nunca me ensinaram a casar

nó na garganta, coração minúsculo, roda gigante, montanha russa de emoção, parece um parque de diversão, mas é a vida como ela é.
sem saber que era possível, sem medir tanto as consequências, tentando estar alinhada a mim mesma, com medo, mas com sentimento de responsabilidade para com o mundo, eu respiro fundo, me debulho em lágrimas e vou.
prazer, filha do mundo. não tão destemida como pintam, não tão maluca como gostariam de rotular, abri mão de uma vida sossegada pra viver por aí sem endereço. com um coração pesado de saudade, meio surtada, muito grata.
a gente passa a vida, os dias, dizendo ‘quando eu viver a vida que eu quero …’ não, quando, não. eu tenho o agora, e o futuro, nada mais vai ser que um agora mais logo alí na frente.
eu meio que tentei fugir de uma eu que poderia estar existindo, sabendo que ela olharia pra minha eu de agora existe e falaria ‘puta, porque que eu não fiz isso antes mesmo?’
abracei o mundo, assumi responsabilidade, matei no peito, tô me blindando, sentindo a vida arrancando amores, casas, zonas de conforto. eu vejo minhas eus soltas pelo mundo, ouvindo tantos “queria você aqui”. só o universo sabe “nossa, daria muita coisa pra tá nesse seu aqui”.
não, não é fácil, pode ser romântico: “onde você mora? no mundo.” “o que que você vai fazer mês que vem? menor ideia, tô perdida, solta no mundo, sem rumo. me ajuda?”
eu vim me achar, vim mudar o mundo e agora eu sei que eu existo, mas não muito certa de quem eu sou, porque eu sou tantas eus que hoje de manhã eu não sabia qual escolher.
mas eu sigo forte, eu sigo conectada, eu sigo meus sentimentos, eu sigo … sigo com uma saudade do caceta, sigo com o coração apertado demais, sigo com lágrimas nos olhos. de gratidão, de incredulidade, de temor e de certeza. eu sigo
e todas as vezes que eu me encontrar nesse sentimento de “estou pulando pela janela, eu tenho certeza que alguma coisa vai me segurar” eu vou chorar, gritar, voltar a ser criança e me achar. voltar cada vez mais pra dentro de mim, e a cada volta pra dentro de mim, mais leão eu viro, mais fortaleza eu me torno pra continuar vivendo nessa bolha minha que só quer, e mais nada, doar, compartilhar, fazer sorrir, assoviar, e ser banana, boba, inocente.
e eu vou, com medo mesmo, com a porra toda, totalmente estabanada, mas com muita gentileza, cheia de alma. vou almando e mudando meu mundo.
espero te encontrar no caminho, e se isso for, em vez de ser passarinha eu vou sendo raíz de vida, de amor, de inspiração e de vamo que vamo, porque mesmo sem saber pra onde, eu vou certa, inteira.
até breve!

Sigo Almando

deve ser esse seu cheiro de verdade. ou esse seu eu que vive escondido no contorno dos seus olhos cinzas, no cantinho dos seus sorrisos.
que me faz sentir mais minha desde que você chegou.
pode ser a mágica que a gente cria quando tá junto. tanta que transcende as leis de espaço, e aceita que tempo é uma mentira. nesse nosso universo, flores dançam no teto, criando um arco íris amarelo, em uma verdade doce, que cheira a lavanda, alecrim e salvia branca.
eu continuo achando que devem ser os seus olhos de girassol, que não cansam de me ser amor todas as vezes que passam por mim. e você continua me enxergando, até com eles fechados. aceita, os olhos são espelho da alma, e as nossas conversam mudas.
eu me vejo dentro de você, assim como te vivo dentro de mim. então a gente continuam se sendo, nesse passo acelerado, que não tem pressa, porque qualquer que seja a direção, ela continua levando a gente, juntos, pra casa. essa casa clichê que se chama o aconchego de conhecer o cheiro das suas manhãs.
todas as vezes em que a lua e o sol dividirem o céu, eu vou te esperar com um abraço pra ir ver o espetáculo das nossas flores dançando, celebrando essa maravilhosidade infinita, que se chama nós dois.
but … who are you?

balanço de flores aladas

som de sola de sapato batendo em piso de escritório sem tapete.

tic-tac de relógio em salas vazias.

batida de coração galopante que ecoa nos ouvidos.

black out

esse sincronizar preciso e sutil não tem a palavra coincidência escrita no seu dicionário, perdeu a noção de distancia e rasgou a pagina que explicava o que significa tempo.

naquele dia do Sol, eu sabia que meus segundos tinham sido formatados pra sincronizar com os teus passos, e continuam, mas aqui encolhida, dentro do escuro dos meus olhos fechados, eu sei que você é a presença não vista de todos os anos dessa vida.

era você me ensinando a brincar sozinha como filha única numa casa vazia.

era você me colocando pra dormir e dizendo que sonhos lindos estavam por vir.

era você me dando o primeiro beijo, era você escolhendo meu batom vermelho.

era você me ajudando a escolher minha profissão e era você estudando comigo até o amanhecer.

era você derramando café na minha blusa branca e me fazendo perder a entrevista.

era você fechando o sinal um segundo antes de eu alcançar o ônibus pra ir visitar aquela amiga.

era você fazendo chover na hora de sair de casa pra ir naquela festa.

era você esgotando o último ingresso daquele filme que eu até hoje não assisti.

era você escondendo pessoas debaixo da cama e era você me empurrando pra outras.

era você me embriagando em boates escuras e era você me fazendo dormir até perder a metade do dia.

era você quebrando saltos de sandálias e espremendo lágrimas do meu coração partido.

era você colocando a pulga atrás da minha orelha e era você me ensinando a florescer.

era você me chamando aqui e alí e sussurrando os lugares aonde eu tinha que ir.

era você abençoando aqueles que já foram e era você trazendo novos amores.

era você até o dia em que foi você, alí certinho, todo sincronizado e prontinho pra ser você nesse meu momento presente, e de fato, inevitável.

e agora é você, em todas essas memórias minhas que são suas ainda que você não lembre.

e é você os sonhos que eu sempre tive e não sabia que podia realizar.

e é você em poder deixar ir aquilo que eu não sabia que era você ajeitando pra poder ser você agora.

e você agora é só uma matemática linda de todos os vocês que foi em todas as coisas que eu sempre vivi e achei que estava vivendo sozinha, ainda quando eu estava acompanhada de outras companhia.

e é você nos vislumbres daquilo que eu sei que sempre foi guardado pra ser você até o dia que você chegasse, e você chegou, e todos os dias você chega. 

é você!

é você

a vida é isso, é esse segundo em que você vai lendo cada umas dessas letras, cada uma dessas palavras .. ela tá passando, a cada piscada de olhos, que muitas vezes a gente nem sente.
o famoso “espera pra ver no que vai dar” é a maior das mentiras já contadas, essa história de que amanhã … nunca existiu, não existe. a vida é sinônimo de agora, só o agora é vivo, o que foi ontem já é sinônimo de memória, e o que talvez seja amanhã é sinônimo de esperança.
e enquanto a gente deixa a vida passar definindo se já já aquilo vai valer a pena, a gente já perdeu alguns agora por medo do que talvez possa ser, enquanto alguns agora vão virando ontem. muito louco, né? eu me perco o tempo todo, e nessa brincadeira, grande parte do tempo que a gente vive, se torna pura ilusão.
acontece que apesar de não sabermos o que de verdade é tempo, vida e agora, as vezes, por um breve, minúsculo momento, a gente tem clareza, a gente de verdade, vive. são aqueles momentos em que a sensação é de que a gente tá flutuando, mas na verdade, estamos mais aterrados do que nunca.
são aqueles momentos em que a gente toma uma decisão, e tem tanta ceretza de que nada porderia ser diferente. a gente assume, mata no meio, engole o choro, bate a bola pra frente, encara e vai.
a gente passa a vida, pedindo ajuda, se questionado, medindo, ponderando, mas quando esse relâmpago de vida acontece, a gente só faz, pode parecer pura contradição, mas é como se nosso corpo estivesse sendo totalmente guiado, como uma marionete, pela nossa alma, esse instinto que queima dentro da gente, mas protege, e empurra pra ação. com medo mesmo, mas sempre com o pé direito.
acho que a mehor representação seriam aqueles filmes em que tudo fica parado e a gente é a única coisa que se mexe, ou quando a gente entra em um vácuo e tudo acontece, aqui, mas a gente escuta só ruído longe.
assim é a vida, preciosa, misteriósa, delicada e instantânea. 
sorte de quem vive!

SORTE DE QUEM VIVE

I need to let me free, though it might hurt to let you go.
they say those who love give freedom, so this will be my love letter to myself.
this is not giving up, this is fighting to keep my essence in peace, in one piece.
I want to be that me you watched turning around after the second time I saw you that day.
I want to go back to that sync I had drawn down in ink.
the moon now put me asleep, and let the sun bless my mornings.
there are no wind chimes to paint the light with rainbows, but there are sunflowers making sure I follow my dreams, specially when the moon rises.
I left the city of Angels and came have my one on one at the city of God. believe he had a serious talk about red stairs and book stores.
he whispers in the waves flow and with an open heart I hug this letting go.
as if by blessing this new path, I find my way back. home.

angels & god

como eu posso dizer, sem precisar te explicar que agora eu sou minha mas quero me compartilhar?
como eu posso fingir e seguir a mentir se eu sei que ainda bem se essa porta se abrir?
como eu posso viver sem julgar te querer, se eu sei que pra mim é uma angústia sem fim?
impossível acordar sem pensar em tentar, ver pra crer qual vai ser, se sou eu e você.
como aceitar, sem desculpa criar, que as estações vão mudar, e nossas almas querem dançar?
como saber se você, sem querer escutou que ainda sem ser de nós dois eu já sou?
como não questionar as voltas que a vida dá? 
deixa outono raiar, que perto de nós até queima o luar.
como negar que pro mundo mudar só precisa aceitar esse abraço me dar?
até quando esperar pra essa vida criar, se só depende nós pra ficarmos a sós?
eu não quero fingir e deixar você ir, por medo de amar e o coração apertar.
eu não quero falar, que é pra deixar que você passe a saber o meu ser sem dizer.
só preciso avisar que não posso negar, só preciso te ver e deixar acontecer
não consigo saber se é hora de ser, se é brisa do mar, ou veio pra ficar.
deixa a vida girar, que parece cantar essa ciranda de vir que já me faz sorrir.

Ciranda De Mar

exposição SUAVE de Felipe Ikehara na A7MA galeria SP
texto de Henrique Vieira
interpretação livre por Lunna Pigatto Raposzo

Existe Muito Ceu Na Terra - A7MA Galeria

the sweet shimmering sound of yellow petals dancing and hugging each other are whispering on my ears as the breeze comes in with the calming light of a soft morning.
I hear the sound of the enchanted Hermes 3000 keypad while I'm half awake, hoping that this morning I'll have hot fresh Colombian coffee delivered to me in bed.
and as I turn, like a cat hidden under the covers, everything stops in slow motion, you fell me and turn in synchrony just to look into my soul as I finally accept the day is shinning and open my eyes, just to find yours. 
there is you, forever knowing me, feeling me from afar, or even from close. 
you know my moves, you read my thoughts, you calm my bumps, you kiss my scars.
it has been a while that I no longer fight Picasso, but instead there is a battle between the woman with the yellow hair and the yellow sunflower giver, who seems to be a little unstable as regard his feelings, always overwhelmed with intense emotions. I understand him, I might even lived that life of Vincent and Paul, who knows?
it's fun you know? that only once we no longer have it, we finally appreciate to point we loose heart beats over it. from city of god to city of angels, this heaven mystery that has been calling me, trapping, threatening, struggling me.
am I still abducted? where is now and when is then? I'm lost in that time portal built of books and woods. Alabama, Alabaster, Middle West, Tatankas and Little River. 
all I miss tonight is I choose you today, some chords and charts and entwined tights.
but it's still a soft morning and I want to water my sunflower, see them bloom and wait for the full moon. 
will you come swim in a dark ocean with me?
the coffee is ready, go call your daddy.
now the outside is calm again, I listen to keypad playing like a symphony, it might be that you are on your way here. 
I thought of lost bucolic this morning when I found a secret yellow petal saved between special lines of a special book. I believe next time I see you, I'll just ask to see your feet and walk barefoot on the sand, holding hands, catching sunshines with breeze chimes.
saudade.

Enchated Petal

sobre os reflexos que a vida oferece.
enquanto me sinto aqui estável, sólida, o rio passa tranquilo. quase como se vivesse sem nem me perceber aqui, olhando encantada o seu fluir.
e assim é a vida, sempre seguindo seu fluxo. ela em si, inabalável, graciosa, e sempre em frente. como esse rio que corre tão delicadamente sob meus pés agora.
estar aqui e poder ser testemunha da vida acontecendo assim tão calminha, me dá nenhuma outra opção se não me permitir dançar no seu ritmo. e então, só me resta manter serena para aceitar essa sintonia, de em me permitindo ver sua delicadeza, ter o privilégio de compartilhar dessa doçura que é estar.
e esse paradoxo de ver o fluxo e estar tão presente, traz uma percepção expandida sobre tempo, flexibilidade, e de entender, talvez, o que significa existir. ser ser.
sobre em compreendendo a natureza e me permitindo entrar no mesmo compasso, posso então saber quem sou e o que não sou. posso escolher não ser o que eu já não seria caso esse não ser não se impusesse sobre mim.
agora imagina, que se até em entrando em sintonia com a natureza já é complexo perceber o que é e o que não é, e o que pode passar a ser ou deixar de ser. como será ou seria caso a única fonte de referência e de clareza sumisse?
por isso eu coloco tudo no mudo, me dou o presente de ser presente na presença dessas águas que correm embaixo de mim e em estando presente, honro esse parte tão externa a mim, que é então meu reflexo perfeito de quem eu sou quando me permito estar, aqui e agora e mais nada.
gratidão natureza.
eternamente sua,
Lunna

Lunna Pigatto

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