Firstly at Rádio Quântica

Special 2hour guestmix by me.

Image by Mafalda Melim

tracklist:
Soho Rezanejad - Cycles
Agrupacion Musical Ntro. Padre Jesus Despojado de sus Vestiduras - Nazareno y Gitano
Bezbog -Salamandra
Freh Kodja - La Coladera
بدر العزي - كلمني
GAC - Olha o Sol a Pôr
Läuten der Seele - Ich ging durch einen grasgrünen Wald
Gérard Lesne - Não tragais borzeguis pretos
Banda de Cornetas y Tambores Ntra. Sra. del Rosario Cadiz - Eternidad
Tristany - RAPEPAZ ..
MC Orelha - Faixa de Gaza
Kyan - Lágrimas
Elias Rahbani - Dance of Maria
Circle - Saxo
Ghédalia Tazartès - La Berlue Je T'aime
Jefre Cantu - Ledesma - Star Garden
SóCiro - Shavassana
Cartola - Preciso Me Encontrar
Toxe - Be By The Sea
Arthur Verocai - Caboclo
Valdevinos (Povo que Canta vol. 6)
Yma Sumac - Chuncho
Jackson C. Frank - Milk and Honey
Raime - Passed Over Trail
Jacqueline Taieb - Ce soir je m'en vais
António Variações - Canção
Michael Levy - Hurrian Hymn
Christina PluharL'ArpeggiataLucilla GaleazziMarco Beasley - Silenzio d'amuri
Roberto Musci - Lullabies... Mother Sings... Father Plays...
Branko Mataja - Da Smo Se Ranije Sreli
Oskar Sala - Capr./Caprice Rubato
Cindy Lee - What's Tonight to Eternity
The Durutti Column - Love No More
Catherine Ribeiro + Alpes - Jusqu'à ce que la force de t'aimer me manque
Mamman Sani - Zaybanakoy
Cybe - Can You Hear The Rooster Crow
Янка - Печаль моя светла
Mão Morta - Veados Com Fome

Rebolation by CCA #31

Quando te vestiste de cinzento guardei os cadernos,
Densos, com muitas folhas, papéis sem data,
Nem sei se hei-de queimar, ou sequer se sei,
Só sei do silêncio do crepitar das folhas,

Eu penso que a sombra desapareceu,
Pelo menos está menos opaca,
O pano caiu.
Um abismo com fim não é um abismo,
Nem tudo é tão mau como poderia ser,
Antes a cabeça no chão duro,
Que o corpo através da névoa,
O sangue e os arranhões são vida,
Imolei-me para queimar a capa que me envolvia,
e que me filtrava o que sentia,
Para viver nesta pele fina.

Anastilose II

Que se foda o método, tanto tempo a tentar criá-lo,
Foi só tempo perdido a tentar criá-lo,
Se não sabes por onde começar é porque não deves,
Só vale a pena se o fizeres, não vale se o disseres.
Estou farto de esperar pelo dia,
Farto de desenhar a vida de memória,
Para me salvar de um mar de silvas,
Atiro um barco insuflável.

Não são demónios a atormentar,
Ou musas que me desencaminham,
O problema sou eu e o problema está em mim,
Não adianta fugir. Estou sempre comigo,
Não adianta fugir porque não adianta,
Não adianta. Já nem sei o que adianta ou não,
Esgota-se a minha paciência, a tua, de todos,
Nem sei para onde me virar, caminhar, correr,
Recomeçar ontem, hoje, amanhã, depois,
Mas nem horas infinitas chegavam para não fazer isto.

Purga

É um recomeçar infinito,
Tenho que aprender por onde recomeçar,
Tenho que apreender por onde começar,
Se eu já soubesse, se eu já soubesse,
Continuo obstinado a ser obstinado,
Marquei com tinta por onde passei,
Não consigo ser mais sincero que isto,
Não consigo,
Um dia reinicio a minha história,
O que sou e o que quero ser,
Porque eu sei que não sou isto,
Não sou isto,
Até lá, os pássaros vão comer a tinta do caminho.

Para onde vai a memória quando se vai o passado?
Os momentos só existem quando ela os lembra.
Não sei desenhar com palavras,
A caneta não é tão bondosa como o lápis,
Não sei ler a idade na cara das pessoas,
Só sei desenhar a cidade no carácter das pessoas.

Iremos dar grandes passeios aos domingos,
A luz branca da manhã e a tua cara,
Melhor, só contigo, nada mais, contigo
Não preciso de mais, Nada, nada mais.
Nada, nada, nada, nada, nada, nada!!

Anastilose I

Este é o fim de todos os processos,
O acesso à vida sem névoa,
Sem aquém, sem saudade,
É como se parasse a abstracção do tempo,
Congelar um presente eterno a distorcer a matéria,
É um rasgo na pele à espera que enferruje.

É tudo uma questão de questões,
Sonhos dobrados em quatro,
Pesadelos desdobrados em oito,

Não há medo da folha em branco,
Mas há esperança do som em vazio,
Os dedos sobre uma lâmina romba,
Cá em casa ainda usamos facas,
E eu ainda existo e existirei,
Gravado numa frequência.

Imaturidade

PT
Num momento em que enfrentamos o medo, quer em comunidade, quer no nosso íntimo, decidi gravar e partilhar uma versão da Medo, de Amália Rodrigues, com a qual tenho vindo a encerrar os concertos.

EN
At a time we face fear, either in community or in our hearts, I decided to record and share a cover of Medo (Fear), by Amália Rodrigues, with which I have been closing the past gigs.

Quem dorme à noite comigo?
É meu segredo, é meu segredo!
Mas se insistirem lhes digo.
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo!

E cedo, porque me embala
Num vaivém de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.

Que farei quando, deitado,
Fitando o espaço vazio,
Grita no espaço fitado
Que está dormindo a meu lado,
Lázaro e frio?

Gritar? Quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim?
Gostava até de matar-me.
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.

(Reinaldo Ferreira)



PT
Versão da Medo, de Amália Rodrigues
contém áudio do filme Coisa Ruim (2006)

Ricardo Nogueira Fernandes: DAW, cabo 2x6,35m-3,5mm, voz / DAW, 2x6,35m-3,5mm cable, vocals


EN
Medo's Amália Rodrigues cover
Contains audio from the movie Coisa Ruim (2006)

Ricardo Nogueira Fernandes: DAW, 2x6,35m-3,5mm cable, vocals

Ricardo Nogueira Fernandes

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