CHUVA PARA MANOEL
(Cafira Zoé)

O cheiro do sol
Atravessa o veludo azul
Das primeiras gotas de chuva
A desamparar presenças e nuvens
No alto sem-fim do céu
Ao escorrer
Corpo a corpo
Banham delírios e outras flores pelo caminho
Afagando pedaços de saudade e terra
Com a calma de mil pirilampos
Fazendo luz em dia de escuridão
Entre uma gota e outra
Nascem formas sem nome
Espécies de pequenos cosmos
Tomados de pássaros, saturnos e outros átomos
- Vontade de expandir a chuva para o total
Alagar semi-áridos inteiros com invenções para
descabimentos
E cinco ou seis xícaras de qualquer não-palavra
Onde caibam sempre um punhado de poesia
E alguns saborosos contra-tempos


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Fotografia: Vania Jucá

chuva para Manoel

Substantivo poético em transe. Espécie de experimento para palavra, alimento. Tipo de ação para afetos. Aquilo que vem do ruído, potência presente nas margens. Lugar onde se busca, cidade. Presente no outro, no corpo, imagem. Devir-mulher. Infância. Do que é indefinível, itinerante.



Poesia Expandida