O Homem que Plantava Árvores

A Prece

CARROSSEL

Oscilante brevidade.
Distopia, modernidade.
O ancião e seu refém.
O silêncio é uma maneira de falar.
 
À deriva, viajantes.
Procurando uma razão.
Movimento lancinante.
Carrossel desilusão.
 
Mas a rosa perde o encanto, 
Pétalas se vão ao vento,
Mundo gira feito roda
Vai levando tudo dentro.
 
Ilusória austeridade.
Desgoverno, velocidade.
O carrasco e seu desdém.
O tempo é especialista em esperar. 
 
À deriva, viajantes.
Procurando uma razão.
Movimento lancinante.
Carrossel desilusão.

Mas a rosa perde o encanto,...

Carrossel

É Preciso Sonhar

Se ao menos me dessem uma chance pra eu poder voar, então voaria, cruzaria os céus, mudaria o mundo.
Mas só tenho braços, não me deram asas. Eu tenho uma caneta e um caderno onde posso escrever os meus pensamentos.
Ideias confusas, um mundo em conflito. Entre ideologias e dissonâncias, não sei, quem está mais errado ou certo.

E tudo que tenho.
Centelha que teima
Que me faz caminhar, a queimar.

Bem vindo ao jogo, baby,
Os seus olhos não escondem seus medos.
Em nossas masmorras, símios.
A verdade é da verdade, o arremedo.

Bem vindo à guerra baby,
O olhar que nos fulmina, é espelho.
E a força que muda contida,
Diluída entre vãos devaneios.

Não sou Quixote o suficiente para lutar contra moinhos de vento. Os meus inimigos são outros, meus sonhos são tão lúcidos.
A vida, quem sabe, divina centelha ou capricho do acaso. Não quero entender o sentido, quero que valha a pena.
Então é preciso aprender o silêncio e o grito. É preciso abrandar as paixões e lidar com a frieza do tempo.

Sonhar é preciso.
Voar é ofício
Que me faz amansar o pensar.

Bem vindo ao jogo, baby,
Os seus olhos não escondem seus medos.
Em nossas masmorras, símios.
A verdade é da verdade, o arremedo.

Bem vindo à guerra baby,
Esse olhar que nos fulmina, é espelho.
E a força que muda contida,
Diluída entre vãos devaneios.

Bem vindo à guerra baby,
Esse olhar que nos fulmina, é espelho.
Em nossas masmorras, símios.
A verdade é da verdade, o arremedo.

É Preciso Sonhar

Comentário a respeito de Belchior (Anderson Lobo)

Diga-me o que tem pra me dizer, não me peça pra escutar.
Viva o que é feito pra viver, e deixa eu ressuscitar.
Sou eu quem deve escolher meu caminho.
Se eu me perder, é apenas um modo de me encontrar. 
E nessa festa qualquer um de nós pode dançar.

O mundo é tão lindo pra se admirar ou pra se desesperar.
Quando a vitrine te convidar, meu dilema é acordar.
Por que acalmar se a vida é mutante?
A novidade obriga o corpo a se aventurar,
E o sangue que corre em nossas veias não pode gelar?

Tão repleto de miragens, esse ano em que eu morri.
Já não sei quais as imagens que me fazem prosseguir.
A cada passo, eu tenho medo.
Mas corro por algo, acredito que isso é melhor que vencer.
Minha alucinação é enfrentar o entardecer.

E essa gente tão seleta já não pode me animar.
Esse canto feito seta, já não deve te cortar.
Se o nosso passado é manchado de sangue.
E o nosso presente é ditado por velhos que contam metais.
Mas nosso grito no mundo deve ecoar, somos mortais.

Comentário A Respeito De Belchior

Não era para ser profano,
Muito menos ser sagrado.
Não era pra soar moderno
E nem devia ser antiquado.
Não era para ser pacífico,
Tampouco ser tumultuado.
Não era para estar escrito
Nem precisava ser declamado.

Não era para ser um sim, nem era para ser um não.
Não, não...
Não era não.
Não, não, não era não.

Não era para ser relíquia
Nem deixar de ser guardado.
Não era para ser indócil
Ou aceitar ser domesticado.
Não era para ser seguro
E nem deixar desabrigado.
Não era pra ser imutável
Nem precisava ser alterado.

Não era para ser um sim, nem era para ser um não.
Não, não...
Não era não.
Não, não, não era não.

Não era pra ter esperança
Nem perder a empolgação.
Não era pra ser cangaceiro
Ou largar pra trás o sertão.
Não era pra ficar impune,
E nem estar trancafiado.
Não era pra ser manifesto
Nem precisava ser censurado.

Não era para ser um sim, nem era para ser um não.
Não, não...
Não era não.
Não, não, não era não.

Não era para ser ciência,
Nem mesmo ser religião.
Não era para ser nostálgico
E nem, contudo, ser diversão.
Não era pra ser indiscreto.
Nem mesmo nunca ser notado.
Não era para ser silêncio,
Nem precisava ser cantado.

Não era para ser um sim, nem era para ser um não.
Não, não...
Não era não.
Não, não, não era não.

(Não era para ser pecado, nem era pra ser remissão.
Não era para estar no sótão e nem guardado no porão.
Não era para ser governo, nem mesmo ser oposição.
Não era pra ser favorito, nem era pra ser azarão.
Não era pra acender a luz e nem estar na escuridão.
Não era para ser um sim, nem era para ser um não.)

Controvérsias

A inquietude que trago das entranhas do meu coração...

Pretensão

O céu é tão grande...
O céu que não se pode tocar.
O céu é distante... 
O céu que não se pode contar.
 
O céu é belo de tal maneira.
O azul que o colore é o mais lindo que há.

O céu nublado fica tomado 
Por um manto de nuvens, quando vai desabar.

Céu, céu, céu é tão bonito.

Léu, léu, léu, imensurável é o céu.
Céu, céu, céu, no infinito ao léu.

O céu é tão longe...
O céu com o qual se pode sonhar.
O céu é gigante...
O céu no qual se pode voar.

O céu de dia é uma brincadeira,
De esconder as estrelas quando o sol vem brilhar.

De noite fica todo enfeitado
Pelos bichos noturnos pra se admirar.

O Céu

Quando da foz, vem o encontro das águas
Quando do mar vem ressaca e a fé. 
Quando seu rio vem manso e me abraça.
Quando me vejo em seu colo, mulher.

Quando seu imenso azul me arrebata.
Quando da brisa, sua paz me vier
Quando sereia, seu canto ameaça
Quando me invade e transborda, maré.

O amor é agitação
Rebuliço em calmaria.
Aventura em águas bravas,
Velejar nau arredia.

Quando navego em seu corpo de Eva
Quando oferenda e você Iemanjá.
Quando é farol entre rocha cortante.
Quando sua onda, minha alma, levar.

Quando sou barco e você, tempestade.
Quando naufrágio, em seu reino, vagar.
Quando à deriva, a sina de amante 
Quando enseada, você é o luar.

O amor é agitação
Rebuliço em calmaria.
Aventura em águas bravas,
Velejar nau arredia.

Corrente, alísio de terra distante,
Névoas e seres. Mistério adentrar.
Águas, origem, destino e vida.
A bússola, o peito, em seu porto atracar!

Quando do seu litoral, acalanto.
Quando seu cais, para o qual retornar
Quando regresso e você meu recanto.
Quando aporto em seu peito, amar.

O amor é redenção
Bonança em ventania
Aventura em águas calmas,
É o mar em harmonia.

Dança das Águas

Clarear, um céu de nuvens, clarear
E nuvens negras, dissipar.
No céu, um arco-íris contemplar.
A vida como deveria, tão somente, ser.

Viajar, no olhar de Clara, viajar.
E no infinito, repousar.
Somente sonhos, alcançar.
E ao seu lado a imensidão sentir, tão bom viver. 

Clara como a luz do sol,
Como a luz de um luar.
Bela como as cores do arrebol,
A luz de um olhar. 

Bela como a luz do sol,
Como a luz de um luar.
Clara como as cores do arrebol,
A luz de um olhar.

Clara

Anderson Lobo e Worlen Kaizer interpretam "Todo Dia", canção de autoria de Anderson Lobo. Show Inspiração 

Todo Dia (Anderson Lobo)

Todo dia o mundo, em algum lugar,
Começa pra alguém.
Termina pra alguém.

Todo dia, o sol se levanta. Alguém colhe o que planta.
Um lhama entoa um mantra em Portugal.

Toda dia, a noite arrefece. Um velho emudece.
Um padre faz uma prece no Nepal.

Todo dia, um homem anda apressado. Alguém se sente amado.
Shiva é adorado no Panamá.

Toda dia, uma mãe se sente aflita. Um sábio medita.
Reza-se na mesquita em Bogotá.

Todo dia o mundo, em algum lugar.
Começa pra alguém.
Termina pra alguém.

Toda dia Sudão amanhece Japão.
Numa encenação, pregam Buda na cruz em Bagdá.

Toda dia Alemanha chove na Grã Bretanha.
Uma madre na Espanha faz uma oferenda pro seu orixá.

Todo dia Eslovênia anoitece Romênia.
Um rabino do Quênia lê o Bhagavad Gita em Macau.

Todo dia Istambul faz calor em Cabul. 
Um califa em Seul, canta uma cantiga de Natal.

Todo dia o mundo, em algum lugar.
Começa pra alguém.
Termina pra alguém.

Todo Dia (Ao Vivo) com Worlen Kaizer

Um pescador (de estrelas), um domador (de palavras) e sempre aprendiz. Há algum tempo brincando de desenhar sonhos e outros pesadelos. Também se arriscando pelas cordas do violão. Buscando inspiração nas coisas do cotidiano, entre bares e pessoas. Fazendo alquimias de sons. Lidar com a pena (ofício, que tenta viver) é menos inspiração e mais labuta. Eis Anderson Lobo, cantador e/ou poeta!

Anderson Lobo

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