Chimarrão e Saudade

No entardecer, um quero-quero a chorar,
Lembro do tempo, que não vai voltar.
Na solidão, inundado, Chimarrão é meu par,
Canto histórias tristes, sem ninguém pra escutar.

E quando penso no dilúvio...

Nas marcas, que a água deixou,
Em cada sonho, que a enchente lavou,
Nas histórias, que a lama enterrou,
Na lágrima, que não secou.

E o nosso fogo, sem brilho ficou,
Sem teu calor o churrasco estragou.
Penso nos risos, que a chuva apagou,
A enchente veio e minha vida assolou.

E quando penso no dilúvio...

No abraço que ficou sem dar,
No 'eu te amo' que faltou falar,
No amanhã destruído, afogado,
Choro na lama, despedaçado.

No silêncio, a viola chora em solidão,
Nas cordas tristes, ecoa a desilusão.

E quando penso no dilúvio...

Na fazenda, que já não floresce mais,
Nos irmãos gaúchos, que ficaram sem paz,
Naquele amor que não volta mais,
Penso nas lágrimas que a saudade traz...

E quando penso no futuro...

Lá no Sul, onde a dor se fez lar,
Nasce uma chama, difícil apagar,
Eu vejo flores, voltando a brotar...
Uma nova história, vamos recomeçar!

Chimarrão e Saudade

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