CHOVE SOBRE A CIDADE
Marcelo Delacroix/ Ronald Augusto   

Novo azul sobre a cidade não tarda chegar
O verde do verão a toda luz
Se a cidade já é outra, assim o cantor
O velho arranha-céu brilhou

Vira o tempo e o meu peito abriga o trovão
A tempestade do verão em mim
O toró tomba na terra varrendo o varal
Um céu de chumbo pisa o chão

Relampejou ao longe
É hora do tambor
É hora de fechar janelas e entrar
Ficar imaginando o clarão
Que vai passar – ah!

Chove agora em Porto Alegre ligeiro frescor *
A pedra da estação solar trincou
No teu seio de cidade o cheiro do chão
De quando me sonhei aqui

Relampejou ao longe...

violão nylon e voz: Marcelo Delacroix
violão nylon: Angelo Primon
violão aço e viola ‘harpinha’: Veco Marques
acordeom e piano: João Vicenti
baixo fretless: Nico Bueno
bateria e percussão: Mano Gomes

BRAGJ0500029


Chove Sobre a Cidade (Marcelo Delacroix/Ronald Augusto)

CANTIGA DE EIRA
Barbosa Lessa

Bota os matungo a batê casco
Debulhando as casca do feijão na eira

A eira é um curral
Pequeno e redondo
Por isso os matungo arrodiando
Vão indo e voltando pro mesmo lugar

Bota os matungo a batê casco
Debulhando as casca do feijão na eira

Eu pego do ancinho
Carrego com as paia
Em riba do chão 
Ficando e preteando só os grão de feijão

Os cavalo encerrado no meio da eira
São tudo amontado e obrigado a trotear sem parar 
E por mais que eles marchem no trote, troteando 
vão sempre voltando e cruzando no mesmo lugar

Bota os matungo a batê casco
Debulhando as casca do feijão na eira


Marcelo Delacroix – voz e violão
Veco Marques - violão aço e viola harpinha (afinação nashville)
Angelo Primon – violão nylon
João Vicente: acordeom
Nico Bueno - baixo
Giovani Berti – percussão
Mano Gomes - bateria
Leandro Maia, Mateus Mapa, Yanto Laitano e Marcelo Delacroix: coro

BRAGJ0500030

Cantiga de Eira (Barbosa Lessa)

DEPOIS DO RAIO
Arnaldo Antunes/Marcelo Delacroix

Depois  do raio
A estrela
ainda está lá
Depois do rastro 
do raio
Na orelha ainda estala
Na lenha
A língua que o fogo fala


Marcelo Delacroix – voz e violão
Veco Marques - violões
Angelo Primon – viola 10 cordas
Mateus Mapa – flauta
Marcelo Piraíno - clarone
João Vicente: acordeom
Nico Bueno - baixo
Mano Gomes - bateria e pratos 
Giovani Berti – vaso, chocalhos e dolak

Gravado na Tec Audio - Porto Alegre RS, por Fernando Dimenor e Rodrigo Delacroix.
Mixado e Masterizado por Glauco Minossi.

BRAGJ0500031


Depois do Raio (Arnaldo Antunes/Marcelo Delacroix)

DIÁFANA
(Marcelo Delacroix/Nelson Coelho de Castro)

Ela passou precisamente por ali 
Antes da noite perfumar
Depois da lua se exibir 
Precisamente depois da chuva evaporar 
Antes do bloco me tragar da ladeira até o mar 
Precisamente depois de eu me apaixonar 
Antes mesmo do primeiro olhar 

Precisamente muito mais depois 
Quando a esquina nos partiu em dois 
Em duas ruas, em dois cordões 
Dois anzóis fisgando nossos corações 

E ela azul transpareceu diáfana 
E logo emergiu rainha negra 
Nos braços da malta que vinha 
Tonta de samba, de éter, vapor 
Precisamente antes de eu saber quem era 
Precisamente depois de eu morrer de amor

“Oh Colombina, não repete o teu fim
Trocar o Pierrot por um Arlequim”

Ela passou precisamente por ali.


Diáfana (Marcelo Delacroix/Nelson Coelho de Castro)

CIRANDA DA LUA
Marcelo Delacroix/Ronald Augusto

A Lua tá linda lá fora
Meu bem vem olhar
Levanta que a lua tá linda lá fora vem cá
Não dorme agora
Nem outro azul vá visitar
Tome meu peito como teu lugar
Aonde mora
A tua forte mansidão
Que vai mais alto que a canção

Teu seio aquece minha palma, me ponho a sonhar
A taça do umbigo na sombra eu quero beijar
Minha senhora
Eu já cantei o Passará
Retorna a tempo de me acalentar
Não durma longe
A lua gira devagar
Vai flutuar em outro cais

A lua ciranda no espaço 
E você nem está
Teu corpo na onda do sono só quer sossegar
Não é de agora que a lua no vale brilha mais
E lambe a carne sem sinais
Você se inflora
Finjo que já não sofro mais
E tudo volta a ficar em paz
____

Marcelo Delacroix – voz e violão
Veco Marques - violões aço e "harpinha"
Angelo Primon – violão nylon
João Vicente: acordeon e piano
Nico Bueno - baixo fretless
Mano Gomes - bateria
Giovani Berti – percussão
Marcelo Piraíno - clarinete e clarone
Luis Fernando Rocha - trompete
Amauri Iablonowski - sax tenor
Julio Rizzo - trombone

arranjo de sopros: Arthur de Faria

Gravado na Tec Audio - Porto Alegre RS, por Fernando Dimenor e Rodrigo Delacroix
Mixado e Masterizado por Glauco Minossi.

BRAGJ0500034

Ciranda da Lua (Marcelo Delacroix/Ronald Augusto)

TESTAMENTO
Nelson Ângelo / Milton Nascimento

Um dia joguem minhas cinzas
Na corrente desse rio
E plantem meu adubo
Na semente de meu filho

Cuidem bem de minha esposa
Do amigo, do ninho
E do presente que foi prometido
Pro ano seguinte

Na reserva desse índio
Clamo forte por clareira
Soprem meus sentidos
Pela vida que descubro
Cuidem bem de minha casa
Tão cheia, meninos
Tome conta de aquilo tudo
Em que acredito

Juntem todas minhas cinzas
Ao poema desse rio
E plantem meu adubo
Na semente de meu povo
Cuidem bem de minha esposa
Do amigo, do ninho
E do presente que foi prometido
Pro ano seguinte

Na reserva desse índio
Clamo forte por um rio
Soprem meus sentidos
Pela vida de meu filho
Cuidem bem de minha casa
Tão cheia, meninos
Tome conta de aquilo tudo
Em que acredito

E juntem todas minhas cinzas
Ao poema desse povo.

____

violão e vozes: Marcelo Delacroix
violão e vocal: Carlos Badia
baixo: Meco Dutra
percussão: Giovani Berti
bateria: Ronie Martinez
arranjo: Marcelo Delacroix


Testamento (Nelson Angelo/Milton Nascimento) Marcelo Delacroix, 2000

ARRUMAÇÃO
Elomar Figueira Mello

Josefina sai cá fora e vem ver
Olha os forro ramiado vai chover
Vai trimina riduzí toda criação
Pras bandas de lá do ri Gavião
Chiquêra pra cá já  ronca o trovão

Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó

Mãe purdença inda não colheu o ái
O ái roxo essa lavoura tardã
Diligênça pega panicum balai
Vai com tua irmã, vai num pulo só
Vai colhê o ái, ái de tua vó

Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó

Lua nova sussarana vai passá
Seda branca na passada ela levô
Ponta d’unha lua fina risca no céu
A onça prisunha a cara de réu
O pai do chiquêro a gata comeu

Foi um truvejo c’ua zagaia só
Foi tanto sangue de dá dó

Os cigano já subiro o beira rio
É só danos todo ano nunca vi
Paciência já num guento a pirsiguição
Já sô um caco véi nesse meu sertão
Tudo que juntei foi só pra ladrão

Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó

______

Música incidental: “Marizápalos”
Anônimo Séc. XVII 
guitarra barroca: Miguel de Olaso

Marcelo Delacroix : voz 
Compañia del Tempranillo 
Selene Lara: voz
Miguel de Olaso: guitarra barroca 
Evar Cativiela: guitarra renascentista 
Ariel Abramovich: vihuela 
Manuel de Olaso: cravo
Arranjo: Marcelo Delacroix e Compañia del Tempranillo
Gravado em San Izidro - Buenos Aires. Janeiro de 2000

Arrumação (Elomar Figueira Mello) Marcelo Delacroix, 2000

INVERNO
Marcelo Delacroix/Arthur de Faria	

				
	Inverno em tudo
	Não sou ninguém, eu não sou ninguém
	Nada em mim reluz
	Espero só pra nunca mais te ver
	Espero alguém que venha me livrar de ti.

	Teu nome em tudo
	Entrudo, festa - teu carnaval
	E eu não sou ninguém
	Noutro verão sambavas com alguém
	Agora frio e a outro teu calor te dás.

	Teu nome , inferno
	Ver no teu olho não sou ninguém
	Branquinha ,	
	Ver que nada tens em ti de mim :
	Doer.

	Vou te mentir pra mim
	Que já passou
	Mais nada tens de mim 
	Tudo tens .
	Tá tanto frio aqui
	Meu corpo dói
	Espreito o telefone ...
	Vai tocar ... 

____

Participação especial: Bebeto Alves
voz: Marcelo Delacroix
piano e gaita: João Vicente
violão: Veco Marques 
violoncelo: Rodrigo Alquatti
baixo: Meco Dutra
bombo legüero: Ernesto Fagundes
arranjo: Marcelo Delacroix


Inverno (Marcelo Delacroix/Arthur de Faria)- Marcelo Delacroix e Bebeto Alves, 2000

DESENCANTO
Marcelo Delacroix /sobre poema de Manuel Bandeira  (A Cinza das Horas - 1912)


Eu faço versos como quem chora
de desalento ... de desencanto ...
Fecha meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente ...
Tristeza esparsa ... remorso vão ...
Dói - me nas veias.  Amargo e quente , 
Cai , gota-a-gota , do coração .

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre ,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.

_____

voz: Marcelo Delacroix
piano: Carlos Garofalli
bandoneón: Carlito Magallanes
contrabaixo: Clóvis “Boca” Freire
guitarra: Carlos Badia
percussão: Giovani Berti
arranjo: Carlos Garofalli


Desencanto (Marcelo Delacroix/poema de Manuel Bandeira - 1912)

Trilha original da peça "Homem Branco e Pele Vermelha", com direção de Camilo de Lelis. É uma música muito emblemática pra mim, e por isso entrou no meu 1º disco.

O CANTO DA PURIFICAÇÃO
Marcelo Delacroix


vozes: Marcelo Delacroix
violões: Veco Marques 
baixo: Nico Bueno
percussão: Giovani Berti
bombo legüero: Ernesto Fagundes
arranjo: Marcelo Delacroix


O Canto da Purificação (Marcelo Delacroix) - Marcelo Delacroix, 2000

CANOEIRO
Dorival Caymmi


Ô canoeiro, bota a rede
Bota a rede no mar
Ô canoeiro
Bota a rede no mar

Ô canoeiro, bota a rede
Bota a rede no mar
Ô canoeiro
Bota a rede no mar

Cerca o peixe bate o remo
Puxa a corda colhe a rede
Ô canoeiro puxa a rede do mar

Vai ter presente pra chiquinha
Ter presente pra Iaiá
Ô canoeiro puxa a rede do mar

Cerca o peixe bate o remo
Puxa a corda colhe a rede
Ô canoeiro puxa a rede do mar

Louvado seja Deus
Ó meu pai
Louvado seja Deus
Ó meu pai

__________________
voz, violão e assobio “vamos chamar o vento”: Marcelo Delacroix
guitarra: Carlos Badia
baixo: Meco Dutra
percussão: Giovani Berti
bateria: Ronie Martinez
coro: Lívia Fernandes, Maíra Coelho,
Marcão Acosta, Gustavo Finkler, Marcelo Delacroix


Canoeiro (Dorival Caymmi) - Marcelo Delacroix, 2000

Vinheta dos Peregrinos (Marcelo Delacroix)

Gente Boa (Marcelo Delacroix/Ronald Augusto)

Signos (Marcelo Delacroix/Sérgio Napp)

Amigo do rei
(Marcelo Delacroix/ Ronald Augusto)


Quando o sol ensolara
Saio a caminhar
Não me pergunto aonde vou
Tanta luz já se espalha
Sobre a gente que vai
Como quem não vê nada além

Como se atravessar vielas
Ruas e passarelas
Não levasse a lugar nenhum
Ou a esse lugar comum

Tanta gente trabalha
Tanta gente que não
Tanto sol minha solidão
Vou pra Maracangalha
Não levo seguidor
Não levo violão nem flor

Deixo pra trás essas vielas
Ruas e passarelas
Que não tem nada de incomum
E onde ninguém vira nenhum

E eu... eu vou me embora
Eu sou amigo do rei
E eu... sozinho e feliz
Eu vou quero viver (cruzar o rio)

__________________
participação especial: Mateus Mapa
voz e violão aço: Marcelo Delacroix 
violão nylon: Angelo Primon 
percussão: Giovani Berti 
violino: Rodrigo Bustamante 
viola: Gabriela Vilanova
violoncelo: Rodrigo Alquati
oboé: Javier Balbinder
clarinete: Marcelo Piraíno
fagote: Fábio Mentz
arranjo: Marcelo Delacroix


Amigo do rei (Marcelo Delacroix/Ronald Augusto)

Deixa o caroço
(Marcelo Delacroix/Ronald Augusto)



Deixa a cabeça doente em paz
Deixa a palavra quebrada vã
Deixa o que te deixa mais ou menos são
Deixa a cabeça em panos quentes
Deixa a palavra de ordem lá
Deixa  o que se queixa ir pra Bagdá

Samba Lelê tá doente
Tá com a cabeça quebrada
Samba lelê, samba lelê

Deixa a conversa no blablablá
Deixa a cabeça quebrada estar
Queixa-te a gueixa deitada no sofá
Deixa o caroço na ameixa estar
Larga de mão a manobra vil
Deixa o que te deixa longe do sol

Samba Lelê tá doente
Tá com a cabeça quebrada
Samba lelê, samba lelê

____________________
voz e violão: Marcelo Delacroix
guitarra: Carlos Badia
piano: Vítor Peixoto
flautas: Pedro Figueiredo
baixo: Meco Dutra
percussão: Giovani Berti
bateria: Roni Martinez
coro: Lívia Fernandes, Luciana Delacroix,
Kiti Santos, Thomás Habeyche,
Mateus Mapa, Marcelo Delacroix
Arranjo: Marcelo Delacroix


Deixa o caroço (Marcelo Delacroix/Ronald Augusto)

Alameda das Palmeiras
(Marcelo Delacroix/Gustavo Finkler/Jackson Zambelli)


	
	Sincera é a sombra que sou,
	que vigia de longe teus pés.
	Um passo, um gesto, um caminho:
	eu já sei, tu não sabes quem é.
	Será que é tarde demais?
	O que vi na rabeira do olhar
	me faz dormir, vai me acordar.

	
	Disfarço um falso sozinho
	o que eu sou, o que eu sei?
	O quanto deixei de andar, quanto lugar ...
	
	
	E sombra é assim 
	deslizará procurando teu corpo 
	e não está
	Não tento mais, não quero mais
	água pra beber.
	Vê bem que uma noite não é nada
	e tu não percebes, minha amada.
	Não olhas em volta, não vês.

________________________
voz e violão: Marcelo Delacroix 
piano: Vítor Peixoto 
clarinete e clarone: Marcelo Piraíno 
violoncelo: Rodrigo Alquati
baixo: Meco Dutra
bateria: Roni Martinez 
percussão: Giovani Berti
arranjo: Marcelo Delacroix


Alameda das Palmeiras (Marcelo Delacroix/Gustavo Finkler/Jackson Zambelli)

Zamba
(Marcelo Delacroix)

voz e violão: Marcelo Delacroix
violão: Veco Marques


Zamba (Marcelo Delacroix)

PASSARÁ
Marcelo Delacroix/Ronald Augusto



Noites céus e seus azuis que vem que vão
Tempo passageiro passarinho na mão
Varre o vento vão  o som que não seduz

Fontes véus e nuvens cheias tão à toa
Tempo o deus ligeiro pássaro que voa
Uiva o vento bom e à viva voz me diz

passa passa passará
passa passará

Montes ondas que não cessam de rolar
Frio garoa fina toco essa canção
Vi a flor murchar num vaso de cristal

Os dias que correm não voltam mais
O velho perfume é novo outra vez
O sol e a lua no meu quintal
A terra se move cercada de azul

Montes ondas que não cessam de rolar
Arde o sol na tarde ouço essa canção

passa passa passará
passa passará

Marcelo Delacroix

Passará (Marcelo Delacroix/Ronald Augusto)

FESTA
Marcelo Delacroix/Ronald Augusto


Outra vez entro na dança e fico em paz
Veja bem o que meu corpo inteiro faz
Vento que afasta minha alma de tudo que não presta

Onde estou? Aonde a dança me leva assim?
Não errei, não julguei que fosse ruim
Girar me abandonar ao fogo ao tempo que nos desperta

Não faz mal que viver pareça sofrer
Não dancei só porque viria a saber
Que a sabedoria foi um dia o centro da nossa festa

Rei dos reis bate tambor me faz dançar
No calor da fogueira sou gargalhada
Rei dos reis bate tambor me faz dançar
Estou bem nessa festa cirando à toa

Vai e vem pés e palmas num toque só
Se dancei é que senti como ninguém
Que dança é o corpo e alma acesos tirando alegria do pé


voz e violão: Marcelo Delacroix
violão e vocal: Carlos Badia
baixo: Meco Dutra
percussão: Giovani Berti 
bateria: Roni Martinez
tambores: Giovani Berti e Roni Martinez
palmas: Giovani Berti, Roni Martinez e Gilberto Barea
Arranjo: coletivo

Festa (Marcelo Delacroix/Ronald Augusto)

Um disco de intregração entre o uruguaio Dany López e o brasileiro Marcelo Delacroix, com a participação de diversos músicos dos dois países.

Marcelo Delacroix

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