De mim, de nós, do nada
(Danillo Melo / Thiago Martins)

Produzido por Rodrigo Samico e Rogério Samico
Arranjo coletivo pelos músicos:

Thiago Martins - Voz e rabeca
Rodrigo Samico – Guitarras, violões, baixo, violas de 10 cordas
Ju Valença - Zabumba, Mineiro,Caxixi e efeitos
Rodrigo Felix  - Tambor nação e efeitos

Gravado por Rodrigo Samico e Rogério Samico 
Mixado e masterizado por Rogério Samico

De mim, de nós, do nada

[gosto de jeito]

falta teu jeito
      teu trejeito
      tão desajeitado
falta teu gesto
      teu gosto
      tão gasto

mas eu te gosto de um jeito
um tanto quanto desajeitado
e bem do jeito que eu gosto

tanto desgosto
     por gostar
tanto
  do teu gosto
e do teu jeito

mas gosto de jeito de ti
do teu jeito
  e teu gosto
bem do jeito
que eu gosto.


gosto de jeito

[sereno navegar]

 	a onda
 ainda dança
    e quebra
    em som

 a onda
 ainda ressoa
      e salta
  pausa e soa

   a estrela
 ainda dança
    e quebra
    em luz

     a estrela
 ainda repulsa
       e solta
 pausa e pulsa

mar adentro
céu de estrelas
pra guiar ou
se perder
sereno
se encontrar
     navegar

fechar os olhos
dançar no escuro
 solto no tempo
 salto no espaço
    pouso em
  repouso
    passo em
 compasso
    pulso em
  impulso
no caos e
no cais
de ser
sereno
sereno navegar

sereno navegar

[doce encontrar]

    quando o mar
  encontra a montanha
     a brisa horizontal
    sopra em onda
     aonde o vento
       faz a curva
      onde o olho via
    desvia e turva
    os olhos úmidos
     não dão conta de ver
    por trás dos morros
    o que se esconde?
    o que há pra se achar
    do outro lado
    quando o morro atravessar
   o caminho do horizonte
    quando o azul conformar
  o contorno das nuvens
   rascunhar o percurso
 e as marcas do curso
    por onde passa
           o pulso
           a pausa
           a poesia
       da travessia
      quando a montanha
    encontra o mar
     lágrima salgada
         vem turvar
         meu olhar
  será que é doce
   morrer de amar
  será que é doce
    viver de amar
    que seja doce
      quando encontrar
    que seja doce
          se encontrar

doce encontrar

[só pra te lembrar]

quando estiver distante
me deixa fazer abrigo
no som da tua voz

quando estiver perto
me deixa fazer morada
no teu colo e no teu abraço

onde estiver agora
te trago aqui comigo
na saudade
que você deixou em mim

onde estiver agora
me deixa estar contigo
pra te acompanhar
mesmo assim, de longe

quando estiver perdido
me deixa acalmar teu coração
com um sorriso ou palavra
qualquer coisa pra lembrar [que entre nós]
não há distância maior que o mar

só pra te lembrar
te gravar no coração
transformei nessa canção
todo o meu carinho [por ti]

só pra te lembrar
onde e quando estiver
o tanto que te quero bem
o quanto te amo, meu bem

por tudo que fomos
por tudo que somos
por tudo que a gente vai ser

qualquer coisa pra lembrar [que entre nós]
não há distância maior que o mar

só pra te lembrar
onde e quando estiver 
não há distância maior
que o meu carinho por ti

[Lira]

só pra te lembrar

[sempre aqui]

deixe o tempo passar
e ouça o que ele vai dizer
a saudade maltrata
mas não mata pra valer

se atravesso o espelho
eu me vejo em você
sou reflexo invertido
outros olhos para ver

se meus passos te procuram
em caminhos pra seguir
descompasso mas me encontro
do teu lado, sempre aqui

se acaso o amor machuca
sei que não é por querer
a razão não pressente
o que sinto por você

se teu cheiro me embriaga
e entorpece a dor em si
já não sei como explicar
mas te trago, sempre aqui

deixe o tempo passar
e ouça o que ele vai dizer
a saudade maltrata
mas não mata pra valer

[Lira]

sempre aqui

[num só par]

  quando te vi só
           meu coração
acelerou como
          um baque solto

      quando me vi só
  peguei tua mão
pra seguir num
           caminho outro

  quando te quis só
        numa canção
       as melodias
   cantavam pouco

quando me quis só
       meu corpo todo
  descompassou
 em ritmo louco

           só
         em teu porto
    quero estar

           só
como barco solto
           sob o mar

           só
         e sempre
pronto pra partir

           só
           com você
     quero seguir
     em dois
     num   só
     em       par
     num   só par

[Lira]

num só par

[noutro olhar]

te escrevo num verso
o que não consigo expressar
o que podes ler no meu olhar

te escrevo num verso
o que não consigo disfarçar
o que sinto ressoa no ar

ao me ver
em teu olhar
atravesso o espelho
ao avesso
pra me achar

ao te ver
em meu olhar
atravesso o espelho
ao avesso
pra te achar

pra inverter
me refletir
noutro olhar
te encontrar
no inverso
no reflexo
de outro olhar

pra inverter
me refletir
noutro olhar
te encontrar
no inverso
no reflexo
noutro olhar

[Lira]

noutro olhar

[onde estás]

onde estás
nessa estrada
enquanto corro
por outros caminhos

ando insone
ainda sem destino
quase em desatino
só pra te encontrar

onde estás
nessa madrugada
enquanto sonho
em ter os teus carinhos

ando insone
ainda sem destino
quase em desatino
só pra te encontrar

onde estás
nesse instante
enquanto vago
no caos desta cidade

onde há cais
onde a onda vai
onde há cais
onde estás

[Lira ]

onde estás

Lira : violão
Cecília Pires: flauta transversa
Rafael: baixo
Toinho: teclado

trem (instrumental)

fenix

"música para ver | imagem para ouvir | som e tom pra sentir."
MOTeTOM é um projeto que mistura elementos gráficos e musicais, integrados e inerentes para a concepção de uma composição visual e sonora.

As musicas desse projeto trabalham com formas, espaço e tempo: são jogos ou brincadeiras com estruturas de palavras, sílabas, versos, figuras de linguagem, cenas, imagens, situações, sons.

As letras são coerentes com as idéias da poesia concretista, onde as palavras que compõem a música visualmente formam um desenho; deste modo, a imagem da composição é também definidora da forma como palavras e sons se dispõem.

As palavras e os sons se encaixam em geral conforme o letmotiv ou mote, de modo que essa composição visual e sonora acaba por se apoiar numa estrutura fixa (mote) quase calculada/matemática/metódica. Entretanto, esta base não pretende limitar as possibilidades musicais, pelo contrário, oferece um universo de liberdade para preencher com formas livres, variando sobre a base (tom), por meio de improvisações/intervenções/etc.

fenix

motetom

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