Nós Dois (Celso Adolfo) por Lucas Dulce

Seresta Sertaneza (Elomar Figueira Melo)


Nos raios de luz de um beijo puro
me estremeço e eis-me a navegar
por cerúleas regiões
onde ao avaro e ao impuro não é dado entrar
tresloucado cavaleiro andante
a vasculhar espaços
de extintos ceus
num confronto derradeiro
vencí prometeu, anjo do mal
o mais cruel
acusador de meus irmãos
neStes mundos dissipados
magas entidades dotam o corpo meu
de poderes encantados
mágicos sentidos
na razão dos ceus
pois fundir o espaço e o tempo
vencer as tentações rasteiras
do instinto animal
só é dado a quem vê no amor
o único portal
através de infindas sendas
vias estelares um cordel de luz
trago atado ao umbigo ainda
pois não transmudei-me ao reino dos cristais
apois Deus acorrentou os sábios
na prisão escura das tres dimensões
e escravisados desde então
a serviço dos maus
vivem a mentir
vivem a enganar
a iludir os corações
visitante das estrelas
hóspede celeste visões ancestrais
me torturam pois ao tê-las
quebra o encanto e torno ao mundo de meus pais
À minha origem planetária
enfrentar a mansão da morte do pranto e da dor
donzela fecha esta janela
e não me tentes mais.

Seresta Sertaneza (Elomar F. Mello) por Lucas Dulce

O Amor é um Rio (Lucas Dulce, Carlos Souza)

A água que banhou você não é a mesma!
Corre entre dedos,
cabelos...outros corpos.
E você...deixa correr.

Cansei de esperar
o tempo já passou.
Tentei adivinhar e eu nem sei quem sou.
Quem sou? Quem sou...

As pegadas na areia
o rio já levou.
Tentei te encontrar, você que não voltou.
Foi pro mar
Te vi correr...

O teu seio moreno
um outro mar banhou.
Não quis olhar pra trás.
Nem lembranças deixou.
Me fez sofrer, eu quis morrer.

As pegadas na areia
Um canto de sereia.
Iara mãe d'água.
Caí na sua teia.

O Amor É Um Rio (Lucas Dulce, Carlos Souza)

Estudo Elomariano...Clariô.

Estudo Elomariano...O Rapto de Joana do Tarugo.

Título: Morro da Mina (Lucas Dulce)
Colhendo frutos maduros no quintal
da minha vida só restaram lembranças.
O vento forte sopra e corta o matagal,
Mato seco, cascalho e crianças.
Pó de minério e o mato.
Crianças simples correm sem parar.
O tempo corre, tudo morre
E eu sem saber porque!
Um velho senta e conta uma história
De água limpa e peixes a nadar.
Uma criança sorrindo do meu lado,
Sou eu mesmo quem tenta não chorar.
O velho aponta a foice pra criança
Desfere um golpe me fazendo sangrar.
De vestes negras, olhos macabros.
É o Tempo que veio me assombrar.
Só há concreto, não há mato.
As crianças pararam de brincar.
O tempo corre, tudo morre
E eu sem saber porque!
Uma janela se abre no horizonte
É o sol sorrindo para mim.
Cantando versos , contando casos,
Me dizendo que estou longe do fim.
Me dá sementes de vida nova, calma.
Acende a alma, uma chama...o estopim.
Nova chama, vida nova.
A criança que volta a sorrir.
O tempo morre, o medo some.
Estou prestes a renascer.

Morro da Mina (Lucas Dulce)

Composição de Carlos Souza sobre poema de Lucas Dulce.

Nas Quadras do Luar (Lucas Dulce)

Hoje canto o que vivi
pelas bandas de lá.
De tudo o que eu vi
peço atenção, vou te contar.

Sai da casa do Pai
minha lira à tocar.
Lá onde o sol cai
ousei um dia chegar.

A estrada se alongou
perdi o rumo do lar.
O cansaço me pegou
e não sei como voltar.

Vestido em trapos
chorei pela donzela.
Um rei em farrapos.
A vida não é bela.

Sobre a dor vim lhe cantar
Louvei o amor, a flor, o luar.
Ainda perdido, sempre a cantar...
A Morte, o Amor e o Luar.

Lucas De Melo Dulce

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