Reportagens das diversas tragédias, 
Diversas tragédias em nossos olhos... 
Guerras criando o nosso desespero, 
Desespero até em nossos joelhos... 
Joelhos rendidos ao chão 
E o que mais nos falta é chão... 
Chão pra poder evoluir, 
Evoluir pra poder prosseguir... 

Construções fazendo disastres, 
Disastres em nossos pulmões... 
Relações de feridas, 
Feridas em nossas canções... 
Canções feridas com censuras, 
Censuras impostas pela cultura, 
Cultura que muito nos desconforta, 
Cultura que não para de nos mata... 

Todo o pulsar do coração 
É o primeiro passo para a destruição! 

Palavras com manipulação, 
Manipulação vinda da corrupção... 
Corrupção em diversas propagandas, 
Propagandas fazendo nossa constituição... 
Constituição regada com desinformação, 
Desinformação em forma de conformação: 
Conformação consumida pela maioria, 
Maioria oprimindo as minorias... 

Tudo que vêm nos desmonta, 
Desmonta e nos formata... 
Formatações feitas em muitos silêncios, 
Silêncios proliferando diversos vícios... 
Procrastinação em nossos discursos, 
Discursos preenchendo todos os espaços, 
Espaços que deveriam ter ações, 
Ações que deveriam unir corações... 

Todo o pulsar do coração 
É o primeiro passo para a revolução!

Algumas Observacoes Com a Propria Coragem

Discursos em Discursos

Ninguém sabe 
O caos 
Que eu sou... 

Ninguém sabe 
Os erros 
Que eu sou... 

Ninguém sabe 
As experiências 
Que eu sou... 

Ninguém sabe 
As consequências 
Que eu sou... 

Eu sou... 

Ninguém sabe 
As partidas 
Que eu sou... 

Ninguém sabe 
As feridas 
Que eu sou... 

Ninguém sabe 
O auto rancor 
Que eu sou... 

Ninguém sabe 
O que de pior 
Eu sou... 

Eu sou... 

Machucados pra entender, 
Cicatrizes pra não esquecer, 
Erros pra aprender 
E a memoria pra não dissolver 

Sangue pra arder, 
Vontade pra não perecer 
Tempo pra transcender 
E a valentia para se viver!

Um Pouco Sobre Ser

Conheci um garoto que morava em minha rua 
Jogando futebol 
Descalços e no asfalto... 
Sempre rindo 
E pagando de esperto por ser mais velho, 
Sempre sendo querido... 
Com o tempo seu rosto escancarou o cansaço 
Que guardava por dentro 
Com tanto esforço, mas mais uma vez ele riu 
E bancou o herói dizendo que dias assim sempre vêm 
E que eles passam... 

E o que eu pude fazer? sorri inocente 
Confiando naquelas palavras que tanto lhe mascaravam o que ninguém desconfiaria 
De alguém que tanto sorri com lábios e os olhos 
Feito criança... 
Um dia não o vi e senti uma dor no peito 
Uma desconfiança me cobriu, mas eu a ignorei 
Até que recebi a notícia de sua partida inesperada e dolorida para todo mundo... 
E o que pude fazer? 
Eu chorei... 

"Como alguém tão gentil poderia ter desgosto de si mesmo? 
O mesmo rosto que tanto ria era o mesmo que não vivia. 
Como alguém tão amável poderia aprender odiar a si mesmo? 
O mesmo carinho e amor para com o mundo era seu ódio pelo seu próprio mundo. 
Entorpecido, esgotado, vazio, ele se foi. Com muita coragem, ele quis vencer 
E para vencer, vencer a própria dor, ele venceu a si mesmo. 
O mundo venceu com ele vencendo. O sistema venceu com ele vencendo. 
Sua luz era voltar para o lado de seu Deus. Agora, não venham 
Em sua cama de madeira largar-lhe flores e dizer lamentos. 
Não venham me dizer que ele não pedia socorro. Não venham me dizer que ele louco, 
Pois quem não ficaria louco em mundo que em que todos te apunhalam, 
Pressionam, excluem, empurram, obrigam, formatam, exigem, maltratam, 
Exilam, humilham e destroem todo dia por qualquer motivo banal 
Que possa servir como um mero estopim para tal ação ser julgada 
Necessário em nome da ordem e progresso? 
Ele se foi. Seus desejos, seus sonhos, suas vontades, suas alegrias, 
Suas risadas, seus sorrisos. 
Ele se foi! ELE SE FOI!" 

Conheci um garoto que um dia morou na minha rua 
E que jogava futebol comigo... 
Seus chinelos não saem mais de casa, 
O asfalto não sente mais os seus passos e os seus risos 
Seus dias de cansaço 
Agora passaram... 
E aquele gosto seu amargo 
Ainda vive bem aqui dentro. 
Eu nunca quis escrever essa canção é que a saudade virou manifestação 
Em meu passo por cada espaço carrego comigo o seu carinho 
E seu heroísmo...

Canção Para o Garoto do Futebol

Chegam cautelosos 
Com suas mãos, armadas e cheias de vontade; 
Nos expulsam e arrancam de nossa terra 
Sem perdoar 
Sem ao menos 
Pestanejar 

Nos separam, 
Nos medem, nos cansam, 
Nos pesam, nos montam, nos calam, 
Nos marcam com suas chancelas quentes... 
Corredores e cubículos apertados, estreitos, limitados e mais apertados e esmagadores, 
E nós apanhamos, sangramos e resistimos e respiramos até cair... 

Números dando o valor de nossas vidas 
Quando já a perdemos de nossos pulmões 
E o mundo inteiro nos transformou 
Em coisas e objetos que um dia serão jogados fora... 
Enquanto isso somos cortados, processados, adestrados, rasgados, 
Esterilizados, envenenados, refinados, 
Queimados, marcados, rotulados e vendidos para outros de nós 
Esquecendo que fazemos parte da mesma natureza.

Massacre!

7 ondas para Iemanja, 
Mas o velho preconceito 
Ainda vive 
Latente 

Lentilha 
Para fartura 
E passar por cima de quem precisar 
Sem, duas vezes, pensar 

As cores de nossas roupas 
Que variam a cada ano 
Variam muito mais 
Que as nossas atitudes 

Fogos ao céu 
Fome em várias mãos 
E pânico nos animais 
Das ruas e casas 

Desejamos tudo de bom 
E um mundo melhor, 
Esquecendo do morador de rua 
Que vemos todo dia 

Renovamos nossa esperança 
Para um ano melhor, 
Mas sem coragem, a esperança 
É a hipocrisia em forma de doença terminal 

Feliz ano novo, 
Velho ano novo... 
Novo ano velho, 
Novo ano feliz...

Feliz Velho Ano Novo

Sob o pretexto de não perdemos tempo 
Corremos e corremos 
Até faltar perna 

Apressamos nossos pneus, sapatos e dias 
Até desgasta-los 
E torna-los poeira 

Não olhamos nossos machucados e erros 
Muito menos aqueles 
Que são feitos por nós... 

Mesmo quando os nossos pés estão em carne viva 
Não paramos de correr, 
Pois ainda sonhamos em viver...

Pretexto de Tempo

Quando os faróis vem vindo 
Eu torço para não me acertarem 
Enquanto eu pedalo no meu ritmo. 
Há luzes demais 
E eu prefiro me afastar 
Para não me cegar. 
Ando nas ruas escuras, observo, inspiro, 
Me encanto pelo céu, absorvo e expiro. 
Fecho os olhos 
E sorrio de orelha a orelha quando a chuva rega a cidade 
E ninguém sabe o quanto eu sorrio por dentro com a chuva. 
 
O relógio de casa está quebrado 
E mesmo se os sonhos perderem 
O universo continua fluindo autônomo. 
Pessoas se desesperam demais, 
Gritam enquanto estou a perguntar 
E acabo censurado; então, saio para não chegar. 
Sigo por cada canto para não ser o único ou o primeiro 
Dou tchau aos amigos; desisto de troféus e medalhas e não me apuro. 
Aqueço os joelhos 
E vou devagar e na manha por cada saudade 
E vou fluindo por ser muito mais que apenas uma curva.

Single

Experiência

Vibrações

Não é sempre que teremos mestres
Pra nos ajudar

Não é sempre que teremos deuses
Pra nos abrandar

Não é sempre que teremos chefes
Pra nos mandar

Não é sempre que teremos heróis
Pra nos cuidar

E quando isso acontecer, lembre-se
Que a vida acontece por causa de você.

Você

Sai pro mundo 
Com tudo
E o meu nada
Até o fim do começo da partida

Você não pode sentir a minha escória
Você desconhece a tua própria história
Eu sou movimento inato do desacato
Feito o gume que é sentir o movimento de cada momento

Eu não tenho medo de cair
Eu não tenho medo de partir
Eu tenho medo de não viver
Eu tenho medo de não sentir saudades

Sempre escutei que não se vale a pena voltar
Sempre apanhei por não saber me escutar
Sempre duvidei que não se deve olhar pra trás
Sempre chorei por tentar esquecer e deixar tudo pra trás

Juba II