Leonardo Alves: Letra & Música
Leonardo Alves: Teclado, Baixo, Guitarra, Voz & Bateria (Hydrogen)

Canta Minha Cólera (Leonardo Alves)

O muro que hoje apenas divide
Houve um tempo em que uniu
Ideias ideais de sonhadores 
Prontos a resistir 
E lutar
O muro que hoje contempla
A indiferença
Vivenciou a vontade
De construir a liberdade
A qualquer preço

O Poder, a violência
A massacrar sem arma
Uma massa embriagada
A rugir metais
Sem motivo ou ideais
O povo a inocência
Um circo – a bancada
Persona dessa farsa
Calúnia Propalada
Folha adulterada

O muro que hoje ostenta o azul
O amarelo e o verde
Esconde a poeria desses dias cinzentos
Um círculo uma serpete
Que se repete

 Poder, a violência
A massacrar sem arma
Uma massa embriagada
A rugir metais
Sem motivo ou ideais
O povo a inocência
Um circo - a bancada
Persona dessa farsa
Calúnia Propalada
Folha adulterada

Você diz que se pudesse teria lutado
Contra o golpe de 1964
Mas quem disse que a luta terminou...
Não terminou

Invenção de uma Ilha - Demo

O Muro [Leonardo Alves]

Demo caseira gravada no notebook (onboard)

Sim, Inverno

Liberdade De Asfalto

Composta e executada por Leonardo Alves. Gravada num"Take" único de voz e violão. Um improviso...

Vox Dei

Canção de Leonardo Alves. Instrumentos e vocais: Leonardo Alves

FRIA ORDEM

a voz do desencanto
de quem perde as mãos
na produção feraz
de farta exploração
não há de redimir
não há de construir
algum tesouro
no lado oposto
só há de erigir
somente garantir
um galardão
ao rés-do- chão
não diga jamais
que isto é normal
a fria ordem
esconde o caos
a cor do desamparo
de quem perde a vida
entre forja e ferro
fosso e desespero
é o magro centavo
pago a prestação
e no fim do dia
tédio na televisão
quem faz o império alheio
tem o domingo para sorrir
a água forte
aguardente para fugir
não diga jamais
que isto é normal
a fria ordem
esconde o caos

Fria Ordem

Letra & música: Leonardo Alves
Baixo, Bateria & teclado: Leonardo Alves

VINHO & FEL

frases versos a fluir no interior do corpo
livros ritos mar de sal do nosso sonho
a tarde inventa os lemes
aos laços frágeis
a culpa faz do rosto
emaranhado azul
letras formas a surgir no romper do fruto
horizonte cal a insistir no olhar sem luz
a lembrança cria ondas 
nos lençóis de vidro
a culpa faz do mosto 
a embriagues fatal
e quem sou eu 
e o que restou
das uvas e do mel
para quem ficou a herança
vida de vinho e fel
estâncias flores gris um jardim de estanho
elegia canto clave na flor dos lábios
a tarde inventa os lemes
aos laços frágeis
a culpa faz do rosto
emaranhado azul
e quem sou eu 
e o que restou
das uvas e do mel
para quem ficou a herança
vida de vinho e fel

Vinho & Fel

Canção de Leonardo Alves. Demo para registro.

Canta A Cólera - Revisited

Uma canção despretensiosa de minha autoria.

Não Vou Me Despedir (Leonardo Alves)

Assim como aquele outro Leonardo (lá do Canadá – Sr. Leonard Cohen), Alves se projeta da poesia para a música, já no meio do caminho. Não é jovem como um Dylan quando iniciou, nem adolescente como Vitor Ramil, quando do lançamento do seu Estrela, Estrela.

Mas o lado bom da maturidade é saber o que se quer. E Leonardo sabe: escrever boas canções, com letras de alta voltagem lírica e bem amarradas em harmonias & melodias consistentes.

Leonardo tem um bom arsenal de canções que funcionam bem “plugadas”, como “Sem Voar” e “Abismo”. No entanto seu repertório cai como qual uma luva para apresentações intimistas, com voz & violão. Isso por que ressaltam as qualidades das letras. A poesia sempre tão próxima da música. Basta lembrar que nossos maiores compositores populares têm uma verve afiada nos versos: Caetano, Chico Buarque, Milton Nascimento, etc.
 Leonardo, o poeta, se sente em casa quando assume a persona de trovador e entoa versos como: “Não me disseram/ que os meus barcos/ eram braços em desamparo/ e a saudade/ eterno porto /esboço do meu rosto.” (“Invenção de Uma Ilha”) ou “Não sou o que foi um dia/ tampouco o que seria/ Sou a grama, o gesto/ o rastro de silêncio no corpo” (“Projetos de Silêncio”)
 
Dizem que o clima influencia o artista. Vitor Ramil expressou a ideia com muita propriedade no seu ensaio “Estética do Frio”. No caso de Leonardo, é inevitável vincular seu timbre melancólico ao clima cinzento de Pelotas. Várias de suas canções abusam de acordes menores, com sétima maior e nonas. Claro, aliado a isso, as reflexões existenciais acerca do tempo, finitude, que permeiam sua obra. A música “Limites” (como tantas outras) exemplifica bem a “estética melancólica” de Alves: “Meu nome é ninguém/ e minha dor é normal/ perder é comum/ é tão natural/ entre perder e ganhar / um punhado de vida nas mãos/ até o vento levar/ também”. 
Canções que se fundem no pano de fundo que é o cenário pelotense: seus prédios antigos recendendo passado, o clima nebuloso, a umidade envelhecendo os livros e pondo matiz cinzenta no rosto dos transeuntes.
 
Mas o cancioneiro de Leonardo pode muito bem transitar por outros temas. Muitas vezes o músico se atira de cabeça nos versos sociais: “Há muito tempo não tenho tempo/Vendi minha alma e minhas mãos/ para o amanhecer do meu pão/ amanhecido na desilusão” (“Sem Voar”). Outro exemplo desse olhar social está cravado nos versos ríspidos de “Fria Ordem”: 

“a cor do desamparo
de quem perde a vida
entre forja e ferro
fosso e desespero

é o magro centavo
pago a prestação
e no fim do dia 
tédio na televisão

quem faz o império alheio
tem o domingo para sorrir
a água forte
aguardente para fugir

não diga jamais
que isto é normal
a fria ordem
esconde o caos”

(Fria Ordem) 

Algo positivo que a era digital nos trouxe é poder conhecer artistas que estão fora do âmbito privilegiado de gravadoras e circuito de shows. Assim, é possível apreciar o trabalho de Leonardo Alves através da internet. Um produto que ainda se recente de uma embalagem mais adequada para seu potencial. Tudo o que temos desse músico promissor são suas demos caseiras e alguns vídeos de qualidade modesta. Mas quem tem bom ouvido e sabe reconhecer um artista de quilate, essas demonstrações são o suficiente para conhecer esse “louco diamante” do subúrbio pelotense que tem algo a dizer e a expressar.

Ouvi-lo em um CD com gravação profissional é questão de tempo.

LINKS PARA AS CANÇÕES DE LEONARDO ALVES:

https://www.youtube.com/user/MultiLew1

https://soundcloud.com/lewawvez
