebi aulas semanais de aperfeiçoamento por cerca de 2 anos. Não me profissionalizei, pois logo entendi as dificuldades impostas à carreira, principalmente dentro do Brasil. No entanto, me contentei em ser apenas um instrumentista amador, estudando e buscando me aperfeiçoar o  suficiente para alimentar minha mente, com o enorme prazer pessoal depois de ler e executar no violão peças de relativa complexidade. O material aqui reunido e ora publicado, se origina de gravações que realizei de forma amadora em fita magnética no ano de 1983. A edição se tornou possível  graças a um trabalho excepcional de digitalização e remasterização, elaborado pelo músico e produtor musical Paulo Inchauspe a quem presto meu cordial agradecimento.
“A VIDA SEM MÚSICA NÃO TEM SENTIDO” (NIETZSCHE)

PRELUDIO N3 - H.VILLA LOBOS (1887-1959)

Ivo Mondini

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