de onde veio essa ideia: https://www.youtube.com/watch?v=wRcnrxRq2L4&feature=youtu.be

ae! a capa é do (vc vai ouvir e saber de quem é)

dedicada a cada poeta da cidade, que cultiva a liberdade no concreto da cidade

ep13

Pega ae sua meia duzia de voltar por cima!

ep17

ep19

DIÁSPORA:
[substantivo feminino]
1- Dispersão do axé que brotou no Brasil e se desenrolou em rezas-cantos-terreiros-quilombos-quintais -ladainhas;

2- Caminho que o mar nos deu e seguiu seu passo ori adentro;

3- Expansão das potências pretas: criação de negritudes em forma de bença;

4- Semblantes encontrados e feitos de continuidade;

5- Diáspora é axé, pelo potencial de existência.

Bendito é o caminho da diáspora, bem vindo é aquele que vem por bem por estas encruzilhadas. Esse é o começo de uma jornada que vai te embalar nas próximas semanas: Bem vindo a DIÁSPORA 22!

DIÁSPORA: 1

Nos caminhos da minha diáspora, entre terreiros, quilombos e quintais, nos encontraremos outra vez.

Quem tem caminho, tem.
O nosso está contido nessas encruzilhadas, se refazendo em bença-palavra-intenção. Nossas vozes guardam os segredos de continuidade de vida e é por isso que contamos nossas histórias.

Essa é a minha.

Pra quem se encontrou no amor, quem não desencantou, ou pra quem veio só sambar:

DIÁSPORA: 2

Quando eu falo, meu ori escuta. E é disso que se trata: mergulhar nas preces daquelas que nos oferecem caminho.

Ainda bem que estar no mar é lembrar que estou em casa. Depois de me lembrar disso, nunca mais estive só.

Nas palavras que vêm anunciando nossos passos, agradeço a cada uma que se refez inteira em bença, e aqui falaremos de vida, dos nossos encontros e processos de cura. Está contido no nosso renascer, nas nossas mãos, no nosso axé.

A todos os navegantes da diáspora 22: vai lá honrar seus caminhos e suas preces. Que assim seja!

DIASPORA: 3

As canções de menino que aprendi com ele reverberam até hoje. Coisas que a gente carrega no peito igual diamante lapidado ao longo dos anos: a voz de trovão dos nossos entes queridos. 

Pra entender erê, tem que tá menino, e seu pai é como um desses meninos que você viu por aí. Na doçura e na dureza que o mundo veio a exigir da sua pele: um menino. Seu pai é como os capitães da areia, descobrindo o mundo pelos olhos de quem ajudou a criar. Como o Itamar e a Anelis Assumpção: Legado um do outro, a voz que vem para embalar do outro, feito beijo de boa noite.

Seu pai também é ancestral. O caminho dele não é seu, mas te ensina sobre o próprio caminho.

DIÁSPORA: 4

O caminho da minha diáspora existe nos meninos, em cada pessoa preta que me sorri com os olho como forma de bença, nas nossas ladainhas, nos nossos passos.

Nos encantamentos que a vida traz, cada palavra que se joga no mundo anuncia novas marés-benças-descobertas, tem que tá com o ori firme pra entender.

Canto e danço pra curar nessas andanças, cantadô que foi anunciado vem pro mundo pra vingar. Vem ver:

DIÁSPORA: 5

ladainha
LA-DA-INHA
(substantivo feminino)

Prece litúrgica estruturada na forma de curtas invocações aos santos, recitadas pelo celebrante, que se alternam com as respostas da congregação (fiéis e/ou religiosos).

Canto rogatório popular na abertura de uma roda de capoeira (Brasil)

Do latim: lat. litanĭa,ae 'prece, súplica, reza em comum', do gr. litaneía 'id.'

Ritual de bença onde estão contidos sonhos-preces-saudades-devaneios, com a missão de proteger oris.

Salve às mulheres curandeiras de mãos boas, vozes benditas e caminho bordado na fé, salve tu, salve teu canto, tuas ladainhas e teu altar, segue teu caminho, rega tuas flores, faz seu corre e se mantenha viva. Que assim seja: glorioso como tua vida.

DIÁSPORA: 6

No recolher da maré, na pororoca, no quebrar das ondas e no início da costa se faz a rota da minha diáspora: Pra quem aprendeu a seguir os passos de quem deu o toque, o caminho é certo como as benças quem vêm com o dia de amanhã.

Quem é, nasce pronto, só lhe cabe descobrir e honrar esses passos.

DIÁSPORA: 7

No meu quintal cabe a bença da vó, cabe o balde pra gente desenrolar e as canções de todos nós: canto só vinga quando é nosso, quando se faz inteiro em encantamento, aí a cadência é boa e um bom partideiro só reza sambando (ou será que só se samba pela reza?)

DIÁSPORA: 8

Mais um pouco e vai clarear, gente!
Domingo 23 é dia de Jorge e de fazer 2 dedos de prosa na nossa Diáspora, pra dizer no pé, na palma da mão que na saudade a gente encontra mais espaço pra se fazer inteiro.

No fundo do meu quintal encontrei as pistas do futuro: ele tá aqui.
O futuro é dentro, e caminha pelo ori dando passagem aos anseios de vida plena, tá contido nas risadas e nos encontros (que bom que nos encontramos!)

Segue a cadência, pisa no chão com força.

DIÁSPORA: 9

Nos fragmentos de memória que cada DIÁSPORA carrega, existe o encontro de muitas verdades, cabe a sabedoria de erê que nos fez descobrir o mundo e nos preparou para a benças que vêm. Quem me deu caminho, aguardou por isso!

Cada um reza com o que sabe, minhas orações são assim:

DIÁSPORA: 10

Teu santo é forte, forte somos nós.
Primeiro se aprende a pedir bença e depois vai caminhar pela vida. Que o caminho seja próspero, que as benças te acompanhem, e que sua vida seja farta! 

Minha diáspora conta as histórias de festa e de encontro, de partidas e choros, de mares e encantarias. Minha encantaria vem lá de longe, vem ver:

DIÁSPORA: 12

"Quem foi que disse que o velho é velho?" é sobre a vida, o caminho e a arte daqueles que firmaram o fundamento da faixa Síncopa, singular do álbum células, de Levi Keniata com participação do Ôbigo. Ouça de ouvidos atentos!

Quem foi que disse que o velho é velho?

Vida cheia de insurgências, me dê caminhos ori-entados, abertura de encruzilhada e fé bem firme no sentimento que guia meus pés e meu caleidoscópio de memórias de lá: meu banzo é o combustível que me faz cruzar atlântico e voltar ao nordeste do Brasil para ter a saudade arrebatada no meio das marés e curada na receita de beijo na testa e bença. 

Que o coração insista em bater e a vida persista em vingar, é para isso foi nos dada as andanças.

DIÁSPORA: 13

Cresci me dizendo filha dogum e fui ver depois que era filha de filho dorixá, mas a vida tem seus caminhos e nele também fui feita filha assim. 

Pra quem cresceu com as histórias do pai, imaginando meninos e homens pela vida, tudo está contido no barulho de surdo reproduzido com a boca: a resposta do caminho veio daí. Fragmentos de uma história que imaginei e se misturou com sonho, vontade e chamado. Até hoje só sei cantar todo menino é um rei porque ouvi dentro de casa.

Licença e respeito, isso veio de casa.

DIÁSPORA: 14

No meio da palma da minha mão tem a resposta pra essa vida gigante. Esteja atento aos sinais, às encruzas, às suas ladainhas chamando para o caminho que se anuncia e pra quando as benças vêm.

Você tá pronto pra receber suas benças?

DIÁSPORA: 15

Honrar aqueles que nos beijam a testa e a cabeça que te escolheu: está presente no resgate das nossas histórias, nos fragmentos de muitas mandingas que viram uma só, nas encantarias da memória e no quintal cheio de gente.

Tem som de riso de criança e cantiga de ninar,
bate como saudade e grave de tambor
e chega como um presente que te é dado por quem veio antes: A vida.
Todos esses fragmentos formam uma colcha de retalhos pra te aquecer quando o banzo aperta.

Caminhe por aí, lembre dos começos, pise no chão com força.
A vida é grande, suas benças também.

Vai fazer sentido, dia ou outro.

DIÁSPORA: 16

Assim como a Dona Ivone Lara, eu também nasci pra sonhar e cantar.

Aqui onde as mulheres têm parte com as àguas é onde eu me criei, um mergulho e um vôo livre em direção à beiradinha do oceano que me leva proutros cantos e outras encantarias. Tudo que é santo vive de encanto, e tudo que tá vivo tem que transitar: pra fazer valer o caminho.

Se tem algo que eu acredito, é nesse bendito desse caminho.

DIÁSPORA: 17

Por enquanto, meu quintal segue na esperança de dias cheios, filhos fortes, corações grandes. No quintal de casa (e da casa de vó) foi onde aprendi nossas miudezas tão grandes...

Meu cantar é sobre isso, cabe tanta gente aqui! Tanta história que ainda existe, tanta bença que virá.

Ainda bem que as benças que vêm com o amanhã foram anunciadas, teu caminho cabe nelas, saiba ter calma e vai caminhar...

DÍASPORA: 18

Até hoje eu guardava segredo e hoje tô contando pra você: Inventei pra mim um sonho, maior que eu, que vai resgatando partes minhas espalhadas por aí. O que me cabe, é encontrar com ele e dar vazão, apesar do medo, da incerteza, do caminho à frente que não se sabe como se caminha, mas vai. O coração segue cheio, e cheia de verdades guiando meu destido, eu vou.

Pode perguntar pra quem quiser: tudo o que contar no meu nome há de vingar.

DIÁSPORA: 19

Salve o tempo. Salve teu caminho, suas palavras, salve tua música e sua bússola.

DIÁSPORA: 20

A minha diáspora se faz de muitos encontros.
Pra quem atravessou estados, Mares, calmarias, 21 episódios de nia: Isso é parte de um caminho construído com muitas mãos pretas, há muito tempo, numa caminhada que te propus lá………...lá atrás

Minha diáspora é planeta de possibilidade impossíveis, e soa como os batuques do meu lugar, nela me vi e me criei pra atravessar quantos oceanos forem necessários nesse caminho.

Pegando na mão de quem soube aceitar as benças de uma vida farta e teve os zoinho brilhando pro que está a frente: O novo sempre vem!

Vambora?

DIÁSPORA: 21

Cada dia um baile, cada baile um kit novo, NIA é uma aparelhagem de som. Intervenção sonora e artística, é sobre os corpos em diáspora e tantas diásporas que compõem essa narrativa, cores e valores ressignificando propósitos, reivindicando a própria voz.

Nia

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