POEMA BRANCO

POEMA PROFUNDO SOBRE O MEU RASO

Depois das cinzas,
A realidade invade os dias
Com seu colorido
E nem parece 
Que acabou a folia...

E eu, só agonia,
Sem saber lidar
com a realidade
e suas fantasias,
visto de cinza
minha poesia.

Fico nublada,
Cheia de pensamentos 
Carregados de medo
E sentimentos
Carregados de peso.

Eu-cinza...
Doida pra chover
E clarear o céu.
E a alma.
E o poema.
E o coração.

Poema Cinza

Traço 
Sem medo
O que era pra ser 
Uma reta.

Eu não sou
Uma ciência 
Exata.

Sou pele
Que exala
Sonhos
E medo.

O traço
É forte
E preciso.

E o que 
Era pra ser
Linha reta,
É só um poema
Fora da 
Curva.

POEMA TORTO

ando 
sem acreditar
nos passos
que dou

ando
sem acreditar
no que sou

ando 
sem acreditar
no tempo

ando
sem tempo
porque
ando
sem rumo
sem fome
sem sono
sem nome
sem outro
verbo
pra ser

ando
sem jeito
sem me acreditar
direito

ando
torta
sem
mim

poema fora de rota

Por tudo
Que não foi
Dito,
Escrevo
E repito.

Por tudo
Que não foi
Tato,
Escrevo
E me retrato.

Por tudo 
Que não foi
Sonho,
Apenas
Escrevo.

Por Tudo que Não Foi Dito

o amor
me rouba
as palavras
e eu fico
sem ar,
extasiada...

o amor
me rouba
as palavras
e ao me roubar
o ar,
me devolve
os verbos,
o centro,
o verso.

meu amor
rouba a cena:
me tira as palavras
pra me devolver 
o poema.

Poema Roubado

Eu existo.

Parece óbvia a informação
Mas o verbo existir,
Em ebulição no meu peito,
Queimou tudo por dentro.

Existo.
Basta isso 
Pra uma frase inteira.

Pra uma vida inteira. 

Eu existo
E estou aqui,
Em carne e palavra.

Escrevo. Publico.
Existo.

Às vezes, esqueço,
Mas alguém lê e insiste:
Você existe!
Eu agradeço. 

Existo.

VULCÃO DA EXISTÊNCIA

Eu existo.

Parece óbvia a informação
Mas o verbo existir,
Em erupção no meu peito,
Queimou tudo por dentro.

Existo.
Basta isso
Pra uma frase inteira.

Pra uma vida inteira.

Eu existo
E estou aqui,
Em carne e palavra.

Escrevo. Publico.
Existo.

Às vezes, esqueço,
Mas alguém lê e insiste:
Você existe!
Eu agradeço.

Existo.

VULCAO DA EXISTENCIA

embaixo de 
todos os papéis
sobre a mesa,
a poeira
guardando 
os dias em que
as coisas
foram se
sobrepondo

a poeira
resistindo
aos dias
junto com
sentimentos
que não couberam
no tempo
porque tudo
se acumula
na velocidade
da luz

organizei os papéis,
separei livros,
espanei a poeira
e, contra a luz,
vi a poeira
pairando no ar...

olhei a calma
dos papéis
e deixei espaço
para que as coisas
voltem a se acumular

Poemaempoeirado

agora por dentro
tudo está revirado
meus óculos de não ver
o dia passar
estão sujos
e sou só essa poeira
que se assenta sobre 
a mesa do caos. 

agora por dentro
tudo leva ao silêncio
o labirinto desequilibrado
do ouvido só escuta
o que é ruído
e se perde 
a procurar saída  

agora por dentro
tudo se resume em palavra
que desconheço
origem
é tudo agora
nesse dentro espiral
que se infinita
nesse instante que se desfaz
por dentro
agora

AGORA POR DENTRO

é tanto 
silêncio
ecoando
em minha
voz
que vazo
no micro
universo
do meu
verso
tudo que
poderia 
ser grito
e deixo
ter voz
tudo que
me fez
silêncio

grito

e me deixo
ser

Renata Ettinger

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