Quem conhece o Zé já sabe,
conta com sua boa amizade.
Quem conhece o Zé já sabe,
conta com sua boa amizade.

Malandro, ele é bamba do Catimbó.
Pilintra, sambando ginga.
Seu Zé, desata esse nó.
Na linha de Umbanda gira.

Quem não samba é doente do pé*.
Chama o Zé pra mostrar como é.
Ele vem pra curar quem tem fé.
Salve o Zé, salve o Zé, salve o Zé.

*Citação ao “Samba da minha terra”, de Dorival Caymmi.

(Val Azevedo no violão)
(Ilustração: CAMUCADA Coletivo)

QUEM CONHECE O ZÉ JÁ SABE

Na minha roça toda plantei jerimum,
d'água do poço rego aos poucos, um por um.
Se Deus quiser no mais "tardá" no fim de maio
compro um terno de bom "taio"
e um vestido pra Manu.
Esse casório prometido desde antanho,
Seu vigário, não me engano,
pesadelo é sonho ruim.

Vem nuvem, vem menina,
chorar suas "mágoa" aqui.
Te dou um chamego, chora, oh, menina,
não faz eu chorar por ti.

'Enquanto a abóbora não amadurece
vou comendo cambuquira,
vou comendo cambuquira.
Vou comendo cambuquira
enquanto a abóbora não amadurece,
vou comendo cambuquira.' *

Se não bastasse as "tiririca" e os "guri"
a Manuela faz guisado para mim.
Descorçoado, agradeço de bom grado,
mas se quer casar em maio,
deixa as "fulô" crescer feliz.
Esse negócio de comer da cambuquira,
Seu Vigário, que mentira,
é que a Manu nunca me quis.

* 'Quadrinha' de domínio público.
(Val Azevedo no violão)

MANU

Clássico de nossa música popular brasileira gravado por Sebastião Borges e o Trio Rubi, banda de Cachoeira Paulista, composta por "Sebastião Borges, cantor e ritmista; Rômulo Rodrigues, cantor e requintista, e Gilberto O. Buono, cantor, violonista e arranjador. 
" Canções regionais e serestas do nosso Brasil; guarânias e galopa do Paraguay; imorredouros boleros do México, Cuba, e outros lindos números com ritmo alegre e contagiante da Itália."

Você Vai Gostar (Elpídio Dos Santos), por Trio Rubi

| No reino de Oyo* o céu escureceu,
| relampeou, trovão zoou
| e a terra estremeceu.

Veja quem vem saudar seus filhos:
Rei Xangô a serviço da Lei.
Com seu brado vivifica o espírito,
reparando todo mal e quem o fez.

Seja a quem for tem nove espelhos**.
Pai Xangô se zanga como quem,
baixa seu machado em duplo fio,
separando com justiça o mal do bem.

| Kawô, kawô, kawô,
| kawô, Kabiecile***!
| Kawô, kawô, kawô, Xangô,
| me inspira a bem viver.

* Reino de Oyo, sudoeste da atual Nigéria e sudeste do atual Benim:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_de_Oyo,

** Lenda “Xangô e os nove espelhos”, que recebeu de presente de uma de suas esposas, Oyá, para se proteger contra os Eguns, de quem tinha medo: https://www.youtube.com/watch?v=Bb7bUyVQXb8,

*** "Kawô Kabiecile"! (yorubá: Permita-nos olhar para Vossa Alteza Real!): 
Ká (permita-nos); wô (olhar para); Ka biyê si (Sua Alteza Real); le (complemento de cumprimento a um chefe) – Xangô.

XANGÔ

No reino de Oyó o céu escureceu,
relampeou, trovão zoou
e a terra estremeceu.

Veja quem vem saudar seus filhos,
Rei Xangô a serviço da Lei,
com seu brado vivifica o espírito,
reparando todo mal e quem o fez.

Seja a quem for tem nove espelhos2.
Pai Xangô se zanga como quem,
baixa seu machado em duplo fio,
separando com justiça o mal do bem.

Kawô, kawô, kawô,
Kawô, Kabiecile!
Kawô, kawô, kawô, Xangô,
me inspira a bem viver.

XANGÔ (à capela)

Quem dera fosse minha sua lira,
soubesse bem cantar como Orfeu.
Em amor converteria a ira.
Quisera, Deus, pudera fosse eu.

Desatinado, a esmo, mãos quase vazias,
tudo o que me resta é a viola.
Tentando alegrar meus tristes dias,
desafinado mesmo, canto agora.

Quem sabe ainda aprenda o seu bel canto,
e restitua a vida ao meu amor.
Não zombe do poeta quem, portanto,
jamais soube amar como ele amou.

ORFEU - Da série "Cantando no banheiro"

Pra me perpetuar eu canto,
pra enxugar meu pranto eu canto.

Pra me perpetuar eu canto.
Pra enxugar meu pranto eu canto.
Pra consertar meus erros eu canto.
Pra festejar meus anos eu canto também.
Pra completar meus planos,
peço, cante, meu bem.

Vem, amor, e deixa dessa teima.
Te convido pra cantar.
Vem, amor, me beija, não tema.
Se deixa embalar.

Vem, amor, e deixa dessa teima.
Te convido pra dançar.
Vem, amor, me beija, não tema.
Me deixa te contagiar, ah, ah, ah...
Se queres, posso te ensinar, ah, ah, ah...
Se queres, posso te buscar.

EU CANTO - Estudo...

Não me olhe como quem se assusta.
Na verdade todos têm, meu bem,
um pouco de médico e louco,
ponto forte, ponto fraco.
Se um golpe de azar ou de sorte
fez meu sangue temperado,
não vou discutir por tão pouco,
a língua é uma faca de corte.
Daqui não escapa ninguém,
daqui não escapa ninguém,
daqui não escapa ninguém.

Pois se cobrir vira circo,
Osama, Obama, Boal.
E se cercar vira hospício.
De perto ninguém é normal.
De perto ninguém é normal.

BOAL - voz e violão

VEM
(2001)

Lembro ainda menino,
ensaiava essas notas,
pra, quem sabe, um cupido
me trouxesse uma flecha de volta
e uma resposta.

Sim, meu amor, meu juízo,
e eu bem mais que um menino,
nas vestes de um bandido,
me entrego pra você.

Vem, me dá um sorriso,
sua mão, suas horas,
seus humores, seus filhos.
Quero tudo nas suas verdades,
sua saudade,
sua saúde.
Vem, vem, vem, vem.

Déu em déu procuro saber,
os sinais me levam a crer,
o caminho da estrada real conduz a você.
O caminho da estrada real conduz a você.

Vou de braço com minha viola
e apuro meu canto, boa companhia.
Pé de valsa, tamanco me calça,
me leva a meu povo, minha estrela guia.
		
Vou de samba, toada, embolada,
me aprumo no coco, tambores de Mina.
Pé de vento, me apresso no tempo,
tão logo te vejo, mais um, menos dia.

Diamantina, todo ouro, toda glória, levaram docê
pelas pedras de cantaria.
Meu santinho do pau oco foi embora para te perder.
Eu te rendo na cantoria.

E o que mais se há de fazer?
Meu chapéu que guarda meu troco sabe dizer.
Diz que sabe se é pouco, se dá pra uma pinga,
ou dá pra viver.

"Estrada Real" faz parte do show ORA! com a Banda FRACTAL (Daniel Moray Luza - cordas, percussão e sopro, e Leandro Borgo - percussão e efeitos).
Esta faixa foi produzida por Pipo Pegoraro, com sua participação - violão de aço, Ricardo Marcondes - Percussão, Val Azevedo - violão e vocais, e Thera Blue - vocais.

Estrada Real

Gravação de ensaio para participação na apresentação de Mariandoro no Festival Catarse - Casa das Caldeiras - São Paulo - SP - 26.02.12
Com Ricardo Villas Boas - violão, e João Arruda - percussão

Encantos de sereia

Minha mãe mandou, se eu ficar triste,
me lembrar do seu amor,
que vive em mim pra todo sempre,
através dela, do meu pai e meus avós, quem me sonhou,
através dela, dos sinais de sua voz, aonde eu for.

PRA TODO SEMPRE

Gravação de ensaio do show ORA! com Daniel MorayLuza - violão e percussão - e Leandro Borgo - percussão.
V.I.T.R.I.O.L. (Visitae Interiorem Terrae, Rectificandoque, Invenies Occultum Lapidem"), fórmula alquímica que significa "Desce às profundezas da terra, e retificando-te, encontrarás a pedra oculta".

De Jorge

ENCANTOS DE SEREIA
(Oswaldo Borges - composta especialmente para Ceumar, e gravada por ela no álbum "Silencia")

Nasci na terra da serra que chora
nas cachoeiras vivo a me banhar.
Entre as pedras recolho as estrelas,
são do céu, levo até o mar.

Em minha saia azul tem flores belas (dela?),
tem ouro, jóias, que trago de lá.
Canto e danço nas voltas do tempo
e as estrelas espalho ao vento.

Canto e danço aqui na areia,
giro a saia pra mostrar
meus encantos de sereia, mamãe.
Ora, iê, iê, Oh Dociá.

Ventou, choveu, mamãe a chamar.
Trovejou, vou eu, pra casa voltar.

Ora, iê, iê
Ora, iê, iê, ô
Ora, iê, iê, Oh Dociá.

ENCANTOS DE SEREIA (Oswaldo Borges), por Ceumar

FOSSE UMA FLOR ©
(Oswaldo Borges - composta especialmente para Renata Finotti)

Fosse uma flor, que flor seria,
seria rosa, que cor teria?
Fosse uma flor, que flor seria,
Maria Rosa, Rosa Maria?

Cantada em tanto verso,
rimada em verso e prosa.
No seu jardim secreto,
queria, eu fosse a rosa.

A mim faria seus votos,
me chamaria rainha,
seguindo a fé dos devotos,
o mistério de Santa Rita.

Mas um poeta, amante, está fadado
a viver como um errante nesse estado de aflição,
a ver-me qual miragem no deserto,
sentindo meu perfume sem poder tocar-me a mão.

FOSSE UMA FLOR (Oswaldo Borges), por Renata Finotti

ORFEU ©
(Oswaldo Borges - composta especialmente para Renata Finotti)

Quem dera fosse minha sua lira,
soubesse bem cantar como Orfeu.
| Em amor converteria a ira.
| Quisera Deus, pudera fosse eu.

Desatinado, a esmo, mãos quase vazias,
tudo o que me resta é a viola.
| Tentando alegrar meus tristes dias,
| desafinado mesmo, canto agora.

Quem sabe ainda aprenda o seu bel canto,
e restitua à vida o meu amor.
| Não zombe do poeta quem, portanto,
| jamais soube amar como ele amou.

ORFEU (Oswaldo Borges), por Renata Finotti

COSME E DAMIÃO ©
(Oswaldo Borges)

Erê, lerê, lerê, lelê.
Erê, lerê, lerê, lelê.
Erê, lerê, lerê, lelê, erê, lelê.

Salve os donos desta festa,
viva a toda criação,
à criança manifesta no seu coração.

Tudo no mundo tem nome: objeto, bicho, homem.
Meu irmão se chama Cosme, eu me chamo Damião.
Tudo tem seu nome certo, borboleta, vaga-lume.
Todo mal tem seu remédio, toda flor tem seu perfume.

Neste jardim eu vejo um resplendor,
um colibri beijando flor em flor.

Erê, lerê, lerê, lelê.
Erê, lerê, lerê, lelê.
Erê, lerê, lerê, lelê, erê, lelê.

Interpretação: Ceumar - voz e violão
Foto: Patrícia Longhini | #megafoniafotografica

COSME E DAMIÃO (Oswaldo Borges), por Ceumar

Sopro desde a noite dos tempos,
fundamento cósmico, sustento.
Soberano império, graça rediviva,
zelando meu rumo, deixando meu rastro, comovendo.

Sopro além da rosa dos ventos,
ordenando todo firmamento.
Gozoso mistério, consagro a vida,
imantando tudo, invisível lastro, sou alento.

Vir ao mundo é a morte reversa, 	
fiel companhia, mais que certa.
Vir ao mundo é a morte iminente,
sombra eclipsando a luz,
canção me fazendo jus,
mantra nos mantendo irmanamente.

Esta canção de amor, regozijo, sopro ad aeternum,
e ao criador, chamando seus filhos, levo de um a um.
Somos todos um.
Sim, somos todos um.

PRANA

Olhos d'água se abrem na mata
entre folhas e pedras e flores.
Ora, yê, yê, ê.
Ora, yê, yê, ô.

Foto: Patricia Longhini | M.E.G.A.F.O.N.I.A Fotográfica

Gravação de ensaio  em 20.07.10, com Osvaldo borgeZ (OZ) - voz, Daniel Moray Luza - violão e Leandro Borgo - percussão.

Oswaldo Borges

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