Vim de um bem querer/
Cativa da sintonia/
Partilho marcos da vida/
Que expõem o todo que sou/
...são pistas do que virei a ser/
Me fiz... espelho de minha raiz/

Que bom nosso conviver/
Atenta sempre te vi capaz/
Avessa a fugas e medos/
Contida, isso nunca jamais/ 

É... fazer valer cada instante/
Saborear o percurso/
Nunca peitar o destino/
Ver o amanhã como menino/

É... não se virar contra a vida/
Não degladiar com o tempo/
Seguir seu curso sua pista/
Lutando ao sabor do vento/

E se não vier o sucesso/
Ser forte ter garra, amém/ 
E de cara com o adverso/
Rumar pro intento que vem/ 

Bom ter ver parceira da vida/
Forte fagulha a brilhar /
Honesta, amiga de cronos/
Que vive sorrindo, sorrindo/
De um simples ponteiro a girar/

Amiga De Cronos

Centelha que voa solta/
Vagueia atravessando o tempo/
Sua marca deriva e fica/
Pintada num rastro magento/

A água por si se renova/
Num jorro farto de gotas/
Cascata ou espuma que a onda/
Faz canto num canto da boca/

O vento te propõe um par/
Cantando zunindo o ar/
Num silvo, num rodopio/
Soprado num arvorar/

Se a terra não canta, não brinca/
Exata... aduba e herda/
O fruto de sua semente/
Vingado, em mil frutos não cessa/

E quanto na mente de tantos/
Você vem presente ocupar/
Um tanto de nosso sorriso/
Que insiste constante em voltar/

Quem sabe... me diz como se explica/
Qual centelha pode motivar/
O canto lento da natureza/
Fazendo a sua presença perene neste lugar/

Centelha

Corinthians.../
O teu preto e branco é o simples que basta/
Te quero jogando garra com raça/
Erguendo a taça, campeão ou não/

Corinthians.../
Que une o povo a cantar suas glórias/
Fazendo valer sua luta e história/
Gritando pro mundo seu nome Timão/

Corinthians.../
Tu és o maior, tu és o mais amado/
E certo por isso tanto cobiçado/
Defendo teu nome sua tradição/ 

Corinthians.../
Motivo maior desta raiva alheia/
Condenando os anti a sofrer vida inteira/
Um longo martírio na escuridão sofre então.../

O nosso São Jorge guerreiro é sua força no céu/
Nossa massa alvinegra é toda fiel/
Vivo essa alegria além da razão/
Meu orgulho maior é viver o Timão/

Corinthians É Preto E Branco

Se o morno da cidade me sufoca/
o silêncio que abraço pouco excita/
Só o todo da Marina me completa/
Com toda aquela água que se agita/

Vou pra lá buscar a brisa/
Pois todo esse cinza me atrasa/
Eu vou partindo do Leme/
Correndo fugindo pro nada/

Quero o ar quente da baia/
Vento forte na Marina/
Ha braços querendo mais/
Há velas querendo o mar/

Eu quero ouvir o nada/
Ter com o silêncio da vela/
Ao som cortante do leme/
A voz do vento que geme/

Que bom é mirar a vista/
Que tenho a beira da Glória/
Dom dom é meu porto seguro/
É onde eu crio memórias/

Marina é amor de poucos/
Amor velado que prende/
Prazer de sair e zarpar/
É minha rotina mais doce...
doce de sempre voltar/

Marina Da Glória

E juntar todos pontos guardados/
Cem motivos pra tudo zerar/
Quando os olhares se cansam/
Palavras são poucas, só fazem calar/

Quais são nossos pontos de corte/
Impasses e neuras, muito a detalhar/  
Ponteiros tão frios apontam/
Que o que era nosso... virou poeira/

A nossa dura rotina/
Oferece um cardápio sem cor/
Se a grossa saliva escorre/
São só testemperos que trazem ardor/

Marcas e marcos oscilam/
São insuportáveis sinais/ 
Vermelhos olhares se cruzam/
Corpos se tocam na dança do enlace que jaz/ 

São poucas palavras na capa/
E bem menos, na página dois/
A falta de espaço pra fala/
Provocam olhares falidos depois/ 

Pontos E Ponteiros

De repente sem fichas na mesa/
Devendo na banca, e quase sem ar/
O que havia era um arrasta corrente/
Ou pedaço de trapo para eu me apegar/

Abri muitas portas à força/
No insucesso emprestei algum brilho/ 
Pisei rota maior que o provável/
Contei com a sorte quando tava indeciso/ 

Mas bem ou mal chega o tempo.../
Sorrateiro, vem sempre esse dia/
De medir meu caminho cruzado/
Contando os calos e o que eu merecia/

Se fecho a contagem dos dados/
Um acerto de contas na lápide fria/
Ver meu ego completo ofuscado/
Vivendo o escuro em plena luz do dia/

Quem tem o controle da vida?/
Quem dita as regras... de quem é a vez/
Não queiram saber o que penso/
Sou cota vencida, um reles freguês/ 

Cota vencida

Quando foi o nosso encontro
Muito tempo já passou  
Separados por batalhas
Soou um verso que juntou 

Foram rumos, bons caminhos 
Paralelos pra seguir 
Divergências e outras trilhas 
Não bastaram pra impedir 

Alguns pontos de discórdia
Como era de esperar...
Naturais como o encontro 
Que unem praia, céu e mar 

Incontáveis elementos 
Combinados à pressão 
Deram liga e cimento 
Pra essa honesta comunhão 

Não há regra que te move
Nem limita o meu querer
Vale o avesso da mentira
Um grão plantado pra crescer 

Pouco importa a aparência 
Ou quantas bodas somará 
O que fica é a poeira dessa estada
Para aqueles que um dia vão chegar

Bodas

Pleno silêncio e pouca luz
Mas o sono foge pra distante 
Eu aturdido, somo culpas
Vai-se o sono num instante 

E de repente a hora passa 
Eu rolo muito, ele não vem 
Passa o tempo, que desgraça 
Cadê minha mina pr'eu dormi feito neném

Foge meu sono justo
Acabou-se por encanto
Tudo evapora em poucas horas 
E daqui a pouco me levanto

Seja calor nao importa o frio
Nunca me deixa desligar 
Bora partir para o ataque 
Pego um vinho pra chumbar 

Aqui deitado um morto vivo
E sigo feito um zumbi
Acordo quase um moribundo
Quero um abismo pra cair
 
O insuportável tic-tac 
Vai batendo sem parar 
com meia dose de conhaque
É certo que eu vou capotar

Insônia maldita

Feito barquinho de papel
Dobrado com tão pouco zelo...
Me falta saber seu destino
E eu viajo saudoso, sem medo

Me dobro ao meio... avião
De um vinco num papel cartão
Pra um voo mirando você
Obedecendo à motivos que ainda preciso entender

Quem sabe eu possa te valer
Te chegar numa oferta selada
Que de repente, a sorte brindou
Numa caixa todinha forrada de amor

Não espero algum rito ou riqueza
Quero só que ela me receba
Em seu colo e a força dos braços
Pra me acabar num completo amasso 

Se apesar de todo o meu esforço
Mesmo assim ela não me olhar
Vou seguir impregnando sua pele
Na fumaça das cartas que ela queimar

Dobraduras

Esta menina tem feitiço
E tem magia no olhar
Eu bem disfarço me preservo
Me protejo como dá

O seu balanço de mansinho
Me machuca no pisar
É bom que encoste, vem pra perto
Vem pra cá me completar

E não há trégua que dê jeito
Não tem mais como demorar
Todo esse facho esse brilho
Já bastou para me fisgar

E deixe de ser tão maldosa
Vem tomar posse, escravizar
Pois se insinua outra lascívia
Ahh é comigo, vou provar 

Ela é um encanto, tem melado
E eu quero é me lambuzar 
Vamos juntar nossas vontades
Tá só faltando começar

Vem Pra Perto

Já sabendo que milagre
Não se faz com o concreto 
Abusado, então fiz marra
Eu me apeguei com o incerto

Ousei a graça de invocar 
De um outro plano outro lugar
Para trazer materializada 
Uma garota pra jantar
Um belo anjo pra jantar 

Meio nonsense, no espaço 
De um modo abstrato, foi mental
E fiquei de boca aberta quando ouvi 
Ela dizendo que sua fome era igual

Esquema armado, um trato feito 
Desconstruindo toda lógica real 
Ela jurou que era muito razoável 
Vir curtir uns poucos vícios, despindo aquele lado angelical 

Mas descumpriu o razoável 
Desfez todinho o nosso aceite
Orra, aquele embate não se deu 
E foi para conta do otário, o prejuízo todo meu

Toda evidência tenho agora 
Que esse contato, sim se deu 
Mas... como por fé nessa empreitada 
Se a própria corda ela roeu

Uns poucos vícios

Como fica pra quem vê
A minha foto sem você?
As vezes a penumbra faz mostrar
Uma pessoa triste sem estar

Me questiono se essa foto dá noção
Se apesar do meu riso espontâneo
Ela dá pista daquilo que eu preciso
E o que não preciso é a solidão

Sei que ainda devo respostas
Mas digo que a cena valha por si
Não se confunda com os detalhes
Guarde somente o meu sorrir

Quem então pode saber
O que meus olhos querem ter?

Será que meu riso então flagrou
Deixando pistas do autor?
Será o dono do clique que essa foto disparou?
Ou quem tá longe... e o meu riso antecipou?

Quanto eu passo de intenção?
Quanto um flagra faz mostrar?
Pois não há lente que registre...
Em quem eu penso num piscar

Fotografia

É o balanço dessa saia
Que me tira o rumo, faz pirar
É um molejo que convida
Pra bem ligeiro eu me apegar

Vou me embrenhar nessa pisada
Sigo a zabumba mais o fole
Vou me acertando no compasso
Quem sabe essa dama me escolhe

Quero ser par no seu abraço
Quero ser um com seu andar
Vamo no gingado desse xote
Fazer feliz nosso sonhar  

Vem me aperte que eu confesso
Sou seu parceiro apaixonado
Querendo um beijo e o recheio
Desse vestido acinturado

Vamos pisando bem juntinho
Passo marcado, como é bão
Quero você por toda a noite
Ou quem sabe, o próximo baião

Vestido Acinturado

Quando saio de boa pra rua
Procuro meu povo, procuro e não vejo
É certeza que num canto do bar
Tá rolando um sambinha de mesa

Sabadão quando busco amigos
para ter com os caras, aqueles parceiros
Vejo a vila todinha cantando
É certo, mais um dia de bamba e festejo

Quando tenho um domingo tranquilo
Faço farra com os moleques, mil beijos
Percebo em volta esse mesmo clima
Reunida... minha comunidade em peso

Pra juntar a família na hora do almoço
Não preciso de muito pretexto
Ofereço um sorriso pra todos
Agradeço aos ceus pelo ensejo

Quando encerro um turno de trampo
Chegando em casa, um doce olhar eu recebo
Se tenho a parceira sorrindo, só minha...
Tô feliz pq é dia do nosso aconchego

Bom Aconchego

Menos importa toda essa distância
O que vale no duro, é estar com você
No meu refúgio eu te curto sozinho
E te alcanço com a mente, meu doce querer

Dos poucos momentos divididos
Esqueço aqueles que foram de dor
Guardo todos os que foram de riso
Pois sei quem é... o par que preciso

Se o real não nos dá outra chance
Se a cobrança nos põe tão distante
Por que não enfrentar os moinhos
Curtir a porção Don Quixote da gente 

Não dependo de qualquer palavra
Pra ligar, me encontrar com você
Apelo pro meu inconsciente
Fecho os olhos pra inteira te ver

Quanto de bom e de lindo
A distância e a lembrança me traz
Pra que exigir do amor o contato
Se curtir o impossível também me apraz

Doa o quanto esse longe doer
Eu tô sempre esperando
Algum descuido da lógica
Pra eu cruzar com você

Platonico

Ecoam em mim as memórias
São muitos... agitos, meninas
Mil cenas então se remontam
No censo de minha família

Senhora e dona da casa
De prendas, de forno e fogão
Só não teve protagonismo 
Sempre houve uma outra questão

Compus a minha trajetória
Pra mim criei outro destino
Fazendo(vivendo) à minha maneira
Fugi como contas das mãos

São tantas passagens e marcas
Que deixo num canto à mercê
Rascunhos, confusas imagens
Só sombras, não trazem você

Na mente resoam palavras
Verdades, cantigas, sermão
Convivo contigo aqui dentro
Repasso o seu melhor dom

Mas fatos e rastros revelam
Que todos são partes de mim
Legado, pedaços de história
Criando um percurso com fim

Resoam ainda as palavras
Verdades, cantigas, sermão
Te guardo bem dentro do peito
Pulsando, me soa canção

Legado

eu, um ouvinte de música que aos poucos começa a exercitar a escrita

josemauros

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