Um Coração Não Tira Férias

Quando se vive em um capetalismo neo-feudal
não tem álcool que alcance pra ficar legal
não tem

quando se existe em uma distopia surreal
não tem resistência cerebral pra ficar legal
não tem

quando se existe em uma tirania do capital
não tem inteligencia emocional pra ficar legal
não tem

L0uc0d4cabez4

O murro

O fim enfim me alcançou 
Sobremaneira
Eu morri naquela manhã de quinta-feira
E o silêncio que por fim me tomou
ninguém jamais escutou
pois era sexta-feira

Antes morrer do que perder a vida

Tartarugas marinhas e sua fisiologia como metáfora da existência e experiência humana.


Lágrimas nos olhos, salgadas
Uma pequena parte 
De suas vidas fadadas ao mar
Criaturas aladas
Eliminam no choro o sal
De suas almas cansadas

Osmorregulação

Se nada disser
Eu calo, silencio
Fato:
A lividez mortal no ato!

Se nada disser
Meu corpo, a rigidez
do aço:
O pulso inerte sem compasso!

A Continuação de Um Blues

A dança dos albatrozes

Julia (The Beatles)

Não vou colher a flor
Não vou conter o mar
Deixo a planta florir
Deixo a onda me lavar 

Vou cultivar amor
Vou semear o mar
Deixo a onda florir
Deixo a planta me tomar

Semear o mar

Estrela fria
Tentas dia após dia
Irradiar
O pulsar que te extasia
Leve
Nao atravessa 
essa espessa 
manta de melancolia
estrela fria

Estrela fria

Sete e meia

Mudança constante, transitoriedade, impermanência. Somos mais como o pequeno inseto efêmero do que gostaríamos de admitir.



Da ecdise à exúvia
menos de um dia e tudo muda.

...

Amanha não mais me verás!

Ephemeroptera

Um dia acordarás, 
e poderás compreender
O amor deve ser leve como o ar
O amor é fácil

e então irás perceber
que poderás afirmar
o amor é todo e nunca um só
o amor é laço e não nó

Poliamor

Enquanto levito em sonhos Levitas, Leviatã assombra as sombras noturnas do meu quarto.

Sombras Noturnas

A version of the Beatles classic, Come Together, with fretless bass. I changed the gender of the character of the music, as it sounds like the kind of woman I like to meet (not sure it is a good thing XD)

Come together

Viver é nunca saber quando a morte se colocará ao nosso lado, já que seus passos descalços são silenciosos e imperceptíveis. 


La Muerte camina descalza (Death walks barefoot)


Solidão: às vezes paz, às vezes lamento — mas sempre um refúgio.


dois mil dias 
de solidão 
noite adentro
dia afora
solidão 

vou sufocar o meu lamento
na cálida lembrança
de um momento 

vou revigorar a esperança 
no cálido momento 
da lembrança 

onde estás 

Refúgio Solidão (Solitude Refuge)

O Pulo do Gato

Smooth chillout version of this amazing song from Blur. I did enjoy the result.

Song 2 (Blur)

Modinha (Tom Jobim)

My hero the chicken (Foo Fighters meets Jaco Pastorius)

Poema musicado. Fala sobre testemunhar o mundo e se sentir impotente. Essa impotência é exacerbada pela consciência da finitude e transitoriedade da vida.

No fim do mundo 
respiro...

Mas uma respiração ofegante
E trêmula.

Esfumam-se as linhas que separam
A insanidade da beleza.

O grito ao vento olvidado
É levado por diante
Assim como o velho Caetano
Não vou ficar pra semente.

Ao andar pelo mundo,
O mundo, em mim, se acaba, simplesmente.

No fim do mundo

Minha profissão é a biologia, sou especializado em ecologia de aves. Certa feita, ao criticar medidas de um recente governo de direita, fui acusado de não saber sobre a vida por passar muito tempo sonhando com os passarinhos. Essa foi minha resposta.


Sonho.
Sonhei.
Continuarei sonhando.

"Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!" (Mario Quintana)

Tenho pena dos que não sonham.

Sonhando com os passarinhos

Eros, na mitologia  grega, deus do amor e do desejo.  Prometeu, o titã que roubou o fogo do conhecimento dos deuses e entregou aos humanos, e que, por consequência, foi (conforme obra de Ésquilo) acorrentado para pagar pelo seu crime. Em um cenário onde Eros troca de lugar com Prometeu e paga por uma pena que não é sua, essa musica fala sobre a dualidade entre racionalizar e sentir, e ser imobilizado pelo excesso de pensar quando o corpo pede sentimento. 

Eros... te subjugaste tão plenamente 
aos poderes racionais
Da minha pobre ciência...?

Sei do meu coração, máquina pulsante,
Do meu cérebro,  amontoado de massa pensante 

Em um estado de busca incessante, 
de aprofundamento 
nos recantos da mente 
nos abismos tetraédricos das fendas sinápticas onde reside o fundamento
Máximo
E só meu corpo permanece
Estático. Prometeos me prometeu, mas não cumpriu: felicidade reflexiva


Eros acorrentado

Música do saudoso Paulo Garcia (aka Paulo Pink https://soundcloud.com/paulopink ), que foi escrita nos anos oitenta (ou antes). Entendo que a música se refere a algum governo norte americano (por isso Mr.) com suas ameaças de guerra e intimidação nuclear. Me impressiona que com mais de 40 anos que Paulo escreveu essa música, o cenário global segue na mesma medida permeado por guerras e ameaças de bombardeio, e que essa canção se encaixa perfeitamente em 2025. O Mr. Tóxico em 2025 (originalmente na música Mr. Gótico) poderia ser qualquer um dos muitos senhores políticos ou militares de algum país pelo mundo afora. Letra:

Foi n'um belo dia de chuva
Que através da janela eu pude observar
Que a vida é linda e crua 
E ao mesmo tempo na rua eu posso rir e chorar

E o mais louco dos enganos já ficou por muitos anos
Sem ninguém sequer notar
É que tem um Mr. Tóxico
Ele tem olhar neurótico e já não sabe mais onde está
Fechou os olhos e cerrou os punhos
Disse: “eu vou recriar o mundo”
E só o que fez foi estragar

Mr. Tóxico! 

Foi no mesmo dia de chuva 
Que eu me lembrei da tragédia
Da  já-era nuclear
E que a vida é linda e crua 
E ao mesmo tempo na rua eu posso rir e chorar

E o mais louco dos enganos vai ficar por muitos anos
Sem ninguém sequer notar
É que tem um Mr. Tóxico
Ele tem olhar neurótico e já não sabe mais onde está
Mr. Tóxico!

Mr. Tóxico (Paulo Pink)

Juntando dois slow-blues que gosto muito: Mary Garden (Paulo Pink) e Dança das Colcheias (Fernanda Krüger).

Depois do corte é que se vê 
Na morte das ilusões 
Que as águas das feridas brilham mais
Quando o sol se põem 

Teus olhos viram estrelas
Longe da constelação 
Gotas de luzes
Brilhando na escuridão 

Mary Garden, tudo bem?
Você está virando uma flor
Bem no meio do jardim
Do teu amor!
Lábios, jeitos,
Pernas, peitos,
Na multidão!
Mentes e bocas carentes
Na solidão...

Dançando com as colcheias
Que cantam a canção 
Na pauta estreita
Da solidão 
Tanto silêncio pra tocar
Poucas palavras pra rimar

Lucas Krüger

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