dedicada a cada poeta da cidade, que cultiva a liberdade no concreto da cidade

ep13

Quando eu falo, meu ori escuta. E é disso que se trata: mergulhar nas preces daquelas que nos oferecem caminho.

Ainda bem que estar no mar é lembrar que estou em casa. Depois de me lembrar disso, nunca mais estive só.

Nas palavras que vêm anunciando nossos passos, agradeço a cada uma que se refez inteira em bença, e aqui falaremos de vida, dos nossos encontros e processos de cura. Está contido no nosso renascer, nas nossas mãos, no nosso axé.

A todos os navegantes da diáspora 22: vai lá honrar seus caminhos e suas preces. Que assim seja!

DIASPORA: 3

"Quem foi que disse que o velho é velho?" é sobre a vida, o caminho e a arte daqueles que firmaram o fundamento da faixa Síncopa, singular do álbum células, de Levi Keniata com participação do Ôbigo. Ouça de ouvidos atentos!

Quem foi que disse que o velho é velho?

Vida cheia de insurgências, me dê caminhos ori-entados, abertura de encruzilhada e fé bem firme no sentimento que guia meus pés e meu caleidoscópio de memórias de lá: meu banzo é o combustível que me faz cruzar atlântico e voltar ao nordeste do Brasil para ter a saudade arrebatada no meio das marés e curada na receita de beijo na testa e bença. 

Que o coração insista em bater e a vida persista em vingar, é para isso foi nos dada as andanças.

DIÁSPORA: 13

Cresci me dizendo filha dogum e fui ver depois que era filha de filho dorixá, mas a vida tem seus caminhos e nele também fui feita filha assim. 

Pra quem cresceu com as histórias do pai, imaginando meninos e homens pela vida, tudo está contido no barulho de surdo reproduzido com a boca: a resposta do caminho veio daí. Fragmentos de uma história que imaginei e se misturou com sonho, vontade e chamado. Até hoje só sei cantar todo menino é um rei porque ouvi dentro de casa.

Licença e respeito, isso veio de casa.

DIÁSPORA: 14

No meio da palma da minha mão tem a resposta pra essa vida gigante. Esteja atento aos sinais, às encruzas, às suas ladainhas chamando para o caminho que se anuncia e pra quando as benças vêm.

Você tá pronto pra receber suas benças?

DIÁSPORA: 15

Honrar aqueles que nos beijam a testa e a cabeça que te escolheu: está presente no resgate das nossas histórias, nos fragmentos de muitas mandingas que viram uma só, nas encantarias da memória e no quintal cheio de gente.

Tem som de riso de criança e cantiga de ninar,
bate como saudade e grave de tambor
e chega como um presente que te é dado por quem veio antes: A vida.
Todos esses fragmentos formam uma colcha de retalhos pra te aquecer quando o banzo aperta.

Caminhe por aí, lembre dos começos, pise no chão com força.
A vida é grande, suas benças também.

Vai fazer sentido, dia ou outro.

DIÁSPORA: 16

Assim como a Dona Ivone Lara, eu também nasci pra sonhar e cantar.

Aqui onde as mulheres têm parte com as àguas é onde eu me criei, um mergulho e um vôo livre em direção à beiradinha do oceano que me leva proutros cantos e outras encantarias. Tudo que é santo vive de encanto, e tudo que tá vivo tem que transitar: pra fazer valer o caminho.

Se tem algo que eu acredito, é nesse bendito desse caminho.

DIÁSPORA: 17

Por enquanto, meu quintal segue na esperança de dias cheios, filhos fortes, corações grandes. No quintal de casa (e da casa de vó) foi onde aprendi nossas miudezas tão grandes...

Meu cantar é sobre isso, cabe tanta gente aqui! Tanta história que ainda existe, tanta bença que virá.

Ainda bem que as benças que vêm com o amanhã foram anunciadas, teu caminho cabe nelas, saiba ter calma e vai caminhar...

DÍASPORA: 18

Até hoje eu guardava segredo e hoje tô contando pra você: Inventei pra mim um sonho, maior que eu, que vai resgatando partes minhas espalhadas por aí. O que me cabe, é encontrar com ele e dar vazão, apesar do medo, da incerteza, do caminho à frente que não se sabe como se caminha, mas vai. O coração segue cheio, e cheia de verdades guiando meu destido, eu vou.

Pode perguntar pra quem quiser: tudo o que contar no meu nome há de vingar.

DIÁSPORA: 19

Salve o tempo. Salve teu caminho, suas palavras, salve tua música e sua bússola.

DIÁSPORA: 20

A minha diáspora se faz de muitos encontros.
Pra quem atravessou estados, Mares, calmarias, 21 episódios de nia: Isso é parte de um caminho construído com muitas mãos pretas, há muito tempo, numa caminhada que te propus lá………...lá atrás

Minha diáspora é planeta de possibilidade impossíveis, e soa como os batuques do meu lugar, nela me vi e me criei pra atravessar quantos oceanos forem necessários nesse caminho.

Pegando na mão de quem soube aceitar as benças de uma vida farta e teve os zoinho brilhando pro que está a frente: O novo sempre vem!

Vambora?

DIÁSPORA: 21

Cada dia um baile, cada baile um kit novo, NIA é uma aparelhagem de som. Intervenção sonora e artística, é sobre os corpos em diáspora e tantas diásporas que compõem essa narrativa, cores e valores ressignificando propósitos, reivindicando a própria voz.

Nia

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