

Pra cruzar o abismo entre nossos céus
Pra falarmos a mesma coisa na mesma língua, sem abrir a boca
Desencadear o mesmo sentimento sem sentir
Falar verdades e mentiras, enganar sem mentir

É preciso pular, é preciso sem olhar a sorte
É preciso saltar, mesmo com vida e corte ... ela vai agradecer

Pra traçar o mundo em redes de comunicação
Pra ser teatro e novela sem ligar a televisão
É preciso se sintonizar e ser jardim sem flor
Seja outono ou verão, pra descobrir

Ela vai pular, é preciso pular sem olhar a sorte
Ela vai saltar da vida sem corte ... ela vai desaparecer

Pra dançar a música do silêncio e resolver
Pra pegar, pegar emprestado sem pedir
Pra roubar, levar e não devolver
Vai pedir licença quando já passou
E pedir desculpa pra quem não gostou

Ela vai pular, é preciso pular sem dizer boa sorte
Ela se despiu, ninguém ouviu nem entendeu ... ela vai voltar

Sente o cheiro, sente o frio e o desespero
Sente saudade, sente vontade de ver mas já é tarde
E ela já se foi ...


Ela já se Foi

Se foi só alucinação, deixe assim
Se foi vestígio de ilusão, ligue pra mim
Se foi por falta de coragem então, se esqueça do fim
E se ninguém te deu razão ... não olhe pra mim


E te fascina a sua sina de viver
E ódio mina e te ensina a sofrer ... mas 
Se esqueça do fim


E se você não pode mais voar, tente andar ... só
E se alguém te impedir de falar, melhor lutar ... até
E se o mundo não quiser te amar, não vá delirar
E quando alguém quiser se aproximar, tente deixar ...


E te surpreende o que te prende a multidão
E não entende que se aprende com a solidão ... mas 


Se esqueça do fim ...
Se esqueça do fim ...

Se Esqueça do Fim

SAGA

Sobe escada corrimão, a rampa é pra quem depende
o sol nasce poligonal, mas pra todos ele acende

Todo caminho tem um atalho que te leva ao esconderijo
se o suor pingar depois do orvalho você vai estar no paraíso

Vai andando pela sombra pra prosperar
vai lavando a mão que é pra poder a alma lavar
Segura a guia, faz oferenda, marca uma preza
quebrando barreiras, abrindo portas pra mãe não chorar

E se faltar pão na mesa nesta segunda-feira,
na segunda que vem terá
Mas não fica chorando com a barriga cheia
pois ainda você tem pés pra calçar


Saga (O Imperial Popular & Leander Dogueto)

A Intenção é Insistir

O Santo pobre das causas mais humildes faz o bem sempre olhando a quem ... faz barulho de chuva a quem merece sossego e aparece toda noite no pesadelo de quem coleciona apegos. Mora debaixo de pontes, marquises e sempre em um viaduto diferente, não repete o caminho, nem o rosto, nem o gosto e nem atende a promessas ... jamais entrou em uma igreja. Ele enxuga lágrimas sinceras e honestas, empresta e não cobra dívida. Nunca foi visto de dia e mesmo de noite só se ouve falar... não sai em fotos, filmes e nem sua voz se pode gravar. Sua poesia é doce como um abraço de mãe. Aparece sempre nas festas de rua ou de quintais, ele gosta de quem gosta de animais. Não tem nome nem sombra, nem família e nem religião mas aparecerá toda vez que ouvir um chamado sincero poque ele é o Santo Pobre das causas mais humildes e suas ações jamais serão em vão  ... 

O Santo

Até o espanto e a marca nos campos estéreis de paixão
Que sem pensar que não ... resolvem.

As casas dos lares, sem tetos e insetos, nefastos em ciranda
Odisséia força branda ... REVÓLVER !

Lenço branco no bolso, na carteira sem dar o troco
O bom moço sem almoço não podia ir pro céu
O inferno dos escombros, lata de concreto nos ombros
Deu meia-noite sangue no lenço branco
Na maioria das casas ele não tinha quintal
A maioria do quarteirão, só tinha barracão

Não teve jeito, não tem remédio
Não suportou invasão de prédio,
Nem alcoolismo, nem alucinação ...

E na maioria das casas, tinha o carnaval
É ... e tinha no quintal

E na maioria do quarteirão, só tinha barracão
E tinha no quarteirão

E na maioria das casas, não tinha quintal
É ... e tinha carnaval

E na maioria do quarteirão, só tinha cidadão

SÓ TINHA CIDADÃO !!!

01 - Lenço Branco No Bolso

Fazia questão o instante, de ser um instante
No livro dos dias ...

Como se contam os dias sem sair de casa ?
Tanta saudade de tudo o que já não existe mais
É preciso entender ...

Como um sorriso, como uma coisa boba qualquer
Pai, meu avô ... minha vó ... seja o que vier ...

02 - Seja O Que Vier

Dos dias que passamos sóbrios, não me lembro do seu recado
Não me lembro do seu telefone, não me lembro da sua voz

Dos tempos que passamos atentos aos jornais e o que a previsão do tempo ... dizia

Não vá sair de casa sem guarda chuva !!!

Sua intenção é insistir na sua vida de artista ... da vida ...
A intenção é insistir !

Amor bom porque não veio ??!!
Aonde estava não há nada pra se ver ?

Sem senhor, sem ninguém que comparece
Desfaz-se o fato, e o fato se esquece

Senhor por favor não me deixe desistir !
Dê-me forças pra resistir !

Meu heróis foram mortos antes de nascer
E ainda choram, e ainda choram ...

Sua intenção é insistir na sua vida de artista ... da vida ...
A intenção é insistir !

03 - A Intenção É Insistir

Não precisava tanto cuidado, o machucado era raso
Como no fundo dos teus olhos ... havia um lago
Ela arrasa todo bairro e há também aqueles que não gostam
Nossos heróis estão de férias do verão à primavera

Cada dia a história se renova cada dia uma filosofia
Cada dia uma moda cada dia uma história não importa
O seu valor ... o seu sabor 
O que quer ser na vida ... e o que quer ser ... da vida

Cinco horas da manhã e o horizonte ainda está escuro
Tanto muro, tanta grade, tanta cerca, pouca porta aberta atrás de tanto muro
De indigência pela rua e violência na família a cidade se engatilha
Nossos heróis estão de férias, do verão a primavera
Nossos ídolos são só estátuas que se mexem, e nos empurram pro abismo
Temos asas mas estamos mergulhados em gasolina
Sentimos cheiros, sentimos gosto ... sentimos o peso da nossa rotina

Cada dia a história se renova cada dia uma filosofia
Cada dia uma moda cada dia uma história não importa
O seu valor ... o seu sabor 
O que quer ser na vida ... e o que quer ser ... da vida




01 - O Que Quer Ser Da Vida

É só uma estrada pra se percorrer quando se tem 15 anos
Pra quem tem no peito são e salvo o sorriso da infância
Ela se olha toda noite no espelho e nada se compara
E ninguém podia pará-la
E linda desesperada pelo país

Ela se olha toda noite no espelho e nada se compara
Com a vontade de disparar pelo país
Como quem da canção esqueceu a letra mas ainda sabe assoviar
Sou eu quem agora estou sentado na frente do espelho
E nada se compara

Devagar estava aqui, agora não mais
Indiferente como o garoto mais bonito que não quis a garota mais bonita
Eu estava há 15 dias trancado e todas as sombras das flores
Eram mais belas que a imagem da garota ... que disparada pelo mundo
De tanto consumir, de tudo querer
De tanto consumir foi consumida, de tanto querer perdeu a vontade
De tanto sonhar virou sonho ... e agora não é mais ninguém !!!

E ninguém podia pará-la

É só uma estrada pra se percorrer quando se tem 15 anos
Pra quem tem no peito são e salvo ... o sorriso da infância

02 - A Estrada

O Imperial Popular é mais do que uma banda,
é o grito engasgado do oprimido em busca do seu canal de expressão.
É um som fantasma, sem "eira nem beira" que sabe o que quer, e sabe querer.
Não tem gente nem ente, nem integrante e nem população ...
sem indivíduos e nem programação.

O Imperial Popular não faz falta nem caso ...
ele perfura o espaço pelo sangue latino que escorre nos livros de História.
Ele é a mente consciente coletiva e ciente de suas limitações.
É a militância político-sonora que não condena a "arte pela arte".

Não tem guitarrista, baixista e nem baterista ...
as vezes é comunista, trabalhista, socialista ou até anarquista, mas nunca capitalista.

O Imperial Popular é o espelho que reflete o desejo do subjugado transferido pelo calor da amizade sincera.
É a crítica sem máscara recebida do olhar solitário no espelho.
É o riso sincero no rosto do trabalhador
que acaba de encher a despensa de casa.

O Imperial Popular é o agradecimento sincero à todos aqueles que morreram pela liberdade,
seja no campo, ou seja na cidade.
É um tributo inocente de luta e caridade,
de coração e pelo desejo de uma nova sociedade.

O Imperial Popular é a esperança contida no sorriso do filho.
É o peso na consciência da mesa farta, é a gratidão sem paciência.

É um ponto no vento, é uma batida sem tempo definitivo.
É a falta de pretensão em favor do coletivo.

O Imperial Popular

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