debaixo de um pé de coco edmilso carbura o seu cachimbo
prefere um clima eufórico do que a quietude do limbo
ligeiro bota pra dentro a fumaça, o termo, pro seu alívio
não sabe que logo perto um polícia figura perigo

foi dica de seu Armando, um senhor religioso e bem vestido,
que via em edmilso uma grande ameaça a seus filhos.
discou pro 190 e dicou um rapaz nas redondezas
que estava a burlar a lei e a ordem, isso tinha por certeza.

deslocaram a viatura, um cabra, um bastão deste tamanho
com o fim de averiguar a certeza e emendar o paisano.

edmilso ali de coca, em seu desjejum no areal
antes que falasse nada tomou um porrete no local.
a certeza estava ali no pretume retinto e no cachimbo
o polícia armou as correntes, e lhe informou que seria punido.

ser punido por quê?
edmilso nem tem mais que fumar...

enganchou-se uma algema, pra quê?
nem tem mesmo pronde se bandear.

enganchou-se uma algema, pra quê?
deixa o pobre coitado, fez que mal?

"solto, bem qu'ele pode fazer!
é xadrez para um bem tradicional:

vamos limpar a vista dos passantes
com um colírio caro, preço de cela e grade
onde os desgostosos disputarão espaço e comida,
na similaridade de uma jaula tida pra guardar famintos bichos
onde doloso é ser preto e usar de entorpecente
e ser carente de um tudo disponível a quem se protege.
prendê-lo, sim, segurá-lo...
a mala e a cuia prum resultado breve."

edmilso no cárcere

A violeira

Wispy

Slow Hands by Interpol
Antics Album

Cover


Interpol - Slow Hands (cover)

nancí gira, rodopia
nancí, ah, nancí

"Uma mão invisível rodopiou Nancí duma banca de verduras no mercado central pruma tábua de doce na calçada; daí prum entra-sai ambulante em coletivos lotados, vendendo caixas de chicletes; daí pruma vendagem de cosméticos porta em porta; daí pra mês parada, um inchaço danado que deu no joelho; daí pruma lanchonete, em casa mesmo, negociando cachorro-quente e suco da fruta. 

Nesse giro, deu novamente um ano. A mão fazeno carrapeta da cabeça de Nancí. Tonta, no natal, recordano e revirano os bolso, leva outro tapa no quengo, que a vizinhança nem tava nesse ânimo todo de lanchar: fará bolos pra fora, pra bacanas, a partir de 1º de janeiro do ano que vem, de laranja com goiabada dentro, de fuba bem amarelinho, eita sucesso que vai ser! Anunciou a empreitada na janta de natal, já ia pintar no 25 com a tinta que sobrou do letreiro 'Nancí Lanches', mão de cal por cima e txanran!: 'Nancí Bolos/ Aceitamos encomendas/ Telefone tal e tal'. 

Bota cartaz no mercado, distribui uns cartão com as menina que trabalha em casa de família, e no mais é boca-a-boca mesmo, cada bôlão daquele gostoso, vai ter nem erro. Nesse redemuin de empolgação bem conhecido, sonha dormir num colchão em que a espuma é a carne dum bolo de macaxeira bem fofin. Girando: Nancí!"

nancí-carrapeta

Apgar7

Momento/Movimento
(Gustavo Limeira/Hugo Limeira)

se até o mar
levanta
para bailar
com a lua cheia

se o vento
faz a folha
se requebrar
balé na veia

meu
teu corpo afora
me incendeia
jazz
nuvem de poeira
pra trás
nau, vela, gás

se faz chover
ou se faz
rodopiar
ou serpenteia

se me faz crer
ou se te faz
rebolar
ou vira areia

Gustavo Limeira - Voz
Ernani Sá - Guitarra e vocais
Hugo Limeira - Guitarra e vocais
Lue Maia - Bateria e vocais
Matteo Ciacchi - Baixo

Gravado, mixado e masterizado no estúdio Peixe-boi por Marcelo Macêdo.

Técnico de som: Paulinho Tazz

Ilustração: Matheus Longo 
Finalização: Isaque Macêdo e João Yor

Momento/Movimento

Los Cabras Gigantes - Sol

Talvez você possa me dizer 
Que o mal que eu fiz pra você
Fez mais bem porque me afastou de ti
Mulher, hoje eu  sinto a tua falta
A cachaça me embriaga
Hoje já não sei viver sem teu calor

Porque nossas noites de prazer
No farol sob o luar
Grande Lua e maré cheia a espumar
Boyzinha, mas não venha me dizer:
"Yo no quiero nem saber, se usted se enamorou"

Venha me mostrar o sol
Me dizer que a vida não é, sol, sofrer
Diga pela primeira vez que tu amou
Que se excitou sentindo o meu calor
Num dia de domingo eu e você

(Pegou fumou, pegou fumou
Pressão baixou, pressão baixou)

Tentei a mim mesmo convencer
Que o que rolou entre eu e você
Não foi só uma lombra da minha cabeça
Mulher, vê se deixa de pantim
Abre os braços e volta pra mim
Que agora eu vou cantar, vou festejar...

Agora eu vou vou festejar
Vou me esbaldar
Não vou chorar
Porque sofri
Porque chorei
Me estribuchei
Só que cansei

Venha me mostrar o sol
Me dizer que a vida não é, sol, sofrer
Diga pela primeira vez que tu amou
Que se excitou sentindo o meu calor
Num dia de domingo eu e você
(2x)

Quando o sol te ilumina, o seu olhar cativa
A sua boca brilha e você me fascina
Com seu jeito doce de me abraçar e ser
Sei que o tempo anda difícil 
Mas em cima o sol brilha
E no fervor do sol que míngua ao meio dia 
A tua língua é o meu frescor

(Pegou fumou, pressão baixou)

Créditos:
Vozes: Isaque Macêdo e Matheus Longo
Baixo: Emanuel Rudá
Bateria: Iago Amorim
Guitarra: João Yor
Teclado: Isaque Macêdo
Percussão: Enndy Alouin
Captação, mix e master: João Yor

Single do EP Comercial Sul.

Gravado nos estúdios Gota Sonora, Capim Santo e Mardito Discos em João Pessoa.
Mixado por Pepeu Guz e Marcelo Piras, no estúdio Mardito Discos em João Pessoa.


Sol

LosCabrasGigantes

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