composição: Eliseu / João Victor / Rodrigo Nascimento

Era o louco da cidade
E todos disso sabiam.
E aqueles que não sabiam,
Fingiam que já sabiam.


Era gente,
Sonhador,
E disso ninguém sabia.

Atirava pedras, quebrava as vidraças
Assustava as crianças,
Perseguia as mocinhas
E disso todos sabiam.

Gostava de flores
E da natureza
Admirava a natureza
E ninguém disso sabia.

Gostava de Deus
De contemplar o universo
Tentando descobrir os seus mistérios
E disso ninguém sabia

Falava palavrões,
Fazia gestos obcenos.
Era o terror das beatas puritanas
E todos disso sabiam.  

Não respeitava a Igreja,
A sociedade dos seres respeitáveis.
Escarnecia os mortos
E disso todos sabiam.

Tinha frio, fome,
Não tinha cobertas,
Nem alimentos e nem lágrimas,
E ninguém disso sabia.

Morreu numa noite de chuva
E até os cães vadios que sempre o acompanhavam,
haviam desaparecidos
Morreu só - como s ó existiu
E todos disso sabiam.

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Era o louco da cidade
E todos disso sabiam.
E aqueles que não sabiam
Fingiam que já sabiam.


E todos disso sabiam
Era o louco da cidade
Gostava de flores
Era o louco da cidade
Falava palavrões
Era o louco da cidade  

O Louco Da Cidade

composição: João Victor

Você já parou pra pensar
O quanto você não sabe?
E quantas coisas você
Não pode saber?

O sol é astro desde menino
E o sábio é um bebê.
A noite é um inquilina
Que paga pra gente ver.

Você já parou pra pensar
O quanto você não sabe?
E quantas coisas você
Não pode saber?

Coco A Mais

composição: Rodrigo Nascimento / João Victor

Mais um dia a cidade desperta em meio a tantos pensantes.
Como sempre de pé, inspirados e contagiantes.
Com uma vontade somente falar para os corações: o que é preciso fazer para ser menos descrentes.

Agindo confiante, eu sigo adiante.
Agindo descrente, não ando pra frente e volto.
Agindo calado, corrijo o errado.
Agindo com medo, não crio meu próprio enredo.

Eu te falei para ir, ser diferente e sair do lugar, mas você não foi, você não foi.
Eu te falei pra seguir sempre adiante, olhando pra frente, mas você não foi, você não foi.



Você Não Foi

Composição: Rodrigo Nascimento / João Victor

Humanos leem meus gestos e o que eu falo.
Humanoides leem minha mente, mas minha alma continua intocável.
Se o que penso, falo e ajo é o que sou neste planeta, não farei parte das ideologias que não me pertencem.
Consumo a energia de quem vive por estar vivo:  carbonos, moléculas e migalhas de um sistema vampiro.
Somos consumidores de tóxicos, contribuindo para o crescimento de corporações, comprando lixo e trabalho de crianças.

Você vai sair fora dos trilhos,
Grandes ideias não vão acontecer.

Somos uma plateia de um circo em movimento, esperando pelo momento de sorrir e ser feliz.
Todos procuram uma maneira de se aproximar de Deus, uma fuga, ou um momento de abstração.
Na realidade, em nossas buscas, procuramos a nós mesmos e encontramos labirintos de evolução.
Quando falo de mim mesmo, me escondo em minhas trevas, não vou me expor falando de outro ser.

Você vai sair fora dos trilhos,
Grandes ideias não vão acontecer.

Fora Dos Trilhos

Composição: João Victor / Rodrigo Nascimento

Como animais
Da imaginação
Do bem e do mal
E sem ter direção.

Como animais
Sem satisfação
Queremos muito mais
Que poder e razão

Todos em alerta na minha cidadela,
Pois hoje tudo pode acontecer.
Um branco, um negro, qualquer raça ou nação,
Hoje me pegou e amanhã pega você.

Dançando em becos, centro e subúrbios
O povo só pensa em procriar.
Sobre antenas e ondas invisíveis,
Aqui inventamos o nosso lar.


Criamos problemas, leis e soluções,
Domamos sementes e leões.
Na busca de algo pra se divertir,
Mentimos só para prosseguir.

Os prédios que rodam as nossas cabeças
Escondem a selva que reinou aqui.
É pedra, concreto, quanta invenção?
É muito progresso que há de vir.

E só de pensar
Que o fogo, a roda e a grama
Foi o que fez tudo nascer.


Como Animais

composição: João Victor / Rodrigo Nascimento

Se não fossem os erros, ninguém acertaria.
Se não fossem os espelhos ninguém se entenderia.
Tudo é tão real quanto parece ser.

Busco uma verdade, mas em que devo confiar?
Tantos pensamentos e uma vontade de gritar.
Os homens não são tão decentes quanto parecem ser.

Eu preciso de potência,
eu preciso é correr
mais ligeiro que o mundo,
mais veloz que você.

Eu preciso de influência
pra poder me proteger
desse poço sem fundo
e dessa fila sem guichê.

Ouço mil palavras que parecem uma só.
Muitos me dizendo como devo proceder.
Mas sei que o meu caminho, só eu posso fazer.

Se não fossem todos tão cheios de razões,
Se não repetissem tantos seus sermões,
Seria bem mais fácil e bem mais simples viver.

Eu preciso de potência,
eu preciso é correr
mais ligeiro que o mundo,
mais veloz que você.

Eu preciso de influência
pra poder me proteger
desse poço sem fundo
e dessa fila sem guichê.


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