Nada vai mudar 
se você deixar
eu te deitar pra sempre

Você não tem porque 
pensar no amanhã, 
porque amanã “crr!”

Você precisa 
me dar razão, 
você precisa 
cair no chão

Não quero ver você 
me querendo mal, 
só quero ver você parado,
Sem mais feriado 
ou prazo final,
talvez uma queda 
do telhado

Você precisa 
me aceitar,
você precisa
me encontrar


Pediléia

Há dez mil anos luz 
de um ponto do universo,
Eles fritaram os céus 
e tão usando o tempo 
pra ir e vir sem se cansar

Espaçonaves vão 
e voltam em silêncio, 
atracam na estação, 
deixam você atento,
é impossível não ‘pirar’

Os ‘termanos’ não conhecem o obus, 
dispensaram o sabre-de-luz
Eles usam, pra desintegrar, 
um botão preso no seu polegar

Ah! Não há razão para nós dois 
não pararmos 
no Espaçoporto intergalático

Tente não se espantar 
por um milissegundo 
em meio a tanto ser
que vemde outro mundo 
e 'tá' ali pra viajar

‘Cetenses’ e ‘virgões’ 
divivem os assentos,
‘Dubanos’ e ‘Antariões’ 
comercializam termos,
 tem souvenir pra recordar

Os ‘zircóides’ não têm par nenhum, 
cobiçam as ‘minas’ da M31
‘Centaurinos’ não conseguem achar 
emprego no seu sistema estelar


Espaco Porto Intergalático

No alto (auto) da matina 
o José Charles sumiu,
mas ele é um guri 
muito estranho, mesmo, de se ver

Saiu pela janela 
do seu quarto e se embrenhou 
na mata virgem, 
onde muita virgem já brincou

A lua estava cheia 
e cintilavam os paramécios lá no rio, 
onde o Zé Charles caiu

Cheio de lama e fúria ele,
 então, se transformou

Ninguém sabe o que aconteceu,
mas o Charles nunca mais voltou

Se pretenda ir além, não deu pra ir à pé,
se só podia ir à pé, não chegou muito além

Na manhã seguinte 
muitos foram procurar
“Mas onde o menino 
José Charles foi parar?”

As ruas de cima, baixo 
e a praça central, e assim 
toda a cidade se meteu no matagal

Não entendiam porque
 o menino haveria de fugir, 
sem ter pra onde ir
Talvez muita besteira 
os prenda na televisão

E um mistério se instaurou por lá,
na cidadezinha de Sapé

E muitos acreditam que o guri 
‘se transmutou’ na besta que 
impede a cidade de dormir

Ninguém sabe no que transformou,
ninguém sai à noite em Sapé


Cabeça de peixe

Você suou o dia inteiro,
seu chefe é um idiota, 
sua mente tá na rota 
do desespero

Muita decepção 
em um só dia,
você descobre que 
sua banda predileta 
mudou de filosofia

Mas e daí se você 
quer ‘esculachar’ e sair?

Um dia triste
 no Rio Vermelho
toma uma cerveja nas quadras
e coma o queijo do Joe, 
devore o queijo coalho do Joe

Na manhã da terça-feira
a sua cabeça ‘tá’ girando 
e você tá esperando 
pela sexta

Sua ânsia lhe faz mal,
você se sente claustrofóbico, 
travado, na avenida Cardeal

Mas e daí, se você quer 
se ‘destravar’ e sumir?



Dia triste

Foi uma vez só, não
ao menos duas ou três
Você pediu até que 
não aguentei mais e eu cedi, 
sou um 'gentlemen' 
que faz o que uma dama quer

Caiu de quatro, encantou no ato 
com meu jeito sedutor e descolado de ser,
mas de uns tempos pra cá, você teve a chance
de perceber

Que eu sou horrível
e continuo sendo sempre 
cada vez mais
Eu só horrível 
e 'cê' devia saber disso
há muito tempo atrás

Não digo nada a você,
se quer assim, vamo lá,
mas se não quer, pode falar,
pra mim tá tudo bem
Não adianta esperar que
eu vá me transformar em
outro alguém



Horrível

Já sei o que fazer
 quando o sono vem 
e não quer voltar

Tomo um balde de cafeína 
e espero ele passar

Eu sorrio pro mundo 
e o mundo sorri 
de volta pra mim,

tá tudo eletrizado 
e a noite parece 
não ter mais fim

Não vejo ningém
que não queira bem
Num tempo assim,
faz azar dormir

Não deixa a adenosina entrar,
tomar conta assim
Ô, cafeína, não se desgrude de mim

Não sei o que fazer
 quando o sono vai 
e não quer voltar,
eu fico tagarela 
enquanto a ‘matilha’ 
vai cochilar

A solidão é ‘muita’, 
porque o silêncio 
é fala geral
e o desespero ‘bate’ 
quando o Sol 
entrega o jornal

Não tem solução, meu rapaz
Eu sou azarado demais
e quando os canalhas vão rir
eu ‘wahwahwah’ (bocejo)


Cafeína

Chula não quer mais saber de nada, 
a Chula só pensa em sair de casa

Ela quer se libertar, vai pra rua, 
pra qualquer lugar

(Ô, Chula, pense naquele monte de carro!) 

Volta pra casa, Chula, 
sai do meio da rua, 
volta pra casa 
e eu te levo pra passear

A Chula perdeu todo o seu receio
de sair de casa sem pedir conselho
Ela cruzou a sala de estar
sem fazer as malas

(Ô, Chula, vivendo a arte do desapego!)

Você precisa tirar de vez 
a ‘espuma da boca’


Chula

Ep RIFFMANIA
Gravado no Estúdio Caverna do Som através do projeto Incubadora Sonora 
Produzido por Irmão Carlos 
Fotografia: Denisse Salazar 

Letra:

Ninguém segua, não pára
essa gente que pensa que é diferente
Se aglutina de um jeito
que muito parece um mesmo sujeito


Faz tatuagem industrializada
e pinta o sorriso na cara
deslavada


Ninguém segura, não pára
essa gente que me deixa dando risada


Ninguém percebe o malandro
que foge da reza e tem medo da queda
que fotografa a rotina e nunca se esquece
de pôr brilhantina


Faz o alarde quando ele se arde no fogo,
que nem um covarde

Ninguém percebe esse moço 
que é pouco bagaço pra muito caroço

Os Jonsóns - Showman

Gravado e mixado no Estúdio Caverna do Som através do projeto Incubadora Sonora 
Produzido por Irmão Carlos 
Fotografia: Denisse Salazar 

Letra:

Essa contenda não me deixa mais contente
que qualquer mulher
Chuta o balde e muda a mente de repente
não sabe o que quer


E não importa se é agosto ou fevereiro,
só o que ele faz
E essa desfeita que ele fez pra mim primeiro
foi longe demais


Acapulco, Singapura,
vou mudar pra longe
Vou seguir essa desfeita,
só não sei pra onde, não
Quero ver se meu futuro
vai ficar na minha mão
muito em paz e sem desculpas
Não quero perguntas,
nem quero razão pra dizer


E você sabe muito bem o que eu quero
é ser uma mulher
que voe longe num tapete ou vá de bonde
pra onde eu bem quiser
Se a sua graça é só mexer com a minha graça,
só me deixe em paz
Essa desfeita já foi feita e não tem causa,
só te satisfaz.

Os Jonsóns - Desfeita

Gravado e mixado no Estúdio Caverna do Som através do projeto Incubadora Sonora 
Produzido por Irmão Carlos 
Fotografia: Irmão Carlos 

Letra:

Entenda, purista, cê tá perdendo a chance
pra quem não tem nada a perder
A sua coleção de coleções te deixa prisioneiro,
caseiro


Cê entra na pista com seu terno de risca,
mas ninguém quer chegar até você,
que não entende o motivo de ser sempre preterido,
deixado de lado no mundo


É porque ele é mais bonito que você,
ou ele é mais bacana que você
ou ele é mais sacana que você
ou ele é mais bonito que você - ê - ê - ê


Talvez você possa tentar perder a pompa
e ser um sujeito feliz
A curva que exibe a sua simpatia faz limite
com zero


Deixa confuso e desorientado
qualquer um que tenta falar com você,
a sua boca é uma escopeta de palavras bem difíceis,
bizarras, profundas, imundas (habla espanhol, habla espanhol!)

Os Jonsóns - Ele é mais bonito que você

Os Jonsóns fazem um som simples, minimalista, com elementos que figuram entre o surf music, o rockabilly e a psicodelia, sendo influenciados tanto por clássicos, como os stones, quanto por bandas de rock das profundezas do underground, como os Cascavelletes, Júpiter Maçã e a Graforréia Xilarmônica.

para baixar todas as músicas:  http://1drv.ms/1rGI9rO