MORADA

(Celso Borges - Zeca Baleiro)

com MIRIAM MARIA

moro dentro de mim
numa casa de porta e janela 
que dá para o teu quintal
e afasta os perigos do peito

moro assim
descuidado, sem rumo
arrumando o que se move
o que me comove mora fora de mim

moro fora de mim
e pulo o muro além do teu quintal 
que dá para o outro lado do mundo
dentro de mim

voz: miriam maria
música: zeca baleiro
violões, cavaquinho, bandolim e programação (oboé e percussão): rogério delayon

Música

Miriam Maria - Morada (Celso Borges - Zeca Baleiro)

Gravação inédita do show "As Canções - Zé Rodrix ao Vivo no Supremo Musical" (2004)

PRIMEIRA CANÇÃO DA ESTRADA

(Sá - Rodrix)

com ZÉ RODRIX

Apesar das minhas roupas rasgadas
Eu acredito que vá conseguir
Uma carona que me leve, pelo menos,
À cidade mais próxima
Onde ninguém vai me olhar de frente
Quando eu tocar na velha guitarra
As canções que eu conheço
Eu tinha apenas 17 anos
No dia em que saí de casa
E não fazem mais de 4 semanas
Que eu estou na estrada
Mas encontrei tantas pessoas tristes
Desaprendendo como conversar
Que parece que eu estou carregando
Os pecados do mundo

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A PENÚLTIMA CANÇÃO DA ESTRADA

de / com ZÉ RODRIX

Eu vou pra onde qualquer carona me levar
Se eu chegar por lá já vou ficando
Porque nada mais me prende a nenhum lugar
Bata branca, roupa surrada, flauta de bambu
E vou assim faz mais de 30 anos
Sou feliz porque não faço planos
A guitarra eu já vendi faz tempo
E comi dois meses com o que me rendeu
Mas o som que tava nela hoje ainda é meu
Porque o mundo que eu sonhava ainda sei sonhar
Quantos filhos eu botei no mundo
E o mundo se encarregou de criar?
Cada um deles é mais velho do que eu nunca fui
Preocupados mais com o lucro e com o luar
Dizendo que o mundo não precisa mais mudar, oh não!
Só eu sigo o vento pra onde o vento me soprar
Cada estrela é uma velha amiga
Me fazendo companhia onde eu me deitar
Qualquer dia eu chego ao derradeiro Katmandu
Pra viver eternamente, sem pecado
Soprando a flauta de bambu

Zé Rodrix: piano
Bráu Mendonça: violão elétrico
Airton Fernandes: baixo acustico
Lael Medina: bateria

Ao Vivo no Supremo Musical

Zé Rodrix - Primeira Canção da Estrada - A Penúltima Canção da Estrada

Gravação inédita do show "As Canções - Zé Rodrix ao Vivo no Supremo Musical" (2004)

CASA NO CAMPO

(Zé Rodrix - Tavito)

Eu quero uma casa no campo
onde eu possa compor muitos rocks rurais
e tenha somente a certeza
dos amigos do peito e nada mais
eu quero uma casa no campo
onde eu possa ficar do tamanho da paz
e tenha somente a certeza
dos limites do corpo e nada mais
eu quero carneiros e cabras
pastando solenes no meu jardim
eu quero o silêncio das línguas cansadas
eu quero a esperança de óculos
e um filho de cuca legal
eu quero plantar e colher
com a mão a pimenta e o sal
eu quero uma casa no campo
do tamanho ideal, pau-a-pique e sapê
onde eu possa plantar meus amigos
meus discos, meus livros
e nada mais.

Zé Rodrix: piano
Bráu Mendonça: violão elétrico
Airton Fernandes: baixo acústico
Lael Medina: bateria

Zé Rodrix - Casa no Campo

Gravação inédita do show "As Canções - Zé Rodrix ao Vivo no Supremo Musical" (2004)

660 HUNTINGTON BLUES

(Zé Rodrix - Zé Edu Camargo)

Carros e ambulâncias seguem bondes do metrô
Ando esquisito e, no entanto, nem estou só
Amigos indianos dizem que isso vai passar
Mas passam vinte anos, num segundo, devagar
No apartamento cozinha, quarto e aquecedor
E nenhum cantinho pra esquecer quem sou
Brasileiro, mais de um milhão de pecados pra pagar
E a bandeira começando a desbotar
Longe, longe o dia
Até poder voltar de vez
Enquanto isso bem podia, talvez
Até lembrar, talvez
Queimo a minha língua com um café sem gosto algum
No espelho eu me vejo e na rua eu sou mais um
O mesmo olhar perdido em folhas mortas e sem cor
E não sou mais que a sombra de uma sombra que passou

Zé Rodrix: piano
Bráu Mendonça: violão elétrico
Airton Fernandes: baixo acustico
Lael Medina: bateria

Zé Rodrix - 660th Huntington Blues

Gravação inédita do show "As Canções - Zé Rodrix ao Vivo no Supremo Musical" (2004)

FRONTEIRAS DO AMOR

(Zé Rodrix - Tavito)

Fica então combinado
Pro mundo seguir seu caminho
Que só teve importância
O que foi pra valer
No coração
E o que tem ocorrido por tédio
Angústia ou assédio
Não teve valor
Porque foi só um jeito sem jeito
De testar as fronteiras do amor

Fica então combinado
Que tudo que se fez sozinho
Não foi menos banal
Que uma pedra no lago
Da ilusão
Só desejo de ser desperdício
Um resto de vício nascido da dor
De saber que era o único jeito
De testar as fronteiras do amor

Porque o amor tem fronteiras sim
As que a gente entender que tem
Como um porto em que se chega
Pra depois nunca mais zarpar
Pois o amor é um barco a dois
Onde nunca se rema só
E se ancora em pleno mar
Esperando o nascer do sol

Fica então combinado
Que vale a partir desse instante
O que sempre valeu
Quando a vida era apenas
Mais real
Arrancadas as ervas amargas
O campo prepara, sem medo ou rancor
A colheita da flor encantada
Que ainda se chama amor

Zé Rodrix: piano
Bráu Mendonça: violão elétrico
Airton Fernandes: baixo acustico
Lael Medina: bateria

Zé Rodrix - Fronteiras do Amor

Gravação inédita do show "As Canções - Zé Rodrix ao Vivo no Supremo Musical" (2004)

AMANHÃ

(Zé Rodrix)

Amanhã
Ela disse que ia chegar
Amanhã
Não chegou
E avisou que só vinha na outra manhã
E esperei
Veio o sol, veio a tarde
E depois,
Quando a noite chegou, me deitei
Não dormi nem sonhei,
Esperei o amanhã

Amanhã
Ela sempre me diz que virá
Amanhã
E eu não sei
Se ela vem como amante, amiga ou irmã
Tudo bem
Pode ser pêra, uva ou maçã
Só que o meu coração decidiu
Que eu só vou esperar
Até amanhã

Amanhã
Ela sempre me diz que virá
Amanhã
E eu não sei
Se ela vem como amante, amiga ou irmã
Mas tudo bem
Pode ser pêra, uva ou maçã
Só que o meu coração decidiu
Que eu só vou esperar
Até amanhã
Ou depois de amanhã

Zé Rodrix - Amanhã

Gravação inédita do show "As Canções - Zé Rodrix ao Vivo no Supremo Musical" (2004)

SÓ QUERIA CONTAR MEU PROBLEMA

(Zé Rodrix - Elder Braga)

Eu cheguei em casa cansada, esgotada
Pedindo sossego
Vinda de uma noite agitada e suada
Falei do meu medo
Só queria contar meu problema
Mas ele começou a falar
Rapidamente elaborou o esquema
E apresentou a elementar solução
Cancelou o meu show
E até filosofou:
"O bem não vive sem razão"
E eu só queria contar meu problema
Só queria contar meu problema e agora
Eu era só uma idiota
A minha cota repleta eu chorava
E ele não me entendia
Ele ria surpreso me olhando e dizendo:
"Ih meu bem, você é muito estressada"
Finalmente era eu a culpada de tudo
E não havia solução
Ele me abandonou
E ainda acrescentou:
"Meu bem, você não tem razão"
E eu só queria contar meu problema
Só queria contar meu problema...

Zé Rodrix: piano
Bráu Mendonça: violão elétrico
Airton Fernandes: baixo acustico
Lael Medina: bateria

Zé Rodrix - Só Queria Contar Meu Problema

Gravação inédita do show "As Canções - Zé Rodrix ao Vivo no Supremo Musical" (2004)

AMOR DE MODEM

(Zé Rodrix - João Bani)

Quando não te vi, me apaixonei
Te desejei longinho de mim
Com todas as teclas que teclei
E ainda teclarei por ti

Vamos outra vez nos afastar
Para ensopar o provedor
E digitar as nossas juras de amor
À internet

Vem, vamos nos afastar pra viver
Pois eu não quero ver você
Só quero mesmo imaginar
O nosso amor de modem

Nada de beijar, nem de morder
Eu nunca vou querer lhe conhecer
Só quero mesmo imaginar
O nosso amor de modem

Na madrugada, você cansada
A banda larga a tocar nossa canção
Não vamos deixar cair a conexão!

Zé Rodrix: piano
Bráu Mendonça: violão elétrico
Airton Fernandes: baixo acústico
Lael Medina: bateria

Zé Rodrix - Amor de Modem

Gravação inédita do show "As Canções - Zé Rodrix ao Vivo no Supremo Musical" (2004)

NOTíCIAS DE MIM

(Zé Rodrix - Ricardo Soares)

Olhando para os meus discos
Um pensamento me ocorreu
Meus discos eram de outro cara
Um cara que não era eu

Elementos que eu não conhecia
Um mundo que não era o meu
Mas se realmente existiu esse cara
Onde é que ele se meteu?

Será que foi pra Hollywood?
Será que se perdeu no breu?
Será que ainda hoje faz revolução?
Quem sabe não enlouqueceu?

Por isso sigo procurando
No meu labirinto sem fim
Qualquer coisa que possa me dar
Notícias de mim

Zé Rodrix: piano
Bráu Mendonça: violão elétrico
Airton Fernandes: baixo acustico
Lael Medina: bateria

Zé Rodrix - Notícias de Mim

Composição de Rubens Nogueira
Do CD "Conversas de Violão e Contrabaixo", de Rubens Nogueira e Marinho Andreotti

Conversas de Violão e Contrabaixo

Rubens Nogueira e Marinho Andreotti - Baião Legal

Grupo Concriz (Maracás - Bahia)
Poema do livro "Roseiral", de José Inácio Vieira de Melo)

Grupo Concriz recita JIVM

Grupo Concriz - A Rosa Viva (José Inácio Vieira de Melo)

Gravado ao vivo no Supremo Musical, São Paulo (2004)

AS CANÇÕES

(Zé Rodrix)

As canções não tem que ser fáceis
Não tem que ser fúteis
Não tem que ser nada
A não ser canções

As canções não tem que dar leite
Nem tem que dar lucro
Não tem que dar nada
A não ser canções

As canções só tem que ser feitas
De coisas perfeitas
Verdades vividas
Sem ilusões

As canções não tem que ser fáceis
Nem tem que ser fúteis
Só tem que estar vivas
E ser canções

Zé Rodrix: piano
Bráu Mendonça: violão elétrico
Airton Fernandes: baixo acústico
Lael Medina: bateria

Zé Rodrix - As Canções

Gravado ao vivo no Supremo Musical, São Paulo (2004)

660 HUNTINGTON BLUES 

(Zé Rodrix - Zé Edu Camargo)

Carros e ambulâncias seguem bondes do metrô
Ando esquisito e, no entanto, nem estou só
Amigos indianos dizem que isso vai passar
Mas passam vinte anos, num segundo, devagar
No apartamento cozinha, quarto e aquecedor
E nenhum cantinho pra esquecer quem sou
Brasileiro, mais de um milhão de pecados pra pagar
E a bandeira começando a desbotar
Longe, longe o dia
Até poder voltar de vez
Enquanto isso bem podia, talvez
Até lembrar, talvez
Queimo a minha língua com um café sem gosto algum
No espelho eu me vejo e na rua eu sou mais um
O mesmo olhar perdido em folhas mortas e sem cor
E não sou mais que a sombra de uma sombra que passou

ONDE OS ANJOS NÃO OUSAM PISAR 

(Zé Rodrix - Etel Frota)

Equilibrista na beirada do abismo
Quem sabe caia ou talvez vá voar
Noite cerrada, ferro, fogo, batismo
Anjo nenhum vai conseguir me escorar!
Vai com açúcar ou prefere adoçante?
Anjo-da-guarda se recusa a provar

Nada a perder, nada a ganhar
Enlouquecer ou delirar
E eu ainda insisto em andar
Onde os anjos não ousam pisar

Na matinê morro de tiro ou de tédio
Se Deus morreu quem é que vai me enterrar?
Prefiro o brilho do meu próprio remédio
Anjo-da-guarda se recusa a olhar
A camisinha você trouxe, meu bem?
Deixa, meu anjo, que eu não vou gozar

Nada a perder, nada a ganhar
Enlouquecer ou delirar
E eu ainda insisto em andar
Onde os anjos não ousam pisar

Alma vazia, vendi todos os móveis
Levei na troca pó-de-pirlimpimpim
Luz na neblina, solidão, automóveis
Molhado asfalto das esquinas de mim
Abandonado por meu próprio destino
Fazendo força pra seguir sem pensar
Dentro do peito agonizando o menino
Que se perdeu porque não soube chorar
Se não tem cura eu toco um tango argentino
Olhando o anjo que não sabe dançar

Nada a perder, nada a ganhar
Enlouquecer ou delirar
E eu ainda insisto em andar
Onde os anjos não ousam pisar

Onde eu passo sem ter que pensar
Nenhum anjo consegue voar

Poemoda 5

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