Ilusões da Vida.
Poema de Francisco Octaviano (1825-1889)

Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.

Machado de Assis sobre a morte de Francisco Otaviano.

"Morreu um homem. Homem pelo que sofreu; ele mesmo o definiu, em belos versos, quando disse que passar pela vida sem padecer, era ser apenas um espectro de homem, não era ser homem. Raros terão padecido mais; nenhum com resignação maior. Homem ainda pelo complexo de qualidades superiores de alma e de espírito, de sentimentos e de raciocínio, raros e fortes, tais que o aparelharam para a luta, que o fizeram artista e político, mestre da pena elegante e vibrante.  Vous êtes un homme, monsieur Goethe, foi a saudação de Napoleão ao criador do Fausto. E o nosso Otaviano, que não trocara a alma pela juventude, como o herói alemão, mas que a trouxera sempre verde, a despeito da dor cruel que o roía, que não desaprendera na alegria boa e fecunda, nem a faculdade de amar, de admirar e de crer, que adorava a pátria como a arte, o nosso Otaviano era deveras um homem. A melhor homenagem àquele egrégio espírito é a tristeza dos seus adversários."

Ilusões da Vida

Asa Branca (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira)
Editora Fermata do Brasil

Homenagem à poesia de Luiz Gonzaga e sua valorosa contribuição à cultura brasileira. Um modo de contrapor o injustificável discurso de ódio difundido contra nordestinos nas últimas eleições presidenciais. Agradecimento especial a Wagner Pazini pela autorização.

Asa Branca

"DUAS ROTAS" é uma parceria com o jornalista e compositor mineiro Vanildo Gomes e apresenta o contrabaixo luxuoso do músico e produtor técnico Ronaldo Nardão Rossato (O Teatro Mágico), que também colaborou no arranjo e é responsável pela mixagem da faixa.

Duas Rotas

Ao Coração que Sofre
(Olavo Bilac)

Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.

Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.

E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;

E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.

Ao Coração Que Sofre

Entre o Céu e o Silêncio

Já cruzei muitos caminhos,
Me perdi e te busquei
Pra me encontrar.

Mil verdades, mil mentiras,
Mil moinhos (de vento).
Muitas guerras para a paz em teu olhar.

Algo novo? Só em mim.
Que em silêncio entendo assim:
Se cumpri o meu destino
Não há mais o que esperar.

Mas se está tudo em tuas mãos,
Dê-me logo a direção,
Pra que eu possa estar enfim
Em meu lugar.

Entre o Céu e o Silêncio

Olha, não vou mais te procurar,
Nem lembrar do seu sorriso,
Do seu jeito de me olhar.
Já não penso em você,
Consegui te esquecer,
Quero que você esqueça.

Essa história passageira,
Esse amor de brincadeira,
Só um sonho que acabou.

(Refrão)
É verdade esse bilhete,
Que deixei sobre o tapete,
Para que você não leia.

É verdade esse bilhete,
Não espero que o aceite
Como quem pede pra voltar.

É verdade esse bilhete,
Que o amor nele se ajeite,
Para que você o queira.

Olha, não vou mais te procurar,
Nem lembrar do seu sorriso,
Ou desse seu beijo bom.

Já esqueci seu endereço,
Seu perfume eu desconheço,
Mesmo que me enlouqueça. 

Foi história passageira,
Um amor de brincadeira,
Só um sonho que acabou.

(Refrão)
É verdade esse bilhete,
Que deixei sobre o tapete,
Para que você não leia.

É verdade esse bilhete,
Não espero que o aceite
Como quem pede pra voltar.

É verdade esse bilhete,
Que o amor nele se ajeite,
Pra tocar seu coração.

Olha.

É Verdade Esse Bilhete

Magoada e insegura,
Não precisa mais ficar.
Não foi minha, nem foi sua,
Não precisa se culpar.

Só se tem o que se pode partilhar,
Se é somente o que sempre faz voltar em nós,
E outra voz vai nos contar,
O que sempre estava lá.

Madrugada não é cura,
Outro amor não é lugar.
Uma lágrima, então, sussurra,
Uma palavra pra mudar.

Escolhe-se querer continuar,
Um perdão é um bálsamo de luar em nós,
E outra voz vai nos contar,
O que sempre estava lá.

Quando a canção tocar o sentimento
E relembrar o que te fez começar,
Sei que ela às vezes para o tempo,
Pra te dizer que não vai terminar.

Uma mensagem vem aliviar,
A saudade que no peito está,
Algo, eu sei, vai te fazer lembrar,
Do que sempre estava lá.

O Que Sempre Estava Lá

Jorge da Matta é compositor, letrista e músico.  Faz parte da primeira turma do curso de composição da cantora Roberta Campos. 'Rio a Fluir Canção' está disponível nas plataformas digitais desde 19 de abril.

Jorge da Matta

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