NAVIO NEGREIRO ( Composição: Pedro Manoel)

 Oh, oh, oh Navio Negreiro atracou (x4) 
A nau cruza o oceano carregando seus pecados 
O capitão ordena o silêncio dos mais fracos
 No fundo do convés os pés descalços e amarrados
 Lamentam a morte triste de viver pisando em cacos 
De vidro, vergonha, saudades de sua terra
 Enterrados na lama da crueldade 
São filhos da dor, da fome e da guerra 
Vivendo sem esperança, sonhando com a liberdade
As cicatrizes causadas pela escória 
Deixou outras cicatrizes na história 
E assim essa viagem, sem volta, sem volta 
De homens, mulheres, crianças, de vidas que existem só em memória
Oh, oh, oh Navio Negreiro atracou (x4) 
 O povo negro marcha e suplica por resgate 
O sangue, a chaga, o fogo do sol quente em suas costas
 Trocados por moedas como porcos ao abate
 Olhos que miram nuvens esperando uma resposta 
De fé, verdade, lembranças do passado 
Fadados ao som agudo do chicote 
Feridas, estalos, semblantes tão cansados 
Tementes à própria vida, esperando pela morte 
Usados para alimentar emoções sádicas 
Tirados à força de nossa mãe África 
No fundo dos seus peitos, revolta, revolta 
Escreve com a pena vermelha em rimas a própria vergonha trágica 
Oh, oh, oh Navio Negreiro atracou (x4) 
Histórias de figuras singulares De heróis em fuga ao Quilombo dos Palmares E o choro do poeta, que roga, que roga “Suplico, Colombo, fecha a porta de teus mares!” 
Oh, oh, oh Navio Negreiro atracou (x4)

Navegantes - Brasilidade Sonora