Gravado e mixado no Estúdio Mutuca, João Pessoa-PB entre 2012 e 2013



TEMPARADA
(Lucas Dourado)

Agora já sei que o tempo é vasto e estranho
E posso começar do ponto que parece o final
Lá fora já faz um tempo doido e aqui também
E em pleno verão eu sei, pode fazer chuva ou sol ou temporal
Sei também que o tempo é de verso e sinuoso
E pode te levar a pensar em se deslocar no espaço
A pé, de bike ou de avião
Para o ponto mais mágico da canção
Ou mesmo em um de seus corpos mais leves que o ar
Você vai ver.




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Lucas Dourado - Temparada

Gravado e mixado no Estúdio Mutuca, João Pessoa-PB entre 2012 e 2013



IDAS E VINDAS
(Renalide Carvalho/Lucas Dourado)

A casa começando pequena
O tênis começando calo
Hora era de partir

O grito em gume
Pernas, pular muro
Hora era de fugir

Cabeça, juízo, asas
Nó, desatarraxar grilhão
Hora era do não

Porta aberta a tempestade
Claro aberto, escurão lá fora
Era hora, era agora, era um vá

Desasados braços e mãos
Vós desaguadouro queda alvo
Salgado céu de sol ida imensidão

Braços e mão folgados
Nuvens folguedos de São João
Cabeça casa sapato aperto de mãe
Ela ora, era hora de voltar





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Lucas Dourado - Idas e Vindas

Gravado e mixado no Estúdio Mutuca, João Pessoa-PB entre 2012 e 2013


A SAGA 
(Lucas Dourado)
          
Ele penou três dias inteiros
Semeando semente seca
No pó dum barro vermelho, ardendo ao sol
Ele plantou na terra esperança

Ele tratou a roça inteira
Num arado atado a um cavalo
Sob a sombra dum chapéu de palha e só
Foi que ele andou três légua e tanta

Já sabia que na queda da noite
Do terceiro dia
O trovão ia bater pras banda do norte
Um relâmpago bem forte
 Anunciando a água que vinha

Pois meu São Pedro vai mandar
Com a benção de Nosso Senhor
Chuva pra terra que pai deixou




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Lucas Dourado - A Saga

Gravado e mixado no Estúdio Mutuca, João Pessoa-PB entre 2012 e 2013


TAMBAÚ
(Polly Barros/Lucas Dourado)

Outra vez me encontrava sentado
E olha só estava eu desencontrado
Um tanto côncavo um tanto convexo

Outra vez encontrava espaço
Entre o pé descalço e o passeio
A cabeça sem freio de pés ligeiros a procurar nada

O ócio, o vicio, o falso, o verso
A valsa dos navegantes 
O passo desengonçado a pé

Canta para subir
Faz que canta para subir
Desce para subir 
Depois pára para sorrir



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Lucas Dourado - Tambaú


O SANTO DA GRANDE LUZ
(Lucas Dourado)

Dizem que no meio dum canavial
Brilhou uma forte luz
Que a gente do local
Achou que era "o povo das estrelas"

Dizem também que a confusão foi geral
Cachorro latia e corria
Crianças pra dentro dos quartos
Pobre da senhora que do coração padecia

Na sexta-feira da luz
O povoado se estremeceu
Meu tio conta que só quem viu
Foi quem tremeu e não fugiu

A grande luz
Levou a coragem dos homens do engenho
Que deixaram pra trás certo jovem ingênuo
Que girou o mundo num disco brilhante
Visitou quase todo planeta distante
E virou santo pro povo da terra


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Lucas Dourado - O Santo Da Grande Luz

BARBANTE PRATEADO
(Lucas Dourado)

Iaiá, tira a renda do varal
Que é pra usar na Festa do Cantador 
Iaiá, Iracema vai ficar só
E à noite a coruja vem cantar

Para anunciar a chegada do Curador do Além-Terra
Que vai levar sua alma
Presa a um lindo barbante prateado
E vai sarar os cortes, vai levar a morte pra lá


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Barbante Prateado

O Cheiro e a Feira
(Polly Barros e Lucas Dourado)


Zé Trela viu a mãe correndo louca
Da chuva que vinha molhar os pano e a panela
Cheiro de chuva chegando no ar

Eita lasqueira de vida inquieta
O chão treme o pinto pia e pia o mundo!
Olha a feira Zé correndo, Zé brincando 
E o povo todo rindo do menino sem coleira

Faz a feira, faz feira
Tá faltando macaxeira
Bota tomate cebola e pimentão
Cominho, alho e manjericão

E na carreira gira a cozinha
Puxa a saia passa a mesa
Cai legume cai menino os prato quebra
E logo a mão gritando: Ahh!

Tome tino! Tome tino menino traquino! 



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O Cheiro e a Feira


SARAVÁ E QUENGO
(Lucas Dourado)
 
Pedindo o velho busca o terno embaraçado e rege: Saravá e Quengo!
Sabe que o povo manso e terno vive de atenção e Camaradagem

Mirando o ar
Sabia que o tempo traria a mudança maior
             
Que tudo na casa se transformaria e que
Tudo da gente dependeria

Fitando o mar
Sabia que o vento soprava a favor da maré
Que tudo trocado então pereceria e que
Tudo da mente dependeria

Na maior das andanças o povo se apertou
Se abraçou num momento de pura emoção
Num soluço constante de riso e exaltação
Mergulhou num estado de dança

Na primeira a vista só pôde clarear
Na segunda o vaso se apoderou do som
Na lembrança a vida jorrava num tempo só 
Na terceira o corpo se lança                   



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